Publicidade

STF pode concluir nesta sexta (8) julgamento que discute se Estado deve indenizar vítimas de bala perdida

Ministros apresentam votos em sessão virtual até as 23h59 de hoje; restam quatro magistrados

STF pode concluir nesta sexta (8) julgamento que discute se Estado deve indenizar vítimas de bala perdida
Restam votar: Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Nunes Marques
Publicidade

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode concluir em sessão virtual, nesta sexta-feira (8), julgamento que define responsabilidade civil do Estado em casos de vítimas de bala perdida em operações policiais, mesmo quando a origem do tiro não for identificada.

+ STF discute indenização para famílias de vítimas de bala perdida em operações policiais

Iniciada em 1º de março, a deliberação do recurso extraordinário com agravo (ARE) nº 1.385.315 possui repercussão geral e, assim, seu entendimento passa a valer sobre qualquer caso semelhante na Justiça.

No caso específico em análise dos ministros, julga-se a morte de Vanderlei Conceição de Albuquerque (34 anos) — morto dentro de casa, no Complexo da Maré, em 17 de julho de 2015, durante troca de tiros entre criminosos e militares da Força de Pacificação do Exército.

A família de Albuquerque moveu ação contra a União e o Governo do Rio de Janeiro pedindo indenização por danos morais (no valor de R$ 500 mil), ressarcimento das despesas do funeral e pensão vitalícia (proporção de 1/3 do valor do salário-mínimo), considerando que a operação tinha ligação direta com o ocorrido.

O processo foi negado pelas instâncias inferiores por julgarem imprecisão na origem dos disparos.

+ Gilmar Mendes contraria Justiça do Trabalho e desconta recreio da jornada de professores

Abaixo, veja como votou cada ministro até o momento:

Edson Fachin (relator do caso)

"Para configurar o nexo de causalidade, não é necessário saber se o projétil proveio da arma dos militares do Exército ou dos confrontados, mas sim se houve operação da Força de Pacificação do Exército no momento e no local em que a vítima foi atingida por disparo de arma de fogo", disse em voto.

Rosa Weber (ministra aposentada)

Acompanhou o relator. Ou seja, só a partir de uma investigação que comprove não haver nexo de causalidade entre a ação do Estado e a morte é possível afastar a responsabilidade do poder público.

Dado o parecer de Weber, ministra aposentada, Flávio Dino, que a substituiu no STF, não participa dessa análise.

+ Barroso e Cármem Lucia homenageiam mulheres em sessão no STF

André Mendonça (após pedido de vista)

Divergiu. Considerou que "é necessário empregar outras técnicas decisórias que permitam, em standards probatórios menos rigorosos, a emergência de uma solução intermediária, que não presuma a responsabilidade estatal ipso facto, nem desguarneça processualmente a parte prejudicada com elevado ônus probatório".

No caso, Mendonça eximiu de responsabilidades o estado do Rio de Janeiro. Mas considerou possível a responsabilidade da União.

O ministro ainda apresentou as seguintes teses:

  • "O Estado é responsável por morte de vítima de disparo de arma de fogo durante operações policiais ou militares em comunidade quando a perícia que determina a origem do disparo for inconclusiva, desde que se mostre plausível o alvejamento por agente de segurança pública";
  • "Poderá o Estado se eximir da responsabilização civil, caso demonstre a total impossibilidade da perícia, mediante o emprego tempestivo dos instrumentos técnicos disponíveis, para elucidação dos fatos".

Dias Toffoli

Acompanhou a divergência do ministro André Mendonça.

+ Nunes Marques nega liberação de presos pelos atos golpistas do 8 de janeiro; entenda

Alexandre de Moraes

"Não ignoro toda a grave situação da segurança pública no País, a qual o Ilustre Relator [Edson Fachin] brilhantemente descreve em seu voto que traz dados quantitativos do número alarmante de pessoas vitimadas em meio a operações policiais, em especial, no Estado do Rio de Janeiro [...] Pontuei, de outro lado, que a situação é complexa [...] Não vejo como a responsabilização do Estado, mesmo quando não comprovado o nexo causal direto e imediato", afirmou em voto.

Para o ministro, "é uma necessidade imperiosa equilibrar fiscalização, repúdio ao abuso de autoridade e punição dos maus policiais [...], mas isso não significa responsabilizar o Estado mesmo quando não comprovado que foi a conduta de seus agentes que resultou do evento danoso".

