Economia

Entenda por que empresa de Trump entrou no negócio de fusão nuclear

Negócio de US$ 6 bilhões entre o grupo Trump Media e TAE Technologies ocorre em meio à alta demanda por energia para data centers de IA

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TAE: fusão nuclear é novo negócio do conglomerado empresarial de Trump | Foto: Divulgação

O que começou com a Truth Social virou plataforma de streaming, depois uma vitrine de produtos financeiros e até um plano bilionário para estocar criptomoedas. Agora, o grupo Trump Media & Technology deu um passo inesperado ao anunciar uma combinação de negócios com uma empresa de energia de fusão nuclear, mirando um dos temas mais quentes e especulativos do momento: a crescente demanda por energia, impulsionada pela inteligência artificial.

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O acordo com a TAE Technologies, avaliado em US$ 6 bilhões, representa a maior iniciativa empresarial da família Trump desde o início do segundo mandato do presidente. Para críticos, o movimento reforça a percepção de que a principal âncora de valor da companhia é política, não operacional.

“O principal valor da Trump Media é que Trump é o presidente. É uma empresa em busca de um negócio”, disse ao Wall Street Jounral Peter Schiff, analista financeiro e economista-chefe da Euro Pacific Asset Management.

Aposta em energia para sustentar o boom da IA

A fusão ocorre em um momento em que o consumo de energia por data centers e sistemas de IA se tornou um tema central da política econômica dos EUA. O governo Trump tem defendido investimentos em tecnologias capazes de ampliar rapidamente a oferta de eletricidade, incluindo a fusão nuclear, ainda não comprovada em escala comercial.

Nesse contexto, a Trump Media aposta em uma tecnologia de alto risco, mas com forte apoio institucional. A TAE é uma das empresas mais antigas e conhecidas do setor e tem entre seus investidores nomes como Alphabet, Chevron e Goldman Sachs, além de grandes family offices americanos.

Nova estrutura da companhia

A TAE atua há décadas no desenvolvimento de reatores de fusão e afirma ter reduzido significativamente os custos e a complexidade do projeto ao longo de 20 anos de pesquisa. Segundo o CEO Michl Binderbauer, os resultados mais recentes dão confiança de que a empresa pode construir uma usina funcional.

A fusão colocará Devin Nunes, CEO da Trump Media, como co-CEO da nova companhia, ao lado de Binderbauer. Donald Trump Jr. terá assento no conselho, enquanto Michael Schwab, investidor histórico da TAE e filho do fundador da Charles Schwab, será o presidente do conselho.

Em teleconferência curta com investidores, os executivos afirmaram que o objetivo é criar a primeira empresa de fusão nuclear listada em bolsa nos Estados Unidos e alcançar a geração inicial de energia em 2031.

Reação do mercado

Após o anúncio, as ações da Trump Media subiram mais de 40%, apesar de ainda acumularem queda de cerca de 56% no ano. A companhia vem registrando prejuízos operacionais expressivos e tem a família Trump como acionista com participação próxima à maioria.

Desde que abriu capital por meio de uma SPAC, veículos criados com propósito de captar recursos para adquirir uma empresa privada ou empresas privadas ainda não definidas, a empresa tem buscado crescimento com uma sequência de iniciativas que vão da plataforma de streaming Truth+ a produtos financeiros e projetos ligados a criptomoedas, incluindo fundos de índices (ETFs) e parcerias com empresas do setor.

A fusão com a TAE aproxima a Trump Media de outros negócios recentes ligados ao império Trump, como uma SPAC industrial apoiada por Eric Trump e Donald Trump Jr., além da American Bitcoin, empresa focada em data centers para mineração de criptomoedas.

Interesse crescente e questionamentos políticos

Mesmo distante da escala comercial, a fusão nuclear vive um momento de forte interesse. O financiamento global do setor já ultrapassa US$ 7,1 bilhões em cerca de 50 startups. Dados da PitchBook mostram que os investimentos em fusão nuclear quase sextuplicaram em relação ao ano anterior.

O Departamento de Energia dos EUA lançou recentemente uma estratégia nacional para acelerar o desenvolvimento da tecnologia e criou um escritório específico para fusão nuclear. Ainda assim, o acordo levanta alertas políticos.

O deputado Don Beyer, copresidente da Frente Parlamentar de Energia de Fusão, afirmou ao jornal que a operação exige fiscalização para evitar conflitos de interesse e garantir que recursos públicos beneficiem o desenvolvimento tecnológico, e não interesses privados ligados à família Trump.

A fusão marca mais um capítulo improvável na trajetória da Trump Media, que segue expandindo seus negócios por setores de alto risco, apostando na combinação entre capital, política e narrativas de futuro tecnológico.

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