Lula diz que indica presidente do Banco Central "para o Brasil" e "não para o mercado"
Presidente diz que ninguém na Faria Lima quer o melhor para o Brasil do que ele
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (26) que não indica o presidente do Banco Central (BC) para o mercado, mas sim para o Brasil. A declaração do chefe do poder Executivo foi feita ao ser questionado sobre os nomes de Gabriel Galípolo, Guido Mantega e Aloizio Mercadante como potenciais indicados ao BC entre fim de 2024 e começo de 2025. O atual chefe do BC, Roberto Campos Neto, sai do cargo em dezembro e vem sendo alvo de críticas constantes do petista.
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"Eu não indico presidente do BC pro mercado, eu indico presidente do BC para o Brasil, ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. E o mercado, seja ele o financeiro, o empresarial ou o produtivo, tem que se adaptar a isso", disse Lula em entrevista ao UOL.
O presidente ainda foi questionado diretamente sobre uma reunião com o diretor de política monetária do Banco Central, Galípolo, realizada nessa terça (25). Lula afirmou que o encontro foi realizado para discutir a meta inflacionária e estabelecer a "meta contínua". "É um companheiro completamente preparado, mas ainda não estou pensando na questão do Banco Central", elogiou.
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Com o Banco Central em pauta, Lula citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) ao criticar a taxa básica de juros, Selic, de 10,5% ao ano enquanto a inflação está em 4%. O petista afirmou que a discrepância "não faz sentido" e afirmou que ninguém da Faria Lima (referência ao mercado financeiro) quer o melhor para o Brasil do que ele.
"Você acha que a Faria Lima tem alguém que queira melhor ao Brasil do que eu? Que tem interesse em melhorar a vida do povo mais do que eu? Vocês acham, quando eles discutem aumento da taxa de juros, [que] eles pensam no cara que dorme debaixo da ponte? Que eles pensam no cara que está morrendo de fome? Não pensam, pensam no lucro. O país precisa de alguém que pense no povo", disse.
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O presidente defendeu que o país está crescendo acima das previsões do mercado e que o Brasil investe em infraestrutura a partir do novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).
Lula afirmou ainda que a Selic é uma das maiores barreiras para o país crescer mais. Também declarou que os empresários de entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) deveriam realizar "passeatas" contra o BC para pedir a redução da taxa básica de juros.