Publicidade

Plano golpista tratou mortes de autoridades como "danos colaterais aceitáveis", destaca PF

Documento, impresso no Planalto, feito por general ligado a Bolsonaro detalhava etapas de golpe e riscos de 'neutralização' de Lula, Alckmin e Moraes

Plano golpista tratou mortes de autoridades como "danos colaterais aceitáveis", destaca PF
PF reuniu mapa de localização de militares golpistas que monitoravam Alexandre Moraes. (Crédito: Reprodução)
Publicidade

As mortes de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB), Alexandre de Moraes e de seguranças e policiais foram consideradas "danos colaterais passiveis e aceitáveis", no documento "Punhal Verde e Amarelo", que detalhava o plano de golpe dos militares radicais aliados de Jair Bolsonaro (PL), alvos nesta terça-feira da Operação Contragolpe, da Polícia Federal.

Cinco militares foram presos, um deles o general da reserva Mario Fernandes, que era o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência do governo Bolsonaro. O documento planejava um golpe em 15 de dezembro de 2022, com detalhes da operação clandestina, e foi impresso dentro do Planalto.

+ Operação Contragolpe: veja a cronologia dos atos criminosos pró-Bolsonaro, segundo a PF

"O documento descreve como passível '100%' e aceitável também o percentual de '100%'. Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado", destaca representação da PF da Operação Contragolpe.

O documento descoberto depois da Operação Tempus Veritatis, de fevereiro, detalha o plano de golpe, que incluía a possiblidade de assassinatos. "Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de 'captura' seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto", registra a PF.

No pedido de deflagração da Contragolpe, a PF analisou o documento e indicou que ele chegou a ser impresso no dia 6 de dezembro de 2022, dentro do Planalto. O general Mario Fernandes é apontado como autor do arquivo e quem imprimiu o documento no gabinete da Secretaria-Geral da Presidência.

+ Jeca, Joca e Juca: conheça codinomes usados por golpistas em plano para matar autoridades

O nome do arquivo impresso era "planejamento" e o do documento, "Planejamento - Punhal Verde Amarelo".

"Trata-se, a rigor, de um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco. O plano dispõe de riqueza de detalhes, com indicações acerca do que seria necessário para a sua execução, e, até mesmo, descrevendo a possibilidade da ocorrência de diversas mortes, inclusive de eventuais militares envolvidos", trecho de documento da PF da Operação Contragolpe.

O relatório da PF destaca que o "documento evidencia as intenções de Mario Fernandes e do grupo investigado, qualificada por um sentimento de absoluto desprezo com os conceitos que permeiam uma sociedade democrática, mas também de total menoscabo à vida humana".

+ Saiba quem são os 'kids pretos', grupo de elite do Exército que teve alvos em operação da PF

A PF anexou uma copia do plano que tem tópicos, como "Demandas de Rec Op (levantamentos)", "Demandas para a Prep e Condução da Ação (Meios)", "Demanda de Pes" e "Condições de Execução". São etapas da ação dos "kids pretos", militares das forças especiais, que ajudariam no golpe - que foi denominado "Copa 2022".

+ Saiba quem são os 'kids pretos', grupo de elite do Exército que teve alvos em operação da PF

No tópico final, "4", do plano "Punhal Verde e Amarelo", estão destacados os riscos de o golpe terminar em mortes e suas consequências. Chamadas de "reflexos", consta "baixa comoção nacional" para eventual "baixa" ou "neutralização" - como denominam a morte - de Alckmin e Moraes.

Cerco a Bolsonaro

As investigações da Operação Contragolpe têm Bolsonaro como alvo central. A PF registra que integra um dos "eixos de atuação da organização criminosa", que teria atuado no governo Bolsonaro para impedir a posse do presidente Lula, eleito em 2022.

"A presente representação trata dos fatos relacionados ao eixo que atuava na 'tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito'", registra o pedido de prisão dos militares.

Os eixos de atuação da organização criminosa alvo da PF:

  1. ataques virtuais a opositores
  2. ataques ao STF e TSE, ao sistema eletrônico de votação e ao processo eleitoral
  3. tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  4. ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia
  5. uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens

No item cinco, a PF e o STF incluem três casos alvos de operações policiais recentes, que tem Bolsonaro e aliados como alvos.

O caso dos uso dos cartões corporativos para despesas pessoais, a inserção de dados falsos de vacinação contra covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde e falsificação de cartões de vacina e o desvio das joias ganhas de autoridades estrangeiras, com enriquecimento ilícito.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

STF
Alexandre de Moraes
Jair Bolsonaro
Golpe

Últimas notícias

Moraes intima Mauro Cid a depor após PF apontar contradições em delação

Moraes intima Mauro Cid a depor após PF apontar contradições em delação

Defesa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro afirma que ele não tem conhecimento sobre tentativa de golpe de Estado
Câmara aprova ampliação de cotas em concursos públicos e texto volta ao Senado

Câmara aprova ampliação de cotas em concursos públicos e texto volta ao Senado

Por negociação, projeto mudou de última hora. Texto prevê 30% das vagas em concursos para candidatos negros, com redução do tempo da lei de cotas
Justiça Federal autoriza inquérito contra o prefeito Ricardo Nunes por supostas irregularidades em creches

Justiça Federal autoriza inquérito contra o prefeito Ricardo Nunes por supostas irregularidades em creches

Investigação vai apurar conexões de Nunes com duas empresas suspeitas de envolvimento no esquema da máfia das creches. Defesa do prefeito nega participação
Justiça dos EUA adia em sentença contra Donald Trump por subornar atriz pornô

Justiça dos EUA adia em sentença contra Donald Trump por subornar atriz pornô

Promotoria de Nova York concordou em postergar a divulgação da sentença até 2029, quando o presidente eleito encerrará seu segundo mandato
Câmara aprova programa para renegociação de dívidas de pequenas empresas

Câmara aprova programa para renegociação de dívidas de pequenas empresas

Texto coloca Pronampe como um programa permanente; proposta agora será analisada pelo Senado
Confira os números do sorteio da Mega-Sena desta terça (19)

Confira os números do sorteio da Mega-Sena desta terça (19)

Concurso paga prêmio de R$ 13 milhões para quem acertar as seis dezenas
Polícia Civil instaura inquérito para investigar alunos da PUC por racismo

Polícia Civil instaura inquérito para investigar alunos da PUC por racismo

Estudantes da universidade particular de São Paulo fizeram ofensas racistas contra colegas da USP durante jogos universitários
Como seriam as mortes? Quem são os envolvidos? Qual a relação com Bolsonaro? Entenda plano contra Lula, Alckmin e Moraes

Como seriam as mortes? Quem são os envolvidos? Qual a relação com Bolsonaro? Entenda plano contra Lula, Alckmin e Moraes

Os quatro militares e o agente da PF envolvidos no planejamento dos crimes foram presos nesta terça-feira (19)
Câmara aprova criação do mercado de crédito de carbono; texto vai para sanção

Câmara aprova criação do mercado de crédito de carbono; texto vai para sanção

Avaliação de projeto veio na reta final da COP 29, frustrando chegada do Brasil com regulação aprovada no evento
 Após 5 anos fechada, Catedral de Notre-Dame reabre em dezembro

Após 5 anos fechada, Catedral de Notre-Dame reabre em dezembro

Ícone de Paris foi interditado após incêndio em 2019; cerimônia de reabertura será no dia 7 de dezembro
Publicidade
Publicidade