Primeiro debate com candidatos de SP após cadeirada tem gritaria e provocações
Com poucas propostas e muitos pedidos de direito de resposta, candidatos mais bem colocados nas pesquisas se encontraram nesta terça
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo tiveram, na manhã desta terça-feira (17), mais uma oportunidade para falar sobre propostas para a capital paulista. O debate realizado pela RedeTV! e o portal Uol, entretanto, foi marcado por mais gritaria, trocas de acusação, advertências da mediadora e incontáveis pedidos de direito de resposta.
Dois dias após uma cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB), no debate da TV Cultura, o encontro começou em clima de tensão. Jornalistas da RedeTV! mostraram, nas redes sociais, que as cadeiras do cenário foram parafusadas para evitar novas agressões. "Todas as campanhas concordaram com regras mais rigorosas. A RedeTV! e o Uol esperam que todos os candidatos respeitem esse compromisso", iniciou a mediadora, Amanda Klein.
Datena começou a participação no debate comentando a cadeirada dada no ex-coach, após ser acusado por ele de ter assediado sexualmente uma mulher. "Não estou nem um pouco feliz com o que aconteceu no último debate, mas desde criança o meu pai me ensinou que eu teria que honrar a minha família e a mim mesmo até a morte. E eu estou disposto a fazer isso", disse.
Marçal afirmou que o apresentador de programas policiais é "um agressor".
"No último debate eu estava terminando a minha fala, falando que o Datena não é homem, e aqui eu ratifico que ele não é, que ele é um agressor. As cadeiras aqui foram parafusadas no chão, porque ele teve um comportamento análogo a um orangotango, em uma tentativa de homicídio contra mim", disse.
O tucano pediu um direito de resposta, que foi concedido. Em um minuto, ele afirmou: "Não bato em covarde duas vezes. Covarde apanha uma vez só, eu não vou fazer isso".
Na sequência, o candidato do PRTB entrou em uma discussão com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). Marçal disse que o emedebista seria preso por desvio de dinheiro em creches e citou também um boletim de ocorrência de violência doméstica feito pela esposa de Nunes em 2011. A gritaria interrompeu o debate e a mediadora fez uma advertência aos dois, avisando que eles poderiam ficar suspensos do bloco.
Mais discussão
As discussões não envolveram só o ex-coach. Ainda no primeiro bloco, Nunes voltou a associar Guilherme Boulos (PSOL) ao tema de liberação de drogas, afirmando que o partido dele quer liberar traficantes. O projeto citado pelo prefeito, de autoria da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), propõe anistiar presos detidos com até 40 gramas de maconha, baseado na decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que diferencia usuários de traficantes.
Boulos respondeu que ele estava "usando o mesmo método de criar mentira e fake news de Jair Bolsonaro e, por isso, recebeu seu apoio".
Marina Helena (Novo), na sequência, atacou Tabata Amaral (PSB), afirmando que a deputada federal viajava de jatinhos para visitar o namorado, João Campos, prefeito de Recife. Tabata disse que processaria a candidata do Novo. "Isso é um delírio. Com todo respeito, aguarde o processo", afirmou.
Poucas propostas
O segundo bloco, com perguntas feitas por jornalistas, foi um pouco mais tranquilo – e também morno. Enquanto alguns candidatos questionaram as perguntas feitas, outros responderam mais sobre polêmicas e menos sobre propostas. O destaque ficou, novamente, com Datena, que acusou Marçal de fazer cena ao ser socorrido por uma ambulância no domingo e levado para o Hospital Sírio Libanês.
"Ele [Marçal] deveria ter sido internado no oitavo andar, que é a ala psiquiátrica", disse.
No terceiro bloco, Boulos afirmou que não cairia nas provocações do ex-coach. "Vive de mentiras, ataca, mente, aí depois toma uma cadeirada. Não vou cair na sua provocação, porque ela tem prazo de validade. Eu estou preocupado com os próximos quatro anos", afirmou.
Já Marçal disse que foi ameaçado por Nunes e que abriria um boletim de ocorrência contra o atual prefeito. "Vou abrir um boletim de ocorrência porque ele me ameaçou aqui dentro hoje", disse.
Novos direitos de resposta foram concedidos para os candidatos no terceiro bloco. Enquanto Datena e Nunes afirmaram que Marçal mentia e provocava para gerar cortes para as redes sociais, o ex-coach aproveitou o tempo para fazer propaganda para seu perfil reserva no Instagram. A conta oficial do candidato do PRTB foi suspensa pela Justiça Eleitoral por abuso do poder econômico.
O quarto bloco foi de perguntas dos jornalistas para os candidatos. No quinto e último bloco, os candidatos apresentaram suas considerações finais.