Após indiciar Bolsonaro, PF aprofunda investigação sobre financiamento de plano golpista
Polícia quer saber como máquina pública foi usada. Mauro Cid e 'kid preto' citaram despesas de R$ 100 mil, em mensagem sobre plano para matar Moraes
A Polícia Federal busca provas sobre o financiamento do plano preparatório da operação militar clandestina "Copa 2022" que previa a "neutralização" de Alexandre de Moraes, ministro relator dos processos contra Jair Bolsonaro (PL) do Supremo Tribunal Federal (STF), no final de 2022.
O indiciamento de Bolsonaro, do general Walter Braga Netto e outros 35 pessoas - a maioria, militares - não encerra as investigações na PF sobre o plano golpista.
O inquérito concluído pela PF foi enviado nesta segunda-feira (25) para a Procuradoria Geral da República (PGR). Nele, foram indiciados crimes de tentativa de golpe de Estado e atentado violento à democracia da "organização criminosa" alvo.
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A origem dos recursos usados pelos militares golpistas pasra planejar o atentado a Moraes, em novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda segue em apuração.
A PF suspeita de que recursos públicos tenham sido usados para patrocinar os militares das forças especiais e o planejamento que previa intervenção e até a morte de Moraes, Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Dinheiro
Nas mensagens de Mauro Cid recuperadas pela PF foram identificadas conversas com o major Rafael Martins de Oliveira, um dos quatro presos da Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19).
O alvo foi principal nome entre os executores da ação dos "kids pretos" (militares das Forças Especiais) de monitoramento e "neutralização" de Moraes, que em 2022 era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A PF destacou uma troca de mensagens de 15 de novembro de 2022, entre Mauro Cid e o major Oliveira, que registra o envio de "um documento protegido por senha intitulado 'Copa 2022'". "Pelo teor do diálogo, seria uma estimativa de gastos para possivelmente viabilizar as ações clandestinas que seriam executadas durante os meses de novembro e dezembro de 2022", informa a polícia.
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Seria uma lista de despesas iniciais enviada pelo "kid preto", que encabeçou o plano operacional contra Moraes, programado para 15 de dezembro. Oliveira escreve "Tô com as necessidades iniciais", e encaminha o documento.
Segundo a PF, o nome "Copa 2022" estava vinculado a um plano de golpe, que circulou entre os investigados em novembro, logo após a derrotada de Bolsonaro, e tratava sobre uma ação contra o ministro do STF.
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O nome Copa 2022, segundo os investigadores, já havia aparecido, mas "à época, não apresentou maior relevância". "Não coincidentemente, um mês depois, no dia 15 de dezembro de 2022, o referido nome surge novamente, no caso para nomear o grupo do aplicativo SIGNAL em que estavam os responsáveis por executar a ação operacional clandestina."
O plano golpista teria iniciado na segunda semana de novembro, após reunião na casa do general Walter Braga Netto, no dia 12, ex-ministro da Defesa, da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022. O documento de três páginas registra dados sobre o monitoramento do alvo, material e pessoal necessários, locais possíveis, armas, riscos, danos e consequências possíveis da ação, afirma a PF.
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Para a PF, todo planejamento era acompanhado por Mauro Cid. As ações de "levantamentos iniciais em 'pontos de interesse', relacionados ao ministro" foram feitas por dois militares bolsonaristas e com a "participação" de Mauro Cid e outro assessor direto do então presidente derrotado.
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A conversa de Cid e do "kid preto" que executaria o plano, foi registrada dias depois da reunião. No dia da execução do plano, em 15 de dezembro, mensagens mostram que ela foi abortada. Mas o monitoramento prosseguiu até o final do ano e há registros de mensagens de Mauro Cid e Marcelo Câmara sobre a ação.