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Brasil

"Chorei muito", diz vizinha presa injustamente por envenenamento de crianças no Piauí

Lucélia Maria da Conceição, que ficou detida por cinco meses pelo crime, falou ao vivo com o Primeiro Impacto

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Ulisses e João Gabriel foram mortos em agosto do ano passado; Lucélia foi solta nesta terça-feira (14) | Montagem: Reprodução e TV Cidade Verde
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O início de 2025 trouxe uma reviravolta em um caso de envenenamento que parecia resolvido. Em agosto de 2024, duas crianças morreram após comerem cajus supostamente envenenados em Parnaíba, no litoral do Piauí. A vizinha, Lucélia Maria da Conceição, de 53 anos, foi presa como principal suspeita, apesar de alegar inocência.

No entanto, quatro novas mortes na família, no início deste ano, levaram à reabertura do caso. O laudo da Polícia Científica do Piauí, realizado só cinco meses depois, mostrou que os cajus não estavam contaminados, e o padrasto da mãe das crianças – Francisca Maria da Silva, uma das vítimas fatais do envenenamento em 1º de janeiro – passou a ser investigado como responsável pelas mortes.

+ Família envenenada no Piauí: "sentimento de ódio" motivou padrasto, diz delegado

Lucélia, que ficou presa injustamente desde agosto, foi solta na segunda-feira (13). Acompanhada do advogado Sammai Cavalcante, ela falou ao vivo com o Primeiro Impacto e disse que busca justiça.

"Foi muito constrangimento, chorei muito, sofri muito por causa disso. Fui acusada de uma coisa que eu nunca fiz na minha vida", disse ela.

A mulher negou que conhecesse as crianças e disse que não ofereceu cajus para os dois meninos, os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos.

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Ulisses Gabriel e João Miguel morreram em agosto de 2024 | Reprodução
Ulisses Gabriel e João Miguel morreram em agosto de 2024 | Reprodução

O advogado Sammai Cavalcante, que faz a defesa de Lucélia, afirmou que, desde o primeiro momento, ela negou o crime. Acusada injustamente, ela teve a casa incendiada por vizinhos revoltados com o crime. A mulher está abrigada na casa de familiares e disse que está com medo de morar em Parnaíba.

Em entrevista à TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí, Cavalcante criticou a demora na conclusão do laudo que comprovou que os cajus consumidos pelos meninos não estavam envenenados. Em nota, o Departamento de Polícia Científica do estado explicou que o laboratório de toxicologia responsável pela análise recebeu com atraso os reagentes necessários.

"Os (reagentes) que possibilitaram fazer as perícias no estômago chegaram primeiro, motivo pelo qual foram feitas naquele momento; o reagente que possibilitou fazer os últimos exames só chegou no final de dezembro, motivo pelo qual ficou pronto no começo de janeiro", diz o pronunciamento.

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Relembre o caso

Ulisses e João Miguel foram envenenados em agosto do ano passado, cerca de cinco meses antes de sua mãe, Francisca Maria da Silva, dois irmãos e um tio também morrerem intoxicados por terbufós em Parnaíba, no litoral do Piauí.

O padrasto da mulher, Francisco de Assis Pereira da Costa, foi preso na última quarta-feira (8) e é o principal suspeito dos dois crimes.

Igno Davi, Maria Lauane, Manoel Leandro e Francisca Maria morreram envenenados | Reprodução
Igno Davi, Maria Lauane, Manoel Leandro e Francisca Maria morreram envenenados | Reprodução

Outras quatro pessoas foram encaminhadas ao hospital após comerem o baião de dois envenenado, no dia 1º de janeiro. Três já receberam alta e uma menina, de 4 anos, permanece internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

Segundo a Polícia Civil, o baião de dois consumido havia sido contaminado com pesticida. O laudo do Departamento de Polícia Científica do Piauí confirmou a presença de terbufós na comida e no estômago das vítimas.

No dia do crime, Francisco chegou a ser internado alegando ter ingerido a comida envenenada junto com as outras oito pessoas. Ele foi liberado no mesmo dia. De acordo com os investigadores, o padrasto tinha uma relação tumultuada com Francisca Maria e com os outros moradores da casa onde o crime aconteceu. O homem, segundo o delegado Abimael Silva, tinha "nojo" e "raiva" da enteada e acreditava que ela era uma "criatura de mente vazia".

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