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Sugestão de Trump de "assumir" Gaza é criticada por líderes mundiais; veja repercussão

Presidente dos EUA afirmou que país poderia assumir controle do enclave palestino durante encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu

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Donald Trump e Benjamin Netanyahu durante coletiva de imprensa na Casa Branca | Reprodução
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A reação mundial à sugestão de Donald Trump de que os Estados Unidos "assumirão" o controle e serão donos da Faixa de Gaza foi unânime. Com exceção de Israel, todos os outros países rechaçaram a ideia e defenderam a permanência dos palestinos no enclave.

As primeiras reações vieram das nações árabes. À Fox News, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, afirmou nesta quarta-feira (5) que os ministros árabes "deixaram muito claro que também temos nossos planos para a reconstrução de Gaza enquanto os palestinos ainda estiverem lá".

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A Arábia Saudita também foi firme e afirmou que não irá normalizar as relações com Israel sem garantias de um Estado Palestino. "A Arábia Saudita continuará seus esforços incansáveis para estabelecer um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como sua capital e não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem essa condição", disse o país em um comunicado publicado na rede social X, antigo Twitter.

O Egito, país onde Trump chegou a sugerir que os palestinos poderiam ser realocados, afirmou que a recuperação do conflito deve ocorrer "sem que os palestinos deixem a Faixa de Gaza, especialmente devido ao apego deles à sua terra e à sua recusa em deixá-la".

Já a Autoridade Palestina afirmou que não permitirá que os direitos dos palestinos de Gaza "sejam violados", segundo a agência estatal de notícias Wafa.

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"Não permitiremos que os direitos do nosso povo, pelos quais lutamos por décadas e pelos quais fizemos grandes sacrifícios para alcançar, sejam violados", disse o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

O direito à autodeterminação do povo palestino foi o argumento usado pelo Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) para alertar que qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de um território ocupado constituiria uma violação do direito internacional.

"É crucial que avancemos para a próxima fase do cessar-fogo, libertemos todos os reféns e prisioneiros detidos arbitrariamente, encerremos a guerra e reconstruamos Gaza, com total respeito ao direito humanitário internacional e aos direitos humanos internacionais", afirmou o Escritório de Direitos Humanos da ONU em um comunicado enviado à CNN Internacional.

"O direito à autodeterminação é um princípio fundamental do direito internacional e deve ser protegido por todos os Estados, como recentemente reafirmado pela Corte Internacional de Justiça. Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de um território ocupado é estritamente proibida", acrescentou.

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O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da França alertou que qualquer deslocamento forçado constituiria uma "grave violação do direito internacional, um ataque às legítimas aspirações dos palestinos" e representaria um "grande obstáculo para a solução de dois Estados".

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, rejeitou o plano dos EUA, afirmando que Gaza, "assim como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, pertence aos palestinos".

O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares Bueno, afirmou à Reuters que Gaza é a terra dos palestinos de Gaza e que "eles devem permanecer".

No Reino Unido, o primeiro-ministro, Keir Starmer, disse que acredita que o cessar-fogo precisava ser mantido e que os palestinos "devem poder voltar para casa". "Eles devem poder reconstruir, e devemos estar com eles nessa reconstrução rumo a uma solução de dois Estados", afirmou no parlamento do país.

As reações aqui na América Latina não foram diferentes. Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi um dos líderes mais vocais em suas reações contra o conflito na Faixa de Gaza, chegando até mesmo a cortar relações diplomáticas com Israel.

Ele usou o X para criticar a fala de Trump. "Eles vão começar a pior guerra e a base disso é que eles acreditam ser o povo de Deus", escreveu.

"O povo de Deus não é o povo branco americano, nem o povo israelense, o povo de Deus é toda a Humanidade", completou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também criticou a ideia do presidente norte-americano. Para o petista, o plano é "incompreensível".

"Os Estados Unidos participaram e incentivaram tudo que Israel fez na Faixa de Gaza, então não tem sentido o presidente dos Estados Unidos se reunir com o primeiro-ministro de Israel e dizer, 'olha, vamos ocupar Gaza, recuperar Gaza e vamos morar em Gaza’. E os palestinos vão para onde? Onde eles vão viver? Qual o país deles? É uma coisa praticamente incompreensível", afirmou em entrevista a rádios de Minas Gerais.

"O que aconteceu em Gaza foi um genocídio e eu, sinceramente, não sei se os Estados Unidos, que fazem parte de tudo isso, seriam o país para tentar tomar conta de Gaza. Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos", disse Lula.

Israel: Gaza é "experiência fracassada"

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, afirmou que a ideia de Trump deve ser considerada e que Gaza é uma "experiência fracassada" e em seu estado atual "não tem futuro".

"Infelizmente, já estou ouvindo críticas no discurso diplomático, por exemplo, da Europa, assim como nas conversas que mantenho. Acredito que é crucial hoje considerar e examinar ideias que estão fora da caixa", disse Sa'ar ao Knesset, o parlamento israelense.

Assim como ele, o ministro das Finanças de extrema-direita de Israel, Bezalel Smotrich, elogiou um plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos e refutou a criação de um Estado Palestino.

"Trabalharemos para enterrar permanentemente a ideia perigosa de um Estado Palestino", disse Smotrich em uma declaração em vídeo.

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