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Polícia

Oruam passará por audiência de custódia nesta quarta-feira (23)

Rapper se entregou à polícia após mandado de prisão preventiva por 7 crimes; levado para Benfica, ele foi transferido para o Complexo de Gericinó, em Bangu

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Oruam se entregou na noite de terça-feira (22) | SBT
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O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, vai passar por audiência de custódia na tarde desta quarta-feira (23). Ele se entregou à Polícia Civil na noite de ontem, após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro expedir um mandado de prisão preventiva contra ele. A decisão veio depois de uma confusão entre o cantor e policiais em frente à mansão dele, no Joá, na zona oeste do Rio (saiba mais abaixo).

+ Oruam fala pela primeira vez após ter prisão decretada: "Não sou bandido"

O artista foi indiciado por 7 crimes: desacato, resistência, ameaça, dano, lesão corporal, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Na decisão, a magistrada Ane Cristine Scheele Santos aponta que há provas materiais de que Oruam cometeu um crime ao impedir, junto de amigos, a apreensão de um menor procurado por roubo e associação com o tráfico que estava na sua casa.

Após se apresentar voluntariamente ao sub-secretário da Polícia Civil, Carlos Alberto de Oliveira, em um posto de gasolina na Avenida Brasil, o rapper foi levado para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), no entanto, decidiu transferir Oruam ainda na noite de terça para a Penitenciária Dr. Serrano Neves, no Complexo de Gericinó, em Bangu.

Oruam está em uma cela individual e separado dos demais detentos. A Seap não explicou os motivos para a transferência. Segundo a administração penitenciária, o cantor passou a noite sem intercorrências e recebeu a alimentação padrão da unidade. O cardápio contempla quatro refeições:

  • Café da manhã: café com leite e pão com manteiga;
  • Almoço: frango misto, cenoura cozida, feijão, arroz, salada de beterraba ralada e suco;
  • Jantar: feijoada, farofa de milho, salada (mix de folhas) e suco;
  • Ceia: pão com manteiga e suco.

"Não sou bandido", diz Oruam

Em entrevista exclusiva ao SBT, antes de se apresentar à polícia, Oruam negou qualquer envolvimento com o crime organizado e comentou a confusão ocorrida em frente à sua casa.

"Não sou bandido, tudo o que eles querem é que eu fique aqui, mas eu não sou bandido, então vou me entregar", afirmou.

O artista, junto de um grupo de amigos, xingou e atirou pedras em agentes – incluindo o delegado Moysés Santana, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) – que foram ao local para apreender o adolescente "Menor Piu", de 17 anos. Contra o jovem, havia um mandado de busca e apreensão por atos infracionais análogos ao tráfico de drogas e crimes patrimoniais, expedido pela Vara da Infância e Juventude. O cantor pediu desculpas ao delegado e alegou que não sabia do que se tratava a ação policial.

"Eu tava saindo de casa, do nada vi um carro saindo muito voado e saiu falando: 'Perdeu, perdeu', totalmente descaracterizado. Eu não entendia o que tava acontecendo", disse o rapper ao relembrar o momento.

Mansão virou "refúgio de criminosos"

O Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou na terça-feira (22), em representação pela prisão do rapper, que a casa dele se tornou um refúgio "de criminosos foragidos". O parecer do órgão foi acolhido pela juíza Ane Cristine Scheele Santos, do Plantão Judiciário do Tribunal de Justiça, que decretou a prisão preventiva do artista.

"A vinculação orgânica do representado [Oruam] com a organização criminosa Comando Vermelho, evidenciada pela reiterada utilização de sua residência como local de acoitamento de criminosos foragidos e pela ostentação pública de sua filiação à facção, demonstra que sua liberdade representa risco concreto e atual à segurança da coletividade", diz o MPRJ.

Essa é a segunda vez que um foragido da Justiça é encontrado no interior da residência do cantor. Em fevereiro, agentes cumpriam dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele quando encontraram o traficante Yuri Pereira Gonçalves, procurado pelo crime de organização criminosa, na mansão do Joá. Com o suspeito, conhecido como "Batata", foram encontradas uma pistola 9mm com kit rajada, de uso restrito e com numeração raspada, além de munições.

Ao anunciar o indiciamento de Oruam para a imprensa, na manhã desta terça, o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que ele era "um marginal, bandido, delinquente, criminoso e associado para o tráfico. Um bandido da pior espécie".

"Se alguém tinha alguma dúvida de que o Oruam é um artista periférico ou um marginal, hoje nós temos a certeza de que se trata de um bandido da pior espécie, associado à facção criminosa Comando Vermelho, da qual o pai dele [Marcinho VP] é o chefe e controla a distância, de fora do estado, mesmo estando acautelado em presídio federal", disse Curi.

Quem é Oruam

Rapper Oruam em show | Reprodução
Rapper Oruam em show | Reprodução

O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, é filho de Marcinho VP, um dos chefes do Comando Vermelho, condenado a 44 anos de prisão por crimes, como homicídio, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Aos 24 anos, o músico se destaca pelo estilo de vida ostentador e tem mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify.

Apesar do laço familiar, o cantor nega ligações com o crime organizado e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. "Tudo o que eu conquistei foi com minha música", disse Oruam em vídeo publicado nesta madrugada.

Ativo nas redes sociais, ele tem mais de 2,1 milhões de seguidores em sua conta reserva no Instagram. O perfil principal foi derrubado. Seus fãs, a "Tropa do Oruam", são fiéis e o acompanham para todo canto – incluindo na delegacia. Em fevereiro, quando foi levado para a Cidade da Polícia, saiu do local sob gritos e aplausos dos admiradores.

O artista vem se envolvendo em polêmicas desde 2024, quando pediu a liberdade do pai durante uma apresentação no festival de música Lollapalooza. À época, ele foi duramente criticado, mas se explicou dizendo que havia feito apenas um "desabafo".

"Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Não tentem tirar de uma pessoa o direito de reivindicar condições melhores para o seu pai, e nem de querer vê-lo em liberdade", disse o músico na época.

Neste ano, uma vereadora de São Paulo protocolou um Projeto de Lei para impedir que a prefeitura da cidade contrate shows de artistas que fazem supostamente apologia às drogas e ao crime organizado. O projeto, conhecido como "Lei anti-Oruam", também acabou protocolado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

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