Deputado italiano diz sofrer ameaças após informar endereço de Carla Zambelli
Angelo Bonelli afirma que cumpriu seu dever como cidadão; deputa foi presa na última terça-feira (29) na Itália

Gabriela Vieira
O deputado italiano Angelo Bonelli disse que tem recebido mensagens com ameaças pelas redes sociais depois de ter informado o endereço da deputada Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar foi presa em Roma na terça-feira (29).
“Recentemente, tenho recebido mensagens de ameaça pelas redes sociais, inclusive mensagens de morte, em relação a este caso. Agora caberá à Justiça italiana decidir, e depois caberá ao governo decidir sobre a extradição de Zambelli".
Segundo o deputado, ele teria recebido informações sobre o endereço às 18h40 do horário local (13h40 em Brasília). Em seguida, às 19h50, ele informou a localização da deputa à policia nacional, que identificou Zambelli às 21h (16h em Brasília).
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Em sua visão, Bonelli afirma que cumpriu seu dever como cidadão. "Ao contrário daqueles que, usando a cidadania italiana, se declararam intocáveis – como a própria Carla Zambelli declarou", acrescenta.
Na terça-feira (29), Bonelli já tinha informado no X que tinha sido ele o responsável por fornecer à polícia o endereço onde Carla Zambelli estava em Roma.
Ele também já havia feito uma interpelação formal aos ministros das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior da Itália pedindo que o governo italiano esclarecesse se poderia cooperar com o Brasil, com o cumprimento da lei que rege o tratado de extradição entre dois países.
Em 16 de julho, Bonelli se manifestou novamente sobre o silêncio do governo sobre o caso Zambelli. Na ocasião, ele questionou nas redes sociais "por que uma pessoa procurada e condenada no Brasil pode viver tranquilamente na Itália sem ser presa?"
Angelo Bonelli é um deputado italiano e uma das lideranças do Aliança Verde-Esquerda - coligação de esquerda que faz oposição ao governo de Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália.
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Caso Zambelli
Carla Zambelli deixou o Brasil em 3 de junho, em reposta a condenação do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Até a sua prisão na terça-feira (29), Zambelli, que tem cidadania italiana, se encontrava foragida da Justiça, depois de ter saído do país sem autorização. Por isso, ela foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol.
O advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, disse que ela teria se entregado às autoridades. A Policia Federal (PF) nega. O Ministério da Justiça do Brasil também afirma que ela foi presa pela polícia italiana.
As autoridades italianas têm até 48 horas para decidir se vão soltar Zambelli, se ela vai para a prisão domiciliar ou se aceita o pedido de extradição do Brasil.
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