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Com eleições sob suspeita, ruas de Caracas são tomadas por protestos

Líder da oposição, María Corina participa de uma das manifestações; apoiadores de Maduro fazem motociata

Com eleições sob suspeita, ruas de Caracas são tomadas por protestos
Reprodução/X @jguaido
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As ruas de Caracas, capital da Venezuela, estão tomadas por protestos neste sábado (3), em meio às suspeitas de fraude nas eleições da última semana, que reelegeram o presidente Nicolás Maduro.

A líder da oposição, María Corina Machado, participa de um dos atos, organizado por manifestantes contrários ao governo Maduro e que questionam a veracidade do resultado do pleito.

+ Entenda processo eleitoral que deu vitória a Maduro pela terceira vez seguida na Venezuela

Corina chegou à manifestação de caminhão, acompanhada por vários políticos aliados. O candidato que foi apontado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) como derrotado nas eleições, Edmundo González Urrutia, não apareceu no protesto.

Por outro lado, apoiadores de Nicolás Maduro realizam uma motociata por Caracas. O presidente não participa da manifestação e não se posicionou sobre o ato.

Protestos

Os protestos na Venezuela são realizados desde que a vitória de Maduro foi anunciada, no último domingo (28). Até o momento, 19 manifestantes contrários ao governo já foram mortos nos atos, segundo a ONG Programa de Educação em Direitos Humanos Acção (Provea).

Ainda de acordo com a organização, oito mortes não têm autor identificado. Três delas foram causadas pela Guarda Nacional, uma por ação de policiais e pistoleiros, uma por um policial e seis por grupos paramilitares que apoiam Maduro.

Em meio às manifestações, o presidente venezuelano anunciou que ao menos 1.200 pessoas já foram presas e que, se necessário, ele irá prender outras mil.

Outros lugares no mundo também registraram protestos por causa da situação na Venezuela, em países como a Espanha.

Resultado contestado

O departamento de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que não pode reconhecer o resultado da eleição no país.

A OEA alega que o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano se mostrou tendencioso em relação ao governo atual. Países como Panamá, Uruguai, Chile, Peru e Argentina seguem a mesma opinião e não reconheceram o resultado divulgado. Na noite de segunda (29), o governo venezuelano decidiu retirar diplomatas desses países, em retaliação.

+ Venezuela impede ex-presidentes panamenhos de entrar no país; trânsito na fronteira é interrompido

Maduro foi reeleito, segundo informou o CNE, com 52%, mas a oposição afirma que teve acesso à contagem de votos e que o seu candidato, Edmundo González, teve mais do que o dobro de votos do atual presidente.

Nações e autoridades internacionais, bem como a oposição na Venezuela, pedem que o CNE divulgue as atas eleitorais, que detalham os votos e que poderiam comprovar a veracidade do resultado divulgado.

+ Oposição na Venezuela denuncia sequestro de líder de partido por agentes de Maduro

A agência internacional Associated Press divulgou na sexta (2) uma contagem de 56% das atas, feita por eles, que estaria mostrando González com meio milhão de votos a mais do que Maduro.

Posição do Brasil sobre a Venezuela

O governo brasileiro parabenizou a Venezuela pelo “caráter pacífico” das eleições, mas afirmou que, antes de reconhecer a vitória de Maduro, vai aguardar “dados desagregados por mesa de votação” - as atas -, o que classificou como “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

Apesar da posição do governo, o PT – partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – divulgou, na noite de segunda, uma nota em que trata Maduro como reeleito e cumprimenta a Venezuela pela “jornada democrática” no processo eleitoral.

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