Após repercussão negativa, Casa Branca volta atrás nas declarações de Trump sobre Gaza
Presidente havia dito que planejava realocar moradores permanentemente em outros países e "assumir" região
Camila Stucaluc
A sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir a responsabilidade pela Faixa de Gaza foi recebida com rejeição pela comunidade internacional. Para conter as críticas, a Casa Branca voltou atrás na declaração, negando que o republicano tenha proposto deslocar os palestinos permanentemente.
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"O presidente deixou claro que eles [palestinos] precisam ser temporariamente realocados para fora de Gaza. Seria maligno sugerir que as pessoas vivam em condições tão terríveis", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
O mesmo foi dito pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que observou que a proposta de Trump não foi feita como um “movimento hostil”, mas como um “gesto generoso” para ajudar na remoção de escombros e na reconstrução do enclave palestino após meses de guerra. "Nesse ínterim, obviamente, as pessoas terão que morar em algum lugar.”
As afirmações, contudo, contradizem Trump, que disse: “Os Estados Unidos assumirão o controle da Faixa de Gaza. Seremos os donos dela e responsáveis pelo desmantelamento de todas as perigosas bombas não detonadas e outras armas. Gaza não é um local para as pessoas viverem. Espero que possamos fazer algo em que eles não queiram voltar, como conseguir uma área bonita para reassentar as pessoas, permanentemente.”
Trump ainda chegou a sugerir transformar a Faixa de Gaza na “Riviera do Oriente Médio”, o que provocou duras críticas por governos e organizações internacionais. Um dos últimos a se pronunciar foi o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que enfatizou a necessidade de “evitar qualquer forma de limpeza étnica”.
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“Na procura de soluções para Gaza, não devemos agravar o problema. É vital permanecer fiel aos alicerces do direito internacional. O povo palestino tem o direito de simplesmente viver como seres humanos em sua própria terra”, disse Guterres. O diplomata reforçou o apoio à solução de dois Estados no Oriente Médio – isto é, a coexistência pacífica dos estados independentes de Israel e da Palestina, com Gaza como parte integrante.