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Saúde

Ozempic, Wegovy e Mounjaro serão vendidos com retenção de receita a partir desta segunda (23)

Mudança determinada pela Anvisa faz parte de um esforço para aumentar o controle sobre o uso; entenda

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Canetas contra diabetes e obesidade passam a ser vendidas somente com retenção de receita | Freepik
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Quem for comprar medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda ou Mounjaro, a partir desta segunda-feira (23), vai encontrar uma nova exigência nas farmácias: será preciso apresentar receita médica em duas vias, e uma delas ficará retida no local.

+ Wegovy, Ozempic, Mounjaro, Saxenda e Trulicity: quais as diferenças das "canetas" contra obesidade?

A mudança, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), faz parte de um esforço para aumentar o controle sobre o uso das canetas emagrecedoras, que vêm sendo usadas com frequência para emagrecimento, muitas vezes sem indicação médica adequada.

+ OMS faz alerta para versões falsificadas do ozempic; veja as diferenças

A decisão foi publicada em abril no Diário Oficial da União e vale para todos os medicamentos da classe dos agonistas de GLP-1, mesma à qual pertencem os quatro fármacos. Além da retenção da receita, as farmácias também terão que registrar as vendas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), o mesmo utilizado para antibióticos.

O que motivou a nova regra

Segundo a Anvisa, a mudança foi motivada pelo aumento de relatos de efeitos colaterais, especialmente entre pacientes que usaram esses medicamentos sem seguir as indicações médicas autorizadas.

Esses remédios foram aprovados no Brasil para tratar diabetes tipo 2 (como Ozempic, Mounjaro e Trulicity) e obesidade (caso do Wegovy e do Saxenda). No entanto, o uso com objetivo exclusivamente estético não é permitido.

Riscos associados ao uso incorreto

Assim como outras drogas, eles podem trazer riscos para a saúde quando usados incorretamente. É o que alertam os dois especialistas ouvidos pelo SBT News.

De acordo com o endocrinologista do Albert Einstein, Paulo Rosenbaun, o uso prolongado pode trazer efeitos colaterais significativos, daí a necessidade de acompanhamento especializado. "Os indivíduos mais idosos, por exemplo, podem apresentar osteoporose associada à perda de peso", diz. Na maior parte dos casos, os efeitos colaterais estão ligados ao trato intestinal.

O médico afirma, porém, que o uso não deve ser descontinuado em caso de efeitos colaterais. Cabe ao especialista apresentar soluções e alternativas no decorrer do tratamento.

Segundo Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esses medicamentos foram feitos para terem uma utilização prolongada – mas isso reforça a necessidade de indicação e acompanhamento médicos adequados.

Reações adversas

Entre 2019 e setembro de 2024, foram registradas 524 notificações de suspeitas de reações adversas relacionadas à semaglutida, substância presente no Ozempic e no Wegovy. Em mais de 30% dos casos, o uso foi considerado "fora da bula", e em quase 25%, feito para finalidades não autorizadas. Quase todas essas reações foram classificadas como graves.

No mesmo período, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu um número muito maior de notificações globais (mais de 52 mil), mas com porcentagens menores de uso inadequado: cerca de 10% fora da bula e 8% para indicações não autorizadas.

Um dos efeitos mais preocupantes é a pancreatite, inflamação no pâncreas que, embora rara, pode ser grave e exige suspensão imediata do tratamento. No Brasil, esse problema apareceu em 5,9% das notificações — mais que o dobro da média mundial (2,4%).

Alerta contra o uso por conta própria

Para a Anvisa, o cenário atual acende um sinal de alerta. “São medicamentos relativamente novos e que ainda exigem acompanhamento cuidadoso. Usar sem indicação ou sem supervisão médica pode trazer riscos sérios à saúde”, afirmou Rômison Rodrigues Mota, diretor-presidente substituto da agência.

Ele também destacou o impacto das redes sociais na popularização dos remédios para fins estéticos, reforçando que promessas de emagrecimento rápido e depoimentos pessoais não substituem o acompanhamento profissional.

Com a nova exigência, a Anvisa espera diminuir o uso inadequado e reforçar que a automedicação, especialmente com substâncias potentes como essas, não é segura.

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