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Por que as pesquisas eleitorais têm metodologias diferentes? Entenda

Institutos abordam eleitores presencialmente, por telefone e pela internet; diferenças ajudam a explicar variações nos resultados para uma mesma disputa

Por que as pesquisas eleitorais têm metodologias diferentes? Entenda
Formatos de pesquisas eleitorais variam conforme instituto e contratante | Divulgação/Câmara dos Deputados
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Desde o início deste ano de eleições municipais, dezenas de institutos têm mapeado as intenções de voto dos brasileiros para a administração de suas cidades. Os resultados das pesquisas geram reações nas campanhas, que buscam novas estratégias para conquistar eleitores, mas também mobilizam discussões entre os eleitores.

No último ano em que os brasileiros foram às urnas, nas eleições gerais de 2022, 2.971 levantamentos do tipo foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em alguns casos, pesquisas para uma mesma disputa, com os mesmos candidatos, geram variações nos resultados. Entre as razões, estão as diferentes metodologias aplicadas pelos institutos. O SBT News explica quais são elas.

Presencial, por telefone ou digital?

Essas são as principais metodologias empregadas pelos institutos de pesquisa para fazer levantamentos eleitorais no Brasil.

Os mapeamentos mais recentes para a prefeitura de São Paulo, divulgados em maio, demonstram as variações que podem ser geradas pelas diferentes formas de ouvir os eleitores.

Na mesma semana, em pesquisas estimuladas, o Paraná Pesquisas mostrou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) com 33,1% das intenções de votos, contra 26,9% do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). O instituto ouviu 1,5 mil eleitores de forma presencial.

Em parceria com o canal CNN Brasil, a AtlasIntel colocou Boulos com 37,2% das intenções de voto, contra 20,5% de Nunes. Foram entrevistados 1.670 moradores de São Paulo, por recrutamento digital.

Já o Datafolha mapeou um empate técnico: Boulos teve 24% das intenções de voto, contra 23% de Nunes. Foram ouvidos 1.092 eleitores de São Paulo, também presencialmente.

O Paraná Pesquisas disse ao SBT News que produz seus levantamentos de acordo com a demanda do cliente. Eles já fizeram coletas telefônicas não robotizadas — quando o entrevistador liga para um eleitor, que decide responder de forma voluntária à pesquisa.

Esse método também é usado por institutos como Ipespe e Ideia Big Data. O PoderData faz as ligações com robôs.

Assim como por telefone, as entrevistas presenciais também dependem da disposição dos entrevistados em participar. O Datafolha envia entrevistadores para pontos de alto fluxo das cidades e faz abordagens aleatórias nas ruas.

O objetivo é produzir uma amostra do eleitorado: numa cidade em que 50% dos eleitores são homens negros, os entrevistadores vão reproduzir essa proporção na abordagem de participantes. A metodologia é seguida por empresas como Quaest e Ipec.

Menos comuns nas campanhas eleitorais, os mapeamentos digitais têm a Atlas como principal praticante no país. A empresa adota o recrutamento voluntário, em que usuários clicam em um anúncio e se voluntariam a responder às perguntas. Um sistema de segurança impede que os anúncios sejam exibidos mais de uma vez para cada pessoa.

O instituto afirmou que a ausência de interação com um entrevistador, indispensável nas pesquisas presenciais e majoritário nas telefônicas, "elimina os vieses de interação humana" nas respostas. Os participantes não ficam sujeitos ao receio de revelar suas opiniões a um terceiro, por exemplo.

Registro formal

Todas as pesquisas eleitorais, tanto no pleito geral quanto nos municipais, dependem de registro no TSE.

Esse registro, segundo a corte, inclui as seguintes informações: quem contratou a pesquisa; quanto ela custou para ser realizada; qual foi a metodologia e o período de coleta; qual foi o plano amostral (dados como gênero, idade e grau de instrução dos entrevistados). Isso tem que ocorrer em até cinco dias antes da divulgação do levantamento.

Métodos sob análise

O SBT News ouviu Bruno Soller, especialista em comunicação política pela George Washington University e sócio da Real Time Big Data, para entender a lógica por trás das escolhas de cada instituto. Confira:

Presenciais e telefônicas

  • "Não há grande diferença entre esses dois formatos, do ponto de vista da abordagem";
  • "As entrevistas telefônicas são uma atualização de um modelo que não é mais utilizado no mundo entrevistas de campo estão em extinção, e boa parte do mundo já aderiu à abordagem telefônica há muito tempo";
  • "Se a ideia é produzir uma fotografia do momento, essas pesquisas atingem os melhores resultados. Elas captam a percepção de momento do eleitor de forma mais efetiva. Absorvem mais contradições e desinformação — que fazem parte do processo eleitoral. Sob a ótica das campanhas eleitorais, é essencial obter esse retrato".

Digitais

  • "Essa metodologia tem dois componentes que alteram substancialmente a forma de resposta dos entrevistados: o primeiro é a participação por vontade própria, já que o eleitor recebe um convite sem passar pela interação humana e independente de convencimento da participação, ao contrário dos dois outros formatos; o segundo é o maior tempo para resposta, que permite ao participante pesquisar e emitir respostas que não ocorreriam de forma imediata".
  • "Para obter uma 'projeção' do resultado das urnas, esse método pode ser mais efetivo, já que tende a conectar eleitores mais engajados e dar-lhes o tempo de buscar mais informações para responder, o que simula um resultado de médio prazo. São objetivos distintos".
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