Escândalo do patrocínio: intermediário de contrato do Corinthians presta depoimento
Alex Cassundé é investigado no inquérito de lavagem de dinheiro; parte da comissão que o empresário recebeu foi enviada para uma empresa de fachada
O empresário Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, chegou na tarde desta terça-feira (25) à delegacia que investiga o esquema de lavagem de dinheiro no contrato assinado entre o Corinthians e a empresa de apostas esportivas Vai de Bet.
"Vou esclarecer tudo, vou dizer a verdade", disse ele aos jornalistas que aguardavam na porta do 4º Distrito Policial, na Consolação, região central de São Paulo.
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Ele teria recebido uma comissão de R$ 1,9 milhão por intermediar o contrato por meio de uma de suas empresas, a Rede Social Media Design. Parte desse dinheiro teria sido enviado para uma empresa de fachada, a Neoway Soluções Integradas.
A Polícia Civil tem provas de que a Neoway é uma espécie de "lavanderia de dinheiro sujo". O nome de uma mulher que cria sozinha três filhos pequenos em um bairro carente de Peruíbe, no litoral paulista, foi usado para abertura da empresa fantasma. O escândalo levou a Vai de Bet a rescindir o contrato de patrocínio de R$ 370 milhões com o Corinthians.
O advogado Claudio Salgado, que defende Cassundé, acompanhou o cliente à delegacia. "A gente não remarcou, não há protelação de nada e o Alex vai responder a todas as perguntas", disse. "Não tem corrupção. Ele vai responder a essa pergunta também".
Salgado nega lavagem de dinheiro e diz que existe uma explicação "bastante razoável" sobre a Neoway Soluções Integradas, mas que o Corinthians não tem envolvimento com a questão. "O presidente [Augusto Melo} não tinha nenhuma noção desse repasse", afirmou.
Medo da torcida
Na última quarta-feira (19), a defesa de Cassundé entrou com um pedido para que a Justiça decrete sigilo nas investigações. A alegação é de que "se trata de fatos envolvendo um dos maiores clubes de futebol do país que é movido por este esporte".
O advogado Claudio Salgado, que representa o empresário no inquérito, afirmou no pedido de sigilo das investigações que o Corinthians "é o clube com a maior torcida do Brasil, o que torna perigoso aos investigados". Segundo ele, os fatos investigados "já estão na maioria dos jornais, bem como nos telejornais de diversas emissoras".