Apagão em São Paulo causa prejuízos bilionários e afeta indústria, comércio e empregos
Falta de energia nos últimos dias interrompeu a produção, reduziu vendas e levou empresários e funcionários à incerteza

Vinícius Rangel
A falta de energia em São Paulo nos últimos dias trouxe prejuízos gigantes para o setor industrial e comercial. O problema virou um efeito dominó para a economia e afetou desde grandes fábricas até pequenos comerciantes.
Em uma fábrica da região metropolitana, a energia só voltou na manhã de quinta-feira, depois de três dias sem luz e com a produção totalmente parada.
O que começou como uma interrupção no fornecimento de energia se transformou em um grave problema econômico. Em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, o polo industrial sentiu o impacto diretamente. Oscilações constantes, quedas repetidas de energia e produção interrompida geraram prejuízo, atraso e insegurança.
Estimativas do setor apontam que cerca de 600 postos de trabalho já foram diretamente prejudicados pela instabilidade no fornecimento de energia na região.
O empresário Márcio Grazino relata momentos difíceis durante o apagão. Segundo ele, a fábrica tentava religar os equipamentos, mas o circuito não se mantinha ligado. A empresa opera praticamente a 100% da capacidade, o que impede a recuperação do tempo perdido. Diante do prejuízo, a decisão foi adotar férias coletivas e investir, como prioridade, na compra de um gerador completo.
O impacto não é apenas financeiro. Para os trabalhadores, o problema também afeta o lado emocional. Guilherme Mendes de Oliveira, funcionário da fábrica, afirma que a situação gera insegurança e medo, inclusive da possibilidade de perder o emprego.
O prejuízo não ficou restrito às indústrias. Na capital paulista, comerciantes que passaram dias no escuro agora buscam uma saída na Justiça. Sem energia, não há vendas. Sem vendas, não há caixa.
Dados da Fecomercio mostram a dimensão do problema. Entre quarta-feira e domingo, os serviços e o comércio de São Paulo perderam mais de R$ 2,1 bilhões em faturamento. O setor de serviços foi o mais afetado, com quase R$ 1,4 bilhão em perdas. No comércio, o prejuízo ultrapassa R$ 700 milhões. O rombo já é maior do que o registrado durante o apagão de outubro do ano passado.
Diante desse cenário, a Associação Comercial de São Paulo e o Tribunal de Justiça criaram um mutirão para atender micro e pequenas empresas que decidiram processar a Enel. Segundo o porta-voz da ACSP, Guilherme Giussani, a estrutura está preparada para atender empresas que fazem parte ou que estejam no município de São Paulo, com capacidade técnica para prestar o suporte necessário.
Em meio à perda de arrecadação, o governador Tarcísio de Freitas voltou a criticar a Enel durante um evento de balanço do governo do estado. Ele afirmou que a concessionária não demonstra compromisso, não sabe executar o serviço e é incapaz de atender às necessidades da população.
Nesta quarta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, anunciou a abertura de um processo que pode levar à caducidade da concessão da Enel em São Paulo.









