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Banco Central diz que "não hesitará em elevar a taxa de juros" para manter a meta da inflação

Tema é amplamente debatido entre agentes da política e motivo de embates entre Campos Neto, presidente da autarquia, e Lula

Banco Central diz que "não hesitará em elevar a taxa de juros" para manter a meta da inflação
Banco Central | Divulgação
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Em divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) — que definiu a manutenção da taxa básica de juros (a Selic) em 10,5% — do Banco Central (BC) nesta terça-feira (6), a autarquia monetária do Brasil se mostrou preocupada com a alta do dólar e “unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.

+ Selic: Banco Central mantém, mais uma vez, a taxa básica de juros em 10,5% ao ano

A Selic influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras e é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação (mais abaixo). Acontece que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto (que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm tido embates quanto à série de cortes ou aumentos da Selic. De um lado, justifica-se o dólar como um sinal de que é preciso ser mais cauteloso com a inflação, freando o consumo, do outro, de que o valor é exorbitante e limita o crescimento do país.

Na decisão de 31 de junho, o Copom decidiu pela segunda vez a manutenção do valor de 10,5%, encerrando o ciclo de cortes que o governo já considerava pequeno. Na ocasião, o BC citou que seus conselheiros (incluindo aqueles indicados pelo petista) avaliaram que o mercado (investidores e especuladores) têm receio sobre o cumprimento da meta de déficit zero neste ano, uma promessa de campanha de Lula.

Já no documento apresentado hoje, o banco informou em ata que as manutenções recentes foram condicionadas pela expectativa de inflação (o boletim Focus de agosto, também do BC, calcula uma estimativa de 4,12%, a meta central é de 3%, podendo variar de 1,5% a 4,5% para ser considerada como “cumprida”) e a taxa de câmbio (valor do dólar).

“Tais movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes podem ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê. Em função disso, o Comitê avaliou que o momento é de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação e de maior vigilância perante um cenário mais desafiador”, informou o BC em ata do Copom.

+ Lula diz que o mercado a qual se preocupa “é o de 203 milhões de consumidores”

Ao comitê, a “percepção mais recente dos agentes de mercado” (investidores de ativos especulativos) é a de que o governo tem ampliado os gastos de maneira desproporcional aos cortes apresentados, o que pode comprometer não somente a meta mas todo o arcabouço fiscal da União. Avaliou que decisões da ala econômica “vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas [econômicas, como a meta da inflação e o déficit]”.

”Desse modo, o Comitê, unanimemente, avalia que o momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação, sem se comprometer com estratégias futuras”, informou a autarquia.

Por fim, finaliza que a discussão da reunião (que manteve a Selic em 10,5%) avaliou que a melhor estratégia seria, de um lado, a “ manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo”, o que “levará a inflação à meta no horizonte relevante”, e de outro, estar pronto para elevar a taxa básica de juros visando atingir a meta.

Como o dólar alto pode afetar o brasileiro?

A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar impacta diretamente o comércio de qualquer coisa. Seja diretamente, como na aquisição de importados, ou por que o produto nacional passa a ser mais vantajoso para a exportação. Máquinas, equipamentos e produtos químicos, por exemplo, acabam chegando ao Brasil mais caros, aumentando os custos de produção de vários setores, e isso pode ser traduzido em alta dos preços. Ainda, à medida que o Brasil exporta mais, sobram menos mercadorias ao consumidor daqui. Assim, pela lei da oferta e da procura, tudo que tem em menor quantidade o preço acaba subindo.

+ Nada justifica Brasil ter a 2ª maior taxa de juros no mundo, diz Cappelli

Lula atribuiu a volatização da moeda norte-americana como “interesse especulativo” e chegou a afirmar que isso precisava ser investigado.

Importante: o dólar vem subindo no mundo como um todo por conta da situação econômica dos Estados Unidos, que tem mantido seus juros também elevados.

E como a Selic pode baixar os preços?

A taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) representa os juros básicos da economia brasileira. Isso significa dizer que ela influencia todas as taxas de juros praticadas no país (que são calculadas a partir da Selic ou que a somam, por exemplo) — independente se é a porcentagem que o banco cobra ao conceder um empréstimo, ou se é a que um investidor recebe ao realizar uma aplicação.

Ou seja, ela passa a ser um importante instrumento que controla a oferta de dinheiro em circulação no país. Acontece que quanto mais recursos estiverem disponíveis, maior a tendência das pessoas consumirem. Consequentemente, aumentam a demanda por produtos e serviços, sendo natural a escalada dos preços. E o contrário também acontece.

+ Ibovespa em queda e dólar em alta com temor de recessão nos EUA; entenda

Com juros mais altos, fica mais caro tomar crédito — e não só para os consumidores, como também para as empresas e o próprio governo —, e, assim, produzir fica mais custoso ao empresário, que repassa o ônus ao consumidor. Isso desestimula a compra e ajuda a controlar os preços (menor a demanda, menor o preço).

Dados importantes:

+ Meta de inflação: definida pelo Conselho Monetário Nacional (o CMN ocupado por Fernando Haddad, da Fazenda, Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento e o já citado presidente Campos Neto), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%;

+ Relatório Focus para inflação: no último boletim, divulgado na segunda (5), economistas estimaram a inflação para 2024 em 4,12% (alta de 0,38 pontos percentuais frente ao estimado em março).

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