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Escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia pode levar à Terceira Guerra Mundial? Entenda

Ucrânia acusa a Rússia de disparar míssil intercontinental, com capacidade nuclear, pela primeira vez, nesta quinta-feira

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Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky | Reprodução/Flickr
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A possibilidade de uma escalada na guerra entre Rússia e Ucrânia está deixando a comunidade internacional em alerta. Na terça-feira (19), Kiev realizou o primeiro ataque com mísseis de longo alcance – desenvolvidos pelos Estados Unidos – no território russo. Em resposta, o Kremlin atualizou sua doutrina nuclear, permitindo a utilização de ogivas em retaliação a agressões de Estados apoiados por potências nucleares.

+ Ucrânia acusa Rússia de disparar míssil intercontinental, com capacidade nuclear, pela primeira vez

Até então, a doutrina russa determinava que um ataque nuclear poderia ser feito apenas contra países com arsenal nuclear. Agora, o governo de Vladimir Putin pode decidir usar armas nucleares em caso de bombardeios ucranianos, mesmo que convencionais, uma vez que o país é apoiado pelos Estados Unidos e outras nações membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que possuem poder nuclear.

“Isso significa que Putin considera a utilização dos mísseis de longo alcance contra a Rússia uma agressão de um país que tem bombas nucleares, ou seja, ele considera que os ucranianos estão usando uma arma norte-americana fazendo o papel dos Estados Unidos”, explica James Onnig, professor de geopolítica do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais da Faculdades de Campinas (FACAMP).

Apoio chinês

O cenário é visto com preocupação, já que pode resultar em uma escalada internacional do conflito, envolvendo tanto países aliados da Ucrânia quanto da Rússia. Neste caso, os apoiadores de Kiev, por exemplo, poderiam se voltar contra a China, que vem auxiliando Moscou a manter os setores econômico e militar desde que o país começou a sofrer com pacotes intensos de sanções, sobretudo de governos europeus.

“Os Estados Unidos, a Europa e a Otan estão engajadas em bloquear a Rússia e efetivamente seus parceiros, como a China, um dos grandes parceiros comerciais, políticos e militares da Rússia hoje. Então, a guerra está se desdobrando e atraindo apoios e contra apoios dentro dos contextos geopolíticos atuais”, diz Onnig.

Estados Unidos

Giovana Branco, pesquisadora de política russa e doutoranda de Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), ressalta que ainda há o temor da Rússia considerar o uso de armamentos norte-americanos em ataques ucranianos como uma participação direta dos Estados Unidos no conflito. A possibilidade já foi citada por Putin, que alertou que, em caso de ataque, consideraria estar em guerra com os 32 países da Otan.

Essa expansão do conflito poderia ser classificada como uma terceira guerra mundial, uma vez que, conforme as diretrizes da Otan, todos os países pertencentes à aliança militar seriam obrigados a responder se a Rússia atacasse um dos Estados-membros.

Apesar de ser possível, Giovana afirma que, em termos racionais, nenhum dos países envolvidos na guerra gostaria de escalar o conflito a essas proporções. Até porque, explica ela, elevar a guerra a um nível global aumentaria as chances de ataques nucleares como forma de conter as potências nucleares, resultando em mortes em massa.

Coreia do Norte

Neste tópico, a Rússia ganhou um aliado poderoso: a Coreia do Norte. Mesmo com uma cooperação de anos, os países reforçaram os laços com um acordo de parceria estratégica, que prevê assistência mútua imediata em caso de agressão contra um dos países. Isso significa que Pyongyang, cujo arsenal militar e nuclear registrou um crescimento sem precedentes nos últimos anos, também poderia entrar no conflito.

+ Chefe da Otan alerta para aliança entre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte

“Existe a possibilidade dessa escalada chegar a níveis drásticos. Nisso, podem entrar em ação armas nucleares táticas para dissuadir determinadas regiões. Não seriam armas no contexto que vimos em Hiroshima e Nagasaki, seriam armas menos expansivas, do ponto de vista territorial, mas, da mesma forma, mortais”, diz Onnig. “Ao mesmo tempo, temos que entender que essa seria a última fronteira, porque caso comece a utilização dessas armas, geraria uma reação em cadeia, sendo o fim da humanidade”, completa.

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