Economia

Dona da Labubu despenca 40%: a bolha estourou?

A desaceleração da Pop Mart confirma alertas do JPMorgan e mostra como a perda de exclusividade pode derrubar modas do mercado de colecionáveis

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Pop Mart: Labubu expõe os riscos da bolha dos colecionáveis | Sawayasu Tsuji/Colaborador/Getty Images

A febre da Labubu virou rapidamente um estudo de caso sobre os riscos do mercado de itens colecionáveis. O que começou como a tendência mais quente entre a Geração Z perdeu força em poucos meses, derrubando as ações da Pop Mart em cerca de 40% desde o pico registrado em agosto e eliminando bilhões em valor de mercado.

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O sinal de alerta veio cedo para alguns analistas. Em meados de setembro de 2025, quando o entusiasmo ainda dominava o mercado, o JPMorgan rebaixou a recomendação da Pop Mart para neutra e cortou o preço-alvo de dezembro de 2026 de HK$ 400 para HK$ 300.

O banco avaliou que o papel estava "precificado para a perfeição" e excessivamente exposto a qualquer frustração de expectativas. À época, o alerta foi amplamente ignorado: as ações acumulavam alta de 209% no ano e a empresa reportava crescimento explosivo de receita.

Queda da receita

A virada começou a ficar evidente no fim do ano. Dados da YipitData mostraram que, na América do Norte, o crescimento da receita no trimestre encerrado em 6 de dezembro desacelerou para 424%, praticamente metade da taxa superior a 900% registrada no trimestre anterior.

A perda de tração ocorreu justamente no período de festas, quando a demanda costuma atingir o pico, reforçando a percepção de que o ciclo de euforia estava se esgotando.

No mercado de colecionáveis, a mudança foi ainda mais visível. As bonecas que antes se esgotavam em segundos passaram a encalhar nas prateleiras, enquanto os preços no mercado secundário recuaram de forma acentuada.

Colecionadores relataram perda de interesse não por queda de qualidade, mas pela diluição da exclusividade: edições "limitadas" tornaram-se frequentes demais, minando a lógica de escassez que sustenta esse tipo de produto. Compradores que pagaram entre US$ 100 e US$ 300 em revendas viram os preços convergirem rapidamente para o valor de varejo — ou abaixo dele.

A dinâmica lembrou a clássica bolha dos Beanie Babies nos anos 1990, quando a percepção de investimento desapareceu e o mercado entrou em colapso. Para itens colecionáveis, a crença no potencial de valorização é central: quando ela se rompe, a demanda tende a secar abruptamente.

Três meses depois do rebaixamento, a leitura do JPMorgan ganhou força. Com a desaceleração clara fora da Ásia, investidores institucionais passaram a rever posições, reforçando a narrativa de que o crescimento observado até então era insustentável.

Apesar de a Pop Mart ainda projetar receita robusta — cerca de US$ 4,2 bilhões em 2025 —, o mercado passou a questionar a trajetória. A história deixou de ser a de um fenômeno imparável e passou a se assemelhar à de uma moda passageira, num setor em que a psicologia pesa tanto quanto os números.

(Informações da Red94, Bloomberg, YipitData e Business Fashion)

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