Demência: fazer quebra-cabeças e ler pode ajudar contra declínio cognitivo, diz estudo
Idosos com comprometimento cognitivo leve, que podem ter quadros de demência, são beneficiados por atividades que estimulam cognição
Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Texas A&M indica que idosos com comprometimento cognitivo leve que fazem regularmente jogos de palavras como quebra-cabeças e leitura apresentam melhor desempenho em memória, atenção e velocidade de processamento, em comparação com aqueles que não praticam essas atividades.
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Publicado no Journal of Cognitive Enhancement, o estudo analisou dados de 5.932 indivíduos pelo Health and Retirement Study (HRS). Para esta análise, os pesquisadores focaram nas respostas a sete perguntas sobre a frequência de participação em atividades cognitivamente estimulantes, como leitura e jogos.
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A recomendação dos pesquisadores é de que a prática aconteça de três a quatro vezes por semana, principalmente entre os idosos com comprometimento cognitivo leve.
Como foi feito o estudo?
Os participantes foram classificados em três grupos de acordo com a frequência das atividades: baixo, médio e alto. A análise dos dados mostrou que aqueles que pertenciam ao grupo de alta participação apresentaram, de forma consistente, melhores resultados em memória, memória de trabalho, atenção e velocidade de processamento ao longo do período de estudo.
"De forma geral, o grupo de alta participação manteve níveis mais elevados de função cognitiva em comparação aos outros grupos", explica Junhyoung "Paul" Kim, professor associado de comportamento de saúde na Texas A&M University.
Embora algumas outras pesquisas também sugiram que atividades como quebra-cabeças possam auxiliar na proteção contra o declínio cognitivo, os benefícios específicos dessas atividades para prevenir ou retardar a deterioração ainda são amplamente desconhecidos.
Comprometimento cognitivo leve x demência
A demência afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS). A condição atinge 1,76 milhão brasileiros com mais de 60 anos, segundo levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A condição é diferente da demência em relação ao nível de prejuízos causados na vida da pessoa e à persistência dos sintomas: enquanto o Alzheimer é uma doença crônica irreversível, por exemplo, o comprometimento cognitivo leve pode ser revertido em alguns casos.
Segundo o estudo, cerca de 10% das pessoas previamente diagnosticadas com comprometimento cognitivo leve desenvolvem doença de Alzheimer ou outras formas de demência todos os anos.
Como cuidar de um paciente com demência?
Como são doenças crônicas, o tratamento se baseia em medicações para melhorar o quadro sintomático do paciente. O neurologista Flavio Augusto Sekeff destaca que o uso de canabidiol (nesse caso, o fitocanabinoide), que pode ajudar em quadros de Alzheimer. O especialista relata que a substância apresenta potencial de melhorar memória e fazer com que os pacientes durmam melhor.
Além disso, principalmente entre os idosos, é fundamental procurar programas de reabilitação cognitiva, que envolvam a saúde física e mental, como dança, pintura, coral, além de socialização e prática de exercícios corporais.