Bicheiro Vinícius Drummond presta depoimento após sofrer tentativa de execução no Rio
Carro usado pelos criminosos foi encontrado a 35 km do local do crime, e investigações seguem em andamento
Bruna Carvalho
O bicheiro Vinícius Pereira Drummond prestou depoimento neste sábado (12) à Polícia Civil do Rio de Janeiro, um dia depois de ser alvo de uma tentativa de execução. Ele esteve na Delegacia de Homicídios da capital, onde foi ouvido pelos investigadores que tentam identificar os autores do ataque.
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Um carro usado pelos criminosos foi encontrado abandonado a cerca de 35 quilômetros do local do crime, na principal avenida da Barra da Tijuca. O veículo, que foi apreendido, apresentava duas seteiras — aberturas feitas propositalmente nos vidros, utilizadas para permitir que os atiradores posicionem fuzis.
A tentativa de execução ocorreu na manhã de sexta-feira. Vinícius Drummond havia acabado de sair da academia e trafegava pela Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, quando o Porsche blindado em que estava foi atingido por mais de 30 tiros. Apesar da blindagem, a lataria foi perfurada. Os seguranças que o acompanhavam reagiram.
Ferido levemente por estilhaços de vidro, Vinícius foi levado a um hospital particular, onde recebeu atendimento. Ele é filho do contraventor Luizinho Drummond, morto em 2022. Luizinho é ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e ex-comandante da Imperatriz Leopoldinense.
Quem é Vinícius Drummond
Considerado membro da "nova cúpula" do jogo do bicho, Vinícius Drummond é filho de Luizinho Drummond, morto em 2020. Luizinho era presidente da escola de samba Imperatriz Leopoldinense e comandava o jogo do bicho na região da Leopoldina, que engloba bairros como Penha, Bonsucesso, Ramos e Olaria, na Zona Norte do Rio. Há dois dias, a escola de samba Em Cima da Hora, que desfila pela Série Ouro do carnaval carioca, anunciou, nas redes sociais, Vinícius Drummond como seu novo patrono.
Em fevereiro deste ano, Vinícius foi alvo de uma operação da Polícia Civil por ser apontado como chefe de uma quadrilha especializada em furto de petróleo e derivados subterrâneos.
Guerra do jogo do bicho
O jogo do bicho surgiu há 123 anos no antigo zoológico da zona norte do Rio como um simples brinde para visitantes. Mas, a partir da década de 1940, a atividade passou a gerar disputas violentas que resultaram na morte de dezenas de pessoas. A maioria dos crimes permanece sem solução.
Os ataques sempre foram marcados por violência extrema. Em 1998, Paulo Roberto, conhecido como Paulinho, filho de Castor de Andrade, foi morto com cinco tiros na Avenida das Américas – a mesma do atentado de sexta. Em 2010, Diogo Andrade, de 17 anos, filho de Rogério de Andrade, morreu em uma explosão causada por uma bomba colocada no carro da família. Em 2020, o contraventor Fernando Iggnácio foi assassinado a tiros no estacionamento de um heliporto no Recreio dos Bandeirantes.
Segundo o historiador Felipe Santos Magalhães, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro que pesquisa o tema há 25 anos, atualmente o conflito não se restringe ao dinheiro, mas também envolve disputas por territórios.
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