Apesar de avanço da extrema-direita, partidos do centro mantêm controle do Parlamento Europeu
Resultados parciais mostram Partido Popular Europeu (PPE) com 154 das 720 cadeiras; Na França, resultado levou presidente a convocar novas eleições
Com a apuração dos votos chegando ao fim na maioria dos 27 países membros da União Europeia, a nova composição do Parlamento Europeu vai ficando mais clara e, tal como as sondagens previram, apesar do inegável avanço da extrema-direita, o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direito, é o principal ganhador da eleição, passando de 182 para 186 cadeiras.
Já a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), de centro-esquerda, que tinha 154 assentos, perdeu terreno e garantiu 135 das 720 cadeiras disponíveis. O Renew, grupo liberal e pró-europeu, continua sendo o terceiro maior grupo, mas saiu de 102 para 79 assentos.
Juntos, esses três blocos, formados por conservadores, liberais e social-democratas, deverão ter cerca de 400 votos na Câmara, se firmando como a maior coalizão.
Para entender: como funcionam e o que representam as eleições para o Parlamento Europeu
A ascensão da extrema-direita se deu as custas dos Verdes, que passaram de 74 para 53 cadeiras. Os partidos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e a Identidade e Democracia (ID), de extrema-direita, garantiram 73 e 58 dos assentos, respectivamente, levando os Verdes, de quarto para o sexto maior partido na Câmara. A Esquerda foi de 41 para 36 cadeiras.
Quem são os vencedores?
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve ser a principal beneficiária dessa nova composição. Seu partido, o PPE, deve formar uma coalizão com o S&D e Renew para garantir a sua reeleição. Juntos, os partidos representam cerca de 400 votos, 39 a mais do que os 361 necessários para reconduzi-la ao cargo.
Marine Le Pen e seu partido de extrema-direita Reunião Nacional foram os grandes vencedores na França, obtendo 31,37% dos votos, enquanto a aliança do presidente Emmanuel Macron teve 14,60% dos votos. A vitória esmagadora de Le Pen levou o presidente francês a dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas para o final deste mês.
Os Irmãos da Itália, da primeiro-ministra italiana Giorgia Meloni, também foi o mais votado no país, com 28,77%. Os partidos de extrema-direita também ficaram em primeiro lugar na Áustria e Polônia, empataram em primeiro lugar nos Países Baixos.
A Alemanha, que elege o maior número de eurodeputados, 96, também viu o crescimento da extrema-direita, com o partido AfD (Alternativa para a Alemanha) garantindo 15,90% dos votos, atrás apenas dos conservadores (CDU e CSU), que acabaram em primeiro lugar, com 30%.
Já os Sociais Democratas (SPD), do primeiro-ministro Olaf Scholz, terminaram a disputa em terceiro lugar, com 14% dos votos, o que deve dar ao partido 14 cadeiras, duas a menos que em 2019.
Hoje, se a extrema-direita formasse um grupo único, seria a segunda maior força no Parlamento, atrás somente do PPE.
Quais são os poderes do Parlamento Europeu?
Os eurodeputados participam na elaboração, modificação e aprovação de leis que afetam todos os países membros da UE. Eles também monitoram e fiscalizam outras instituições do bloco, incluindo a Comissão Europeia, braço executivo da UE, e o Conselho da União Europeia, para garantir que estas instituições atuem de acordo com os interesses dos cidadãos europeus.
Além disso, participam na formulação da política externa e de comércio da UE, colaborando em acordos internacionais e parcerias com outros países e regiões. Por fim, os eurodeputados também são responsáveis por eleger o presidente da Comissão Europeia, cargo atualmente ocupado por Ursula von der Leyen, e seus comissários.