Lula diz que o mercado a qual se preocupa “é o de 203 milhões de consumidores”
Para o petista, o que existe nas reações do mercado é uma “especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real"
Questionado sobre a reação do dólar sobre suas falas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o mercado a qual se preocupa “efetivamente é o de 203 milhões de consumidores”. Uma referência a supostas preocupações de investidores com a política assistencialista do presidente. “Quando essas pessoas [pobres e vulneráveis] estiverem consumindo, tudo vai melhorar”, ponderou nesta sexta-feira (28).
Segundo argumenta o petista, à FM O Tempo, o que existe é uma “especulação com derivativos na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central [BC] tem a obrigação de investigar isso”. Lula e o presidente do BC, Campos Neto, têm enfrentado atritos na gestão da autarquia. Segundo o petista, há inclinações ideológicas nas ações de Neto.
“Eu não tenho preocupação com essa coisa de ficar brigando com a taxa de juros”, afirmou, ao dizer que não irá interferir, mas que seguirá denunciando o comportamento do dito “mercado”. “Se o presidente da República que foi eleito não puder falar, quem vai falar? O cara que perdeu? Quem vai falar pelo Brasil é o presidente do Banco Central? Não. É o presidente da República”, disse.
A Selic, ou taxa básica de juros, é um instrumento que controla o consumo no país frente a uma possível alta inflacionária. Quanto maior a taxa, menor a procura. Na última reunião para decidir o novo valor, o Comitê de Política Monetária do BC decidiu pela manutenção dos 10,5% — freando a sequência de cortes.
Lula refutou: “a inflação está dentro da meta, o Brasil tem um colchão de reserva de R$ 355 bilhões, que foi nós que fizemos, eu e a Dilma, nós que fizemos uma reserva para dar estabilidade a este país [...] não tem necessidade do juros ser desse tamanho”. “E vou dizer em alto e bom som, a taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%”, afirmou o presidente que, ainda, direcionou-se diretamente a Campos Neto e sua relação com o bolsonarismo.
“É importante lembrar que ele é presidente do Banco Central do governo anterior, é importante lembrar que ele pensa ideologicamente igual ao governo anterior. É importante lembrar que eu acho que ele não está fazendo o que deveria corretamente, não está fazendo”, afirmou.
Segundo o presidente da República, ele escolherá como substituto — o mandato de Neto termina em dezembro de 2024 — “uma pessoa que seja responsável” como antes.