Operação Verão na Baixada Santista chega a 31 mortos e MP vai investigar ação de policiais
PMs foram flagrados quebrando câmeras de segurança no Guarujá (SP); operação, que começou após morte de policial, está no 19º dia
Subiu para 31 o número de mortos durante a Operação Verão, realizada na Baixada Santista, litoral de São Paulo, desde a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo. A ação chega nesta quarta-feira (21) ao seu 19º dia.
O número ultrapassou o registrado pela Operação Escudo, realizada na mesma região em 2023, que deixou um saldo de 28 mortos em 40 dias. Ela foi iniciada após o assassinato de outro policial da Rota, o soldado Patrick Bastos Reis.
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O Ministério Público de São Paulo anunciou, em publicação no Diário Oficial de terça-feira (20), que vai acompanhar as atividades policiais na Baixada Santista por causa da "quantidade expressiva de ocorrências (mais de 50 mortes), o que configura circunstância emergencial e pressupõe a necessidade de se fomentar uma atuação diferenciada".
Chamada de "Projeto Especial - Operação Verão", a investigação terá duração de seis meses e vai analisar a situação na Baixada Santista, assegurando "a efetividade do controle externo da atividade policial pelo Ministério Público".
Na última sexta-feira (16), a Defensoria Pública do estado apelou à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que a operação policial no litoral seja encerrada imediatamente, além de solicitar que seja determinada a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais por agentes de segurança.
Câmeras quebradas
Imagens que circulam nas redes sociais flagraram policiais militares quebrando câmeras de segurança na segunda-feira (19), no Guarujá, litoral de São Paulo. (Veja no vídeo abaixo).
Um dos vídeos mostra um policial pegando uma grade de metal, ao lado de uma caçamba de lixo. Outro agente, que segura um pedaço grande de madeira, sobe no gradil – como se fosse uma escada – e atinge a câmera. Ao menos seis PMs aparecem nas imagens.
Outra câmera de segurança, essa com áudio, também foi destruída por policiais. É possível ouvir um dos agentes comentando que o objeto é de metal. Ele arranca a câmera e, após apresentar falha, o equipamento para de funcionar.
Em nota, a Polícia Militar afirmou que os policiais quebraram as câmeras porque elas "eram utilizadas pelos criminosos para monitorar as atividades ilícitas e a chegada das forças policiais à comunidade".
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, informou em nota ter recebido denúncias sobre a destruição das câmeras por PMs.
Silva afirma que "a polícia tem legitimidade para recolher câmeras e objetos que obstruam o trabalho técnico de repressão ao crime e de proteção à comunidade", mas pondera que essas ações precisam estar amparadas em processos judiciais.
"A tecnologia não tem carga moral – se utilizada para favorecer o crime deve ser neutralizada, se para proteger o cidadão, incentivada. Tudo às claras, com ampla cobertura jurídica e o respeito ao devido processo legal", disse o ouvidor.