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Saúde

Isolamento social pode aumentar internações e doenças em idosos; o que fazer?

Solidão está relacionada a uma piora da saúde mental e física; dependência de telas pode agravar o problema

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Isolamento social e solidão podem ser nocivos à saúde dos idosos | Freepik
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A solidão e o isolamento social em idosos são temas de crescente interesse na sociedade e representam um problema de saúde pública com impactos profundos na saúde física, mental e emocional na terceira idade. Esses efeitos vão além do bem-estar psicológico e podem afetar até mesmo a expectativa de vida.

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Um estudo publicado no JAMA Internal Medicine demonstrou que o isolamento social está significativamente associado a um aumento nas chances de internação em lares de idosos, sendo considerado um fator de risco importante para a institucionalização de idosos. Além disso, a solidão tem sido correlacionada com uma piora da qualidade de vida relacionada à saúde mental e física.

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O sentimento de solidão pode levar a quadros depressivos e ao aumento da ansiedade. No que diz respeito à cognição, a falta de interação social tem sido associada ao comprometimento cognitivo e à demência, independentemente de outros fatores de risco e da patologia de Alzheimer. A exclusão social pode fazer o idoso sentir que já não tem propósito ou valor, levando à baixa autoestima e ao sentimento de inutilidade.

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Fatores que pioram a saúde de idosos

Com relação ao impacto na saúde física, a literatura médica evidencia um aumento do risco para doenças cardiovasculares. A falta de estímulo para atividades físicas pode levar à perda muscular, maior risco de quedas (fragilidade e sedentarismo) e aumento da mortalidade precoce.

Todos esses fatores físicos e emocionais têm impacto direto na qualidade de vida, como:

1. Má alimentação e negligência pessoal: idosos solitários podem perder o interesse em cuidar da própria saúde.

2. Abuso e vulnerabilidade: o isolamento pode aumentar o risco de exploração financeira, abusos e maus-tratos.

3. Dependência excessiva da tecnologia: alguns idosos tentam compensar a solidão com o uso excessivo da TV ou redes sociais, o que pode não ser suficiente para suprir a necessidade de contato humano.

Considerando o impacto negativo da solidão e do isolamento social nos desfechos de saúde, função cognitiva e qualidade de vida, estímulos cognitivos e sociais desempenham um papel crucial no bem-estar do idoso.

O que pode ajudar

Uma revisão sistemática de Gonnord et al. confirma que a participação em atividades físicas e/ou cognitivas em grupo tem um impacto positivo em vários aspectos da qualidade de vida dos idosos, incluindo a saúde física, mental e social. A interação social promovida por essas atividades é um fator importante para melhorar a qualidade de vida. Para tanto, a família e a sociedade têm papéis fundamentais no bem-estar social dos idosos, garantindo qualidade de vida, inclusão e dignidade.

Com relação ao papel da família, manter uma relação próxima -com visitas frequentes e interação- evita a solidão e a depressão. É importante ouvir o idoso, valorizar suas opiniões e incentivar sua participação em atividades sociais. Também é essencial respeitar a autonomia, promovendo a independência sempre que possível e respeitando as escolhas e desejos.

Em relação aos cuidados com a saúde, muitas vezes é necessário auxiliar no acompanhamento médico, na administração de medicamentos, na alimentação adequada e na adaptação do ambiente, garantindo que a casa seja segura para evitar quedas e acidentes.

A sociedade também tem um papel fundamental por meio do incentivo a políticas públicas, como:

● Investimentos em programas de saúde, lazer, educação continuada e assistência social para idosos.

● Espaços de convivência: criar centros de atividades, grupos comunitários e eventos culturais para promover a socialização.

● Apoio psicossocial: disponibilizar serviços de atendimento psicológico e suporte para idosos em situação de vulnerabilidade.

● Acessibilidade: melhorar a mobilidade urbana e adaptar espaços públicos para atender às necessidades da terceira idade.

● Combate ao idadismo: promover campanhas de conscientização sobre o respeito e a valorização dos idosos na sociedade.

A solidão e o isolamento social, atrelados ao envelhecimento populacional, não são apenas questões emocionais, mas problemas crescentes da sociedade, com sérias repercussões psicoemocionais e físicas na qualidade de vida do idoso. Esses desafios precisam ser tratados com atenção e empatia.

O bem-estar dos idosos depende do equilíbrio entre o suporte familiar e as oportunidades proporcionadas pela sociedade. Quanto mais inclusão e respeito forem oferecidos, melhor será a qualidade de vida na terceira idade.

* Theodora Karnakis é doutora em Ciências Médicas pela FMUSP e geriatra do Hospital Sírio-Libanês credenciada pelo CRM 105561 SP RQE 26806

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