Polícia mata uma pessoa a cada 15 horas na Baixada Santista em fevereiro
No comparativo com o mesmo mês de 2020, período até então com maior número de mortes, houve um aumento de mais de 135% dos casos
A Baixada Santista registrou o fevereiro com maior número de mortes causadas por policiais desde 2017, mesmo ainda faltando 8 dias para o fim do mês.
A cada 15 horas, uma pessoa foi morta pelas forças de segurança na região, mostra um levantamento do SBT News feito com dados do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP) do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
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Neste fevereiro, foram 33 mortes em decorrência da intervenção de policiais em serviço. No comparativo com os 29 dias do mesmo mês de 2020, período com 14 mortes – o maior até então –, houve um aumento de mais de 135% dos casos.
Veja a série histórica:
O número expressivo de mortes está diretamente relacionado à 3ª fase da Operação Verão, ação policial realizada na região desde a morte do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Samuel Wesley Cosmo.
A Defensoria Pública do estado apelou, na sexta-feira (16), à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que a operação policial no litoral seja encerrada imediatamente, evitando a escalada da violência na região. Além disso, as entidades pediram que seja determinada a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares.
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Ministério Público
O MPSP anunciou, em publicação no Diário Oficial de terça-feira (20), que vai acompanhar as atividades policiais na Baixada Santista por causa da "quantidade expressiva de ocorrências, o que configura circunstância emergencial e pressupõe a necessidade de se fomentar uma atuação diferenciada".
Chamada de "Projeto Especial - Operação Verão", a investigação terá duração de seis meses e vai analisar a situação na região, assegurando "a efetividade do controle externo da atividade policial pelo Ministério Público".
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) defende que todas as mortes ocorreram em confronto com a polícia, incluindo a do líder de uma facção criminosa, que era envolvido com tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, tribunal do crime e atentado contra agentes públicos.
Além das mortes, a SSP afirma que prendeu 716 suspeitos e 265 procurados pela Justiça. Também foram apreendidos 510 quilos de drogas e 83 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito.
Ouvidoria
Nós entramos em contato com a Ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mas não houve retorno sobre o assunto. O ouvidor Claudio Silva pronunciou-se apenas, por meio de nota, sobre a destruição de câmeras de vigilância por parte de PMs. O espaço segue aberto.