Chuvas, calor intenso e incêndios: "Governo precisa correr para tomar medidas", diz Observatório do Clima
Segundo a organização, é preciso uma "uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais" para conter novas tragédias
Nesta semana, um conjunto de fatores extremos tem aproximado o brasileiro de questões climáticas: as chuvas no Rio Grande do Sul já causaram mais de 30 óbitos, enquanto a seca em outras regiões é responsável pelo aumento histórico nos focos de incêndio, além de uma onda de calor no Sudeste que perdura há semanas. Para o Observatório do Clima, "o governo federal precisa correr para tomar medidas que impeçam que a situação se agrave ainda mais".
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Segundo a organização, é preciso uma "uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais" para conter novas tragédias. "Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes", pondera Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima.
Em maio, as altas temperaturas no Sudeste e no Centro-Oeste chamaram a atenção. Nessa quarta (1º), diversos municípios registraram patamares superiores a 37º C. São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, triângulo de Minas Gerais, norte do Paraná e sul do Mato Grosso e de Goiás enfrentam uma onda de calor desde a metade de abril (15).
Causa: presença de um "bloqueio atmosférico". Uma massa de ar seco que impede o avanço de ar frio e chuvas. Temperaturas podem perdurar até dia 10 de maio, segundo Climatempo.
Na contramão, uma frente fria vem da Argentina e é impedida de subir para o norte do país ao encontrar a onda de calor seca localizada na região central do Brasil, com alta pressão atmosférica. As chuvas, assim, ficam estacionárias e provocam grandes torrentes.
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Se no Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emite alerta de risco à saúde durante a passagem de Madonna em Copacabana, com previsão de temperaturas acima dos 30º C, no Sul do país um fenômeno atmosférico causa inundações atípicas.
No feriado de Dia do Trabalhador (1º de maio), o número de queimadas bateu recorde: 17.421 focos desde o começo do ano: o maior registro desde o início das medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998. Especialistas analisam que clima está diretamente envolvido.
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"As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no Cerrado e na Amazônia nos primeiros cinco meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses", diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Na Amazônia, a alta é de 148%; no Pantanal, bioma que ainda não se recuperou da devastação de 2020, a elevação é de quase 1.000%. Em ambos os biomas, a temporada de seca apenas começou.
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com Suely Araújo:
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