Nada justifica Brasil ter a 2ª maior taxa de juros no mundo, diz Cappelli
Para presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, decisão do Copom tem propósitos ideológicos “liderada pelo presidente” do BC
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, questionou em entrevista ao Perspectivas do SBT News, desta quinta-feira (20), a decisão do Banco Central (BC) de quarta-feira (19) que manteve a taxa básica de juros (a Selic) em 10,5%. "O que justifica você ter a segunda maior taxa de juros do mundo? Nada justifica isso aí", disse à jornalista e apresentadora Soane Guerreiro.
Na visão do ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça, a decisão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) tem propósitos ideológicos "liderada pelo presidente" da autarquia. “A gente precisa tirar o dinheiro da especulação, do rentismo e botar o dinheiro na produção para gerar negócios e gerar empregos”, analisou Cappelli, sobre os impactos da decisão.
O presidente da ABDI explica que, em vez de pagar juros altos para banqueiros, “os rentistas”, o empresariado escolhe aplicar seu investimento no mercado financeiro, "sem risco nenhum, sem gerar nenhum emprego”. Deixando de lado a abertura de novas fábricas e novas lojas. "É dinheiro gerando dinheiro. O que a gente precisa no Brasil é dinheiro gerando desenvolvimento. Trabalho gerando dinheiro e não dinheiro gerando dinheiro", ponderou.
“Veja o Brasil, com a decisão do Copom de ontem (19), tem a segunda maior taxa de juros do planeta e não tem nada que justifique isso. Ontem, inclusive, vi uma entrevista do Winston Fritz, que é um dos pais do Plano Real, um economista reconhecido no Brasil, dizendo que não há nada que justifique, que é uma bobagem essa história do Banco Central de que existe desequilíbrio fiscal no Brasil”, narrou Ricardo Cappelli.
Segundo ele, “o Brasil tem R$ 353 bilhões de reservas para proteger o país de qualquer choque externo” e “inflação no centro da meta” – o que justificaria a continuidade dos cortes.