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Crise na PM de São Paulo: Derrite influencia em mudanças no comando da corporação e desagrada coronéis

Movimento fortalece secretário de Tarcísio em meio a operação policial na Baixada Santista que deixou 31 mortos

Crise na PM de São Paulo: Derrite influencia em mudanças no comando da corporação e desagrada coronéis
Tarcísio de Freitas e Guilherme Derrite | Reprodução/Governo de São Paulo
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As mudanças no comando da Polícia Militar de São Paulo, promovidas na quarta-feira (21) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), sob influência de seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, causaram uma crise entre governo e corporação. As trocas afetaram 34 dos 63 coronéis da PM paulista.

+ Em fevereiro, polícia mata uma pessoa a cada 15 horas na Baixada Santista

O movimento, que fortalece o secretário Derrite por colocar nos principais postos de comando aliados dele, acontece em um momento crítico para a segurança pública do Estado: a Operação Verão, na Baixada Santista, matou 31 pessoas somente nos primeiros 20 dias de fevereiro.

O alto número de mortes na região, com registro de uma morte por intervenção policial a cada 15 horas, fez com que o Ministério Público abrisse uma investigação sobre a ação da polícia de São Paulo.

Entre as trocas feitas por Tarcísio e Derrite, está a do coronel José Alexander de Albuquerque Freixo, exonerado do cargo de subcomandante da Polícia Militar – o segundo posto mais importante na hierarquia da corporação.

Oficiais ouvidos pelo SBT News apontam que críticas de Freixo à letalidade policial na Operação Verão foram um dos motivos para sua exoneração do Estado-Maior da PM. No lugar de Freixo, assumirá o coronel José Augusto Coutinho, que já comandou as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) por dois anos e é considerado mais alinhado ao secretário de Segurança Pública.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou, por meio de nota, que as mudanças foram feitas "a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a atuação policial e reforçar a segurança de toda a população".

Guilherme Derrite, ex-policial da Rota

O atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, atuou como tenente da Rota – considerada a tropa de elite da PM paulista – de 2010 a 2013. Nos bastidores do comando da Polícia Militar do Estado, já naquela época, ele era considerado muito violento.

Derrite chegou a ficar preso por um dia na Corregedoria da Polícia Militar, em 2015, após a Ponte Jornalismo publicar um áudio em que ele criticava o comando da PM por transferir de batalhões policiais envolvidos em mortes suspeitas. No áudio, ele afirma ser "vergonhoso" um policial não ter envolvimento em pelo menos três mortes após 5 anos de atuação nas ruas.

O perfil violento de Derrite o afastou das ruas. Dois anos depois de sair da Rota e coordenar um curso de formação de soldados, ele foi transferido para o Corpo de Bombeiros, onde atuou como porta-voz.

Guilherme Derrite atuou como porta-voz do Corpo de Bombeiros | Reprodução/Redes sociais
Guilherme Derrite atuou como porta-voz do Corpo de Bombeiros | Reprodução/Redes sociais

Bolsonarista linha-dura, Derrite foi eleito duas vezes deputado federal pelo Partido Liberal (PL) e acabou nomeado para comandar a pasta da Segurança em São Paulo por Tarcísio de Freitas em 2023.

Derrite x Comando da PM

As controvérsias e a violência do ex-tenente da Rota fizeram com que Derrite não fosse bem visto entre o alto comando da PM de São Paulo. Para os oficiais ouvidos pela reportagem, ao assumir a Secretaria de Segurança Pública, esse perfil iria desgastá-lo. Mas o que aconteceu foi o oposto.

Guilherme Derrite durante Operação Escudo | Divulgação/SSP-SP
Guilherme Derrite durante Operação Escudo | Divulgação/SSP-SP

Tarcísio e seu eleitorado apoiaram e defenderam a Operação Escudo, ação policial na Baixada Santista que deixou 28 mortos em 2023. A Operação Verão, deflagrada no início de fevereiro na mesma região, é ainda mais letal: até agora são 31 mortos.

Entre os 34 coronéis trocados, estão oficiais com perfil mais técnico, que não concordam com o aumento da violência nas ações policiais e defendem o uso de câmeras corporais pelos policiais. A tendência agora, segundo as fontes do SBT News, é a PM paulista matar ainda mais.

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