Política climática x mais petróleo: especialista vê contradições do governo Lula na pauta ambiental
Coordenadora do Observatório do Clima faz ponderações em relação ao aumento da exploração de combustíveis fósseis
Suely Araújo, coordenadora do Observatório do Clima, apontou, em entrevista ao Perspectivas, do SBT News, contradições do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na pauta ambiental. A atitude de propor mais exploração de petróleo, por exemplo, pode refletir no aumento de emissões do país.
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"Essas emissões desse petróleo que vai ser exportado, elas vão refletir no nosso cálculo de emissões? Mais ou menos. Mas esse petróleo vai queimar em algum lugar do mundo e contribuir para crise climática", disse a especialista à jornalista Paola Cuenca.
Suely lembrou que o Brasil "é o nono maior produtor de petróleo do mundo" e tem pretensões de se tornar o quarto com os novos lotes.
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A gestora Vinci Partners já indicou que, até 2030, o Brasil pode ocupar a 4ª posição no ranking de produtores, elevando a projeção de barris diários para 5,4 milhões (atrás apenas de EUA, Arábia Saudita e Rússia).
"Então, eu pessoalmente considero a principal contradição do governo Lula em termos de discurso ambiental — porque eles estão indo bem em desmatamento, em outras áreas, eles retomaram a política climática, eles estão reconstruindo. Mas a área de energia vem com o conflito, com essa narrativa do 'Brasil, potência ambiental'", analisou.
Em 13 de dezembro de 2023, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) conduziu o 4° Ciclo de Oferta Permanente para a exploração de petróleo e gás natural.
No evento, foram disponibilizados 602 blocos de exploração em 33 setores. As oportunidades tanto em terra firme quanto em águas profundas oferecidas incluíam blocos em áreas sensíveis como Fernando de Noronha, Atol das Rocas e 21 localidades na região amazônica.
Essa oferta foi realizada apesar das objeções das próprias normativas da ANP e de outras políticas ambientais nacionais.