Logo, para o ministro, o poder público não pode ser responsabilizado.

Cristiano Zanin

O ministro indicado por Lula em 2023 apresentou um quarto voto. Para ele, uma perícia inconclusiva sobre a origem do disparo não é suficiente para que se exima de responsabilidade o Estado na morte de Vanderlei de Albuquerque.

Entretanto, também diverge sobre a responsabilidade do Estado do Rio. "Pois, como reconhecido no voto, inexiste registro de operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro no dia do evento", explica.

O ministro apresentou as seguintes teses a serem aplicadas:

  • "A responsabilidade civil do Estado, na forma do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, opera sob a teoria do risco administrativo, cabendo a oposição, se o caso, de excludentes de responsabilidade pelo ente federativo";
  • "A perícia inconclusiva sobre a origem de disparo fatal durante operações policiais e militares não é suficiente, por si só, para afastar a responsabilidade civil do Estado".

+ STF volta a suspender julgamento sobre porte de drogas para uso pessoal

Roberto Barroso (presidente do STF)

Acompanhou o voto de Cristiano Zanin.

Restam votar

:

Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Nunes Marques. Os ministros devem inserir seus votos no sistema até as 23h59, quando se encerra o julgamento.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Justiça
Justiça Federal
STF
Alexandre de Moraes
Nunes Marques
Roberto Barroso
Tiros
Tiroteio
Força Nacional
Forças Armadas

Últimas notícias

Lula recebe Galípolo fora da agenda e encontro é visto como gesto sobre sucessão no Banco Central

Lula recebe Galípolo fora da agenda e encontro é visto como gesto sobre sucessão no Banco Central

O atual diretor de Política Monetária do Banco Central esteve com o presidente na tarde desta terça-feira (25)
Policial envolvido na participação de youtuber em operação da PM foi afastado do cargo

Policial envolvido na participação de youtuber em operação da PM foi afastado do cargo

A informação foi confirmada em nota pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na noite desta terça-feira (25)
Presidente do Senado defende usar taxa das blusinhas para compensar perdas com desoneração

Presidente do Senado defende usar taxa das blusinhas para compensar perdas com desoneração

Rodrigo Pacheco também debateu a dívida dos estados com ministros de Lula. Expectativa é que definições ocorram antes de recesso parlamentar
Lira anuncia comissão especial para analisar PEC das Drogas após decisão do STF

Lira anuncia comissão especial para analisar PEC das Drogas após decisão do STF

Ministros formaram maioria para descriminalizar porte de maconha para uso pessoal nesta terça (25)
Prêmio de R$ 93 milhões: veja números do sorteio da Mega-Sena

Prêmio de R$ 93 milhões: veja números do sorteio da Mega-Sena

Caixa Econômica Federal ainda não divulgou rateio do sorteio
Como influencers "só ganham" com o Jogo do Tigrinho? Criminosos contratam blogueiros; veja

Como influencers "só ganham" com o Jogo do Tigrinho? Criminosos contratam blogueiros; veja

O SBT News se infiltrou em, pelo menos, 15 grupos do Telegram que promovem o Jogo do Tigrinho. Blogueiros também se oferecem para participar da fraude
Exclusivo: SBT acessa plataforma usada por influenciadores para simular ganhos no Jogo do Tigrinho

Exclusivo: SBT acessa plataforma usada por influenciadores para simular ganhos no Jogo do Tigrinho

Sistema de ganhos fictícios é usado em postagens que simulam o faturamento de altas quantias em dinheiro
"Onda de lixo" é erguida em Brasília para alertar as pessoas sobre o risco da poluição

"Onda de lixo" é erguida em Brasília para alertar as pessoas sobre o risco da poluição

Brasil é responsável por 325 milhões de quilos de resíduos plásticos levados ao mar todos os anos
Justiça de SP proíbe GCM de usar balas de borracha e atuar como PM na Cracolândia

Justiça de SP proíbe GCM de usar balas de borracha e atuar como PM na Cracolândia

Ação é uma resposta à ação movida pelo Ministério Público contra a Prefeitura de São Paulo, após uma megaoperação na região, em 2017
Habeas corpus de ex-assessor de Jair Bolsonaro é rejeitado por Flávio Dino

Habeas corpus de ex-assessor de Jair Bolsonaro é rejeitado por Flávio Dino

Filipe Martins está preso desde fevereiro, investigado por tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder
Publicidade
Publicidade