"Abin paralela": PF cumpre cinco mandados de prisão contra alvos em quatro estados e no DF
Operação Última Milha mira grupo criminoso que supostamente usou sistemas de inteligência para monitorar autoridades de forma ilegal e produzir fake news
Felipe Moraes
A "Abin paralela" atuante no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) motivou a nova e quarta fase da operação Última Milha, da Polícia Federal (PF), na manhã desta quinta-feira (11). Agentes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão contra alvos em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
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Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator de diversos inquéritos envolvendo Bolsonaro e aliados no Supremo Tribunal Federal (STF).
Como funcionava a "Abin paralela"?
A força-tarefa investiga núcleo criminoso montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), apelidado de "Abin paralela", para monitorar ilegalmente localização de celulares de autoridades públicas, policiais, juízes e jornalistas, entre outros considerados adversários políticos ou desafetos do governo Bolsonaro, e produzir fake news (notícias falsas) supostamente usando sistemas do órgão.
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O nome da operação faz referência ao software espião FirstMile, da empresa israelense Cognyte, comprado pelo governo no fim da gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e usado oficialmente até 2021.
A lista de figuras públicas que podem ter sido espionadas de forma ilegal reúne nomes como Moraes, o ex-deputado Rodrigo Maia (PSDB-RJ), ex-presidente da Câmara, e a ex-deputada Joice Hasselmann (hoje filiada ao Podemos), ex-aliada de Bolsonaro.
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Segundo a PF, a nova e quarta fase da Última Milha verificou que envolvidos na "Abin paralela" criaram perfis falsos de membros dos Três Poderes e jornalistas e divulgaram informações falsas na internet.
"A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos", detalhou a PF, em nota.
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De acordo com a corporação, investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
A Última Milha começou em outubro de 2023, quando dois servidores da Abin foram presos, além de mandados de busca e apreensão. À época, a operação também afastou diretores mantidos na agência mesmo após a mudança de governo.
Núcleo político de espionagem ilegal
No começo de 2024, a operação Vigilância Aproximada, desdobramento da Última Milha, mirou o núcleo político da "Abin paralela".
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Em fases distintas, foram alvos de buscas e apreensão nomes como o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), "filho 02" do ex-presidente e suposto líder do chamado "gabinete do ódio", e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), próximo da família Bolsonaro e ex-diretor geral da Abin no governo passado.