"Uma cabeça foi encontrada em cima da árvore", diz comissão de direitos humanos da Câmara ao SBT News
Secretário de Polícia Civil afirma não ter convicção de que policiais tenham decapitado corpos; parlamentares vão acionar comissão interamericana


Basília Rodrigues
Moradores da Penha e do Complexo do Alemão relataram à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados que, entre as vítimas da ação policial no Rio de Janeiro, foram encontrados corpos sem cabeça. De acordo com os relatos de integrantes da comissão ao SBT News, uma cabeça chegou a ser localizada em cima de uma árvore.
“A população exige que esse tipo de operação que foi um verdadeiro massacre não seja naturalizado. Os relatos hoje foram absolutamente lotados de dor, de gente que sequer conseguiu entender se seus filhos estão entre os mortos porque as informações não chegam, de pessoas com as cabeças cortadas. Esse tipo de investigação, a gente precisa investigar. São relatos de execução sumária”, afirmou o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), em entrevista ao programa Poder Expresso.
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Esposas, mães e filhos das vítimas estão entre os depoentes. “Os relatos são os piores possíveis”, informou à coluna uma das pessoas que acompanhou os depoimentos. “As famílias querem logo a liberação dos corpos para velar e enterrar seus entes queridos, mas querem também o laudo”, disse.
Uma mulher de 20 anos contou que localizou o corpo do companheiro, de 21 anos, com o rosto desfigurado a facadas na mata. Segundo a moradora, ele teria encaminhado mensagens para ela dizendo estar apenas ferido. As últimas mensagens teriam sido enviadas por volta de 2 horas da manhã desta quarta-feira (29) até que o sinal do telefone desapareceu. À comissão e a assistentes sociais, a mulher disse acreditar que depois disso o companheiro tenha sido alvo de novas agressões que o levaram à morte.
Todos os relatos vão para um documento que está sendo produzido pela comissão. O objetivo é pressionar por investigação e perícia federal. Não está descartado que alguns depoentes sejam trazidos para a Câmara dos Deputados, em Brasília. O grupo também informou que deve acionar a comissão interamericana de Direitos Humanos.
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O SBT News procurou as assessorias de comunicação da Polícia Militar e da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro. Apesar dos contatos, não houve manifestação.
Nesta quinta-feira (30), o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, disse que não há certeza de que policiais tenham cortado a cabeça de um corpo que apareceu decapitado. “Quem disse que foi a polícia?", questionou.
Curi também defendeu investigar, por fraude processual, quem participou da remoção dos corpos na área de mata no Complexo da Penha.








