Idosa de 103 anos tem pé amputado sem anestesia em cirurgia realizada por enfermeira
Próprio filho da vítima contratou profissional para procedimento irregular dentro de apartamento, em Brasília
Maycon Leão
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso de uma idosa de 103 anos que teve o pé amputado sem anestesia durante uma cirurgia irregular realizada dentro de seu apartamento na Asa Norte, em Brasília.
A operação foi conduzida por uma enfermeira, que foi incentivada e contratada pelo próprio filho da vítima. A profissional não teria habilitação para esse tipo de procedimento e contou com o auxílio de outra colega de profissão.
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Durante a cirurgia, o filho enganava a senhora, dizendo para a mãe que era uma podóloga que tiraria uma unha encravada.
Depois que o pé foi cortado, a enfermeira tentou descartar o membro em um hospital particular, mas encontrou dificuldades e decidiu se livrar da parte do corpo em uma unidade hospitalar pública, conforme conversas no WhatsApp a que o SBT teve acesso.
A denúncia foi formalizada pelo Instituto EVA, que cuida de mulheres em situação de vulnerabilidade.
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"O pior é a sedação da senhora. A pergunta que fica é onde está o pé dessa senhora, o que foi feito com esse material, quais são as circustâncias desse procedimento?", questiona o advogado Fábio Ávila, do instituto.
O SBT News pediu posicionamento do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), que ressaltou que não cabe ao enfermeiro realizar amputações.
Veja a nota na íntegra:
"O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) tomou conhecimento do caso envolvendo uma enfermeira que supostamente realizou a amputação do pé de uma idosa de 103 anos, utilizando um bisturi inadequado, em ambiente domiciliar e sem anestesia. Ressaltamos que o profissional enfermeiro não realiza amputações, podendo atuar apenas na reabilitação de pessoas amputadas.
O Coren-DF condena de forma contundente qualquer prática que fira os preceitos éticos, técnicos e legais que norteiam a atuação da enfermagem. Aguardamos, no entanto, os desfechos da investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, para apurar qual tipo de procedimento foi especificamente realizado.
A fiscalização e a regulamentação do exercício da Enfermagem são pilares fundamentais da atuação do Conselho, que tem como objetivo zelar pela ética e pela segurança na assistência.
Reforçamos que a prática profissional da Enfermagem deve sempre observar os limites de competência estabelecidos pela legislação, de modo a preservar a vida, a saúde e a dignidade dos pacientes. Casos como este não representam como um todo a categoria, que é composta por profissionais éticos e comprometidos com a assistência segura e de qualidade.
O Coren-DF está à disposição para colaborar com as autoridades competentes no decorrer das investigações".