Brasil

Multas em locais desconhecidos revelam esquema de carros clonados em SP

Detran-SP registra mais de 4 mil processos por suspeita de placas clonadas e retira cerca de 500 veículos dublês das ruas em um ano e meio

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Receber uma multa de trânsito já é uma situação incômoda. Mas o problema ganha outra dimensão quando a infração é registrada em um lugar onde o motorista garante nunca ter passado. Foi o que aconteceu com o pedreiro Magno Santos Moreira, que mora e trabalha na zona Leste da capital paulista.

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Nos últimos meses, Magno recebeu sete notificações de multas em São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, cidade que fica a quase 180 quilômetros de distância da capital. Segundo ele, nunca esteve no local.

“Chegaram várias multas na minha carteira digital: velocidade, evasão de pedágio… Eu falei: meu Deus, eu nunca fui nesse lugar”, relata.

Infrações registradas em locais distantes e incompatíveis com a rotina do proprietário são um forte indício de clonagem de veículo — um crime mais comum do que muita gente imagina. A motorista de van escolar Erika Soares também passou pela mesma situação e precisou enfrentar uma longa burocracia para provar que não era responsável pelas infrações cometidas com um carro dublê.

Para evitar que o prejuízo recaia sobre quem não cometeu o crime, o Detran de São Paulo mantém a chamada Central de Dublês, que monitora casos suspeitos com o uso de tecnologia e integração direta com as forças policiais.

Segundo Vinícius Novaes, diretor de Veículos Automotores do Detran-SP, uma equipe especializada acompanha o histórico das infrações e identifica padrões suspeitos.

“A gente faz o monitoramento de todas as infrações do veículo, tanto daquele momento quanto do que aconteceu posteriormente. Com um mapa de calor, conseguimos visualizar movimentações suspeitas com o apoio das forças policiais”, explica.

Entre maio de 2024 e novembro deste ano, a Central de Dublês registrou 4.104 processos relacionados à suspeita de placas clonadas. No período, 6.200 infrações foram atribuídas a veículos dublês, e cerca de 500 carros clonados foram identificados e retirados de circulação em todo o estado.

Os números mostram a dimensão do problema: em média, um veículo dublê foi localizado a cada um dia e meio em São Paulo. Quem pratica esse tipo de crime pode responder por receptação, além de outras infrações penais.

Como solicitar a checagem de placa

O proprietário do veículo deve registrar um boletim de ocorrência, contestar as multas e fazer o pedido pelo site do Detran-SP. Durante a apuração, o veículo pode circular normalmente.

“O agente de trânsito recebe a informação de que o veículo é suspeito de dublê, mas não há impedimento para circulação”, reforça Vinícius Novaes.

Já para quem, sem saber, acabou comprando um veículo clonado, a principal orientação é redobrar os cuidados antes da compra.

“É fundamental realizar um laudo cautelar, que garante que o veículo está regular. Carro muito barato é sempre motivo de desconfiança”, alerta o diretor do Detran.

Segundo o órgão, o número de solicitações e análises de veículos dublês vem diminuindo nos últimos meses, reflexo do aumento da fiscalização. Com menos chance de sucesso, o crime perde incentivo — e motoristas ganham mais segurança para circular sem medo de serem punidos por algo que não cometeram.

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