MP pede que Jorge Guaranho, condenado por morte de tesoureiro do PT, volte para cadeia
Ex-policial penal, condenado a 20 anos de prisão em regime inicial fechado, conseguiu liminar para cumprir pena em prisão domiciliar

Emanuelle Menezes
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu, nesta segunda-feira (17), que o ex-policial penal Jorge Guaranho volte para a cadeia. Ele foi condenado na última quinta-feira (13) a 20 anos de prisão – em regime inicial fechado – pelo assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), mas no dia seguinte teve um pedido de prisão domiciliar concedido.
+ Vídeo: veja imagens da discussão antes da morte de petista no Paraná
O crime aconteceu em julho de 2022, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, durante a festa de aniversário de 50 anos do petista, que tinha como tema o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Relembre abaixo). O bolsonarista foi condenado por homicídio duplamente qualificado – por motivo fútil (a divergência política) e perigo comum (pelo fato do acusado ter atirado contra a vítima em local com outras pessoas, colocando-as em risco).
A defesa entrou com um habeas corpus assim que o júri popular foi encerrado, pedindo que a prisão fosse convertida para domiciliar com base no estado de saúde de Guaranho. Após balear Marcelo Arruda, o ex-policial penal também foi atingido por disparos e, já caído no chão, foi agredido por convidados da festa.
Guaranho teria, segundo a defesa, comprometimentos neurológicos e dificuldades motoras decorrentes das agressões, o que inviabiliza sua permanência em um presídio sem estrutura para o tratamento adequado.
Para o MP, porém, "não se constata que o paciente esteja extremamente debilitado (como se observa dos vídeos veiculados na mídia que captaram sua entrada e/ou saída do fórum, bem como do vídeo de seu interrogatório em plenário) ou impossibilitado de receber atendimento no estabelecimento prisional".
Ainda de acordo com o pedido feito pelo Ministério Público à 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, Guaranho tem "alto grau de belicosidade [comportamento agressivo]" e, por isso, não há justificativa para a manutenção da prisão domiciliar.
Relembre o crime
Segundo as investigações, o ex-policial penal descobriu que, no clube onde era sócio, acontecia uma festa de aniversário com temática do PT. Ele foi até o local acompanhado da esposa e do filho, alegando estar fazendo uma ronda. Ao chegar, colocou uma música de Bolsonaro para tocar e discutiu com Marcelo Arruda, que celebrava seus 50 anos com amigos e familiares.

Na época, a esposa de Guaranho disse que ela e o filho foram atingidos por um punhado de terra, supostamente jogado por Marcelo Arruda no carro em que eles estavam, o que teria motivado a discussão. O ex-policial penal deixou a festa, levou a família para casa e retornou ao local armado com uma pistola registrada no Departamento de Polícia Penal do Paraná. Ele invadiu a comemoração e, apesar da tentativa da viúva do petista, Pamela Silva, de impedi-lo, começou a atirar.
Guaranho disparou três vezes contra Marcelo, atingindo-o duas vezes, sendo um dos tiros no peito. Mesmo ferido, Arruda reagiu e baleou o ex-policial penal quatro vezes. Já caído, Guaranho foi agredido com chutes na cabeça por convidados da festa. O petista foi socorrido e levado ao hospital, mas morreu. Ele deixou esposa e quatro filhos, sendo o mais novo com apenas 40 dias na época.
Marcelo Arruda era guarda municipal há 28 anos e diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu (Sismufi). Nas eleições de 2020, foi candidato a vice-prefeito pelo PT, em Foz do Iguaçu.
Após o crime, Guaranho foi internado e, depois de se recuperar, ficou preso na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu e no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Desde setembro de 2024, ele cumpria prisão domiciliar e era monitorado por tornozeleira eletrônica.
Em março de 2024, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, demitiu o ex-policial penal após um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), instaurado na época do crime para apurar a atuação de Guaranho.