PSB se reúne para discutir futuro após deixar maior bloco da Câmara
Líder da sigla na Casa cita perda de protagonismo como motivo para saída do bloco e nega insatisfação com Arthur Lira (PP-AL)
A bancada do Partido Socialista Brasileiro (PSB) na Câmara dos Deputados vai discutir, em reunião virtual marcada para as 13h de quarta-feira (7), sobre as opções da sigla agora que deixou o maior bloco parlamentar da Casa.
As possibilidades dos 14 parlamentares socialistas são criar um bloco, entrar em um outro agrupamento ou permanecer sozinhos. As informações foram confirmadas pelo líder do partido na Câmara, Gervásio Maia (PSB-PB), em entrevista ao SBT News.
Um ofício comunicando a saída do PSB foi enviado por Gervásio ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na segunda-feira (5). O bloco é integrado também por PP, União Brasil, PDT, Avante, Solidariedade, Patriota, além da a federação PSDB/Cidadania. Reúne 162 deputados. O segundo maior (MDB, PSD, Republicanos e Podemos) tem 143.
Segundo Gervásio, a saída foi decidida pelo fato de que, estando no bloco, o partido perdia protagonismo.
"A gente tomou a decisão de deixar o bloco para poder ter um prazo a mais e fazer a avaliação do que a gente pretende construir agora para 2024, que é um ano mais sensível, é um ano eleitoral, é um ano mais curto também por conta do calendário eleitoral", afirma.
E saindo do bloco, de acordo com o parlamentar, a bancada ficaria com "o horizonte muito mais amplo" para avaliar outro cenário.
"E eu falo de possibilidade de ter mais protagonismo. De ter o partido atuando mais. É uma bancada que tem muito protagonismo no processo legislativo e que na hora que você monta um bloco, por exemplo, olha, agora mesmo lá no plenário, nós voltamos no painel. Você olha lá, painel, 'PSB', antes não tinha isso. Então o PSB sequer podia fazer um encaminhamento de votação".
O líder diz que as posições da sigla ficavam completamente dependendo da orientação do líder do momento. "Você perdia tempo de fala, você perdia a orientação de voto, você perdia a autonomia de fazer um destaque numa votação. Então, são coisas que a gente vai analisar e discutir com muita serenidade, tranquilidade, entre os 14, para decidir o que a gente vai fazer".
+ Em encontro com Lira, Lewandowski coloca ministério “à disposição” do Congresso
Questionado se a pretensão da bancada agora seria se juntar a outro bloco, Gervásio pontuou que tem "todas as possibilidades hoje". "Como nós deixamos o bloco antes do início do segundo período legislativo, da segunda sessão legislativa, hoje o PSB se quiser ficar só fica, se quiser montar bloco, monta, pode montar com quem quiser, não tem nenhum impedimento regimental, por isso que nós saímos antes do início das atividades".
Se a saída tivesse ocorrido após a retomada das atividades, pelo regimento, o PSB só poderia agora ficar sozinho ou formar um sub-bloco.
Insatisfação com Lira
O PSB é da base governista e tem o vice-presidente Geraldo Alckmin como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de Márcio França, na pasta do Empreendedorismo. Até o mês passado também comandava o Ministério da Justiça, com Flávio Dino, que deixou o cargo para ser ministro do Supremo Tribunal Federal.
A saída do maior bloco da Câmara vem em meio a um clima de animosidade de Lira com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Nos bastidores, há distanciamento entre Padilha e o presidente da Câmara, iniciado pelo movimento de negociação de emendas feito pelo governo com deputados.
Gervásio, porém, nega que uma insatisfação dos deputados do PSB com Lira tenha motivado a saída. "A gente não tinha nenhuma dificuldade interna com o bloco, muito pelo contrário. Relação muito boa com os líderes do bloco, relação muito boa com o presidente Arthur", declarou.
Outro deputado do PSB ouvido pela reportagem disse que apoiou a saída porque o partido estava "meio esmagado" no maior bloco. Um terceiro disse que estar nele não foi positivo para o PSB, porque era um partido menor junto com grandes e, assim, a sigla ficava em uma "posição muito delicada", em que seus posicionamentos políticos eram invisibilizados.