Reuniões políticas movimentam parlamentares sobre julgamento no STF, anistia e futuro do governo
PL, União Brasil e PP buscam definir cronograma e estratégia para votações no Congresso

Beto Lima
Nesta terça-feira (2), duas reuniões importantes ocorreram entre parlamentares do Congresso Nacional. Uma delas reuniu líderes de partidos da oposição para tratar da possível votação da anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Paralelamente, houve outro encontro entre membros do União Brasil e do PP que, entre suas pautas, estava o apoio a anistia e a saída do União da base do governo.
Parlamentares comentam que existe maioria para colocar as reivindicações em votação ainda nesta semana, argumentando que a medida pretende pacificar o país após processos judiciais recentes.
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Declarações da oposição
Em entrevista coletiva, o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL) afirmou que a pauta de interesse dos opositores é a anistia. "Entendemos que já está construído com os demais partidos, temos votos de plenário e não há motivo para a gente não pautar, até para mostrar que a sociedade brasileira está querendo virar a página”, acrescentou.
Ainda ressaltou que acompanha o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas considera que será apenas “um teatro que já existe há muito tempo”.
A deputada Carol Di Toni (PL-SC) complementou:
“Isso nada mais é do que uma perseguição política {...} Em um país sério, isso teria sido declarado nulo desde o seu princípio”.
Ela também afirmou que não há provas robustas de qualquer crime cometido. E que o processo demonstra, na visão dela, “uma clara e evidente revanche e perseguição política”.
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O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) destacou preocupação com o cenário político e judicial do país, ressaltando que o processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro mostra, na visão dele, um estado de exceção.
Segundo o parlamentar do Novo, a situação não se restringe ao ex-presidente, mas afeta também milhares de brasileiros que, segundo ele, não teriam acesso pleno ao devido processo legal.
Van Hattem disse ainda que o Congresso precisa assumir um papel decisivo para promover a pacificação política do país, enfatizando a importância da votação da anistia.
“Estamos todos muito preocupados com a situação que o Brasil se encontra e não é de hoje. Agora esse é um marco triste, porque ele demonstra o estado de exceção em que nós vivemos, um tribunal que já nem pode ser chamado exatamente nesse nome, porque não está fazendo mais justiça, está fazendo o justiçamento {...} É por isso que estamos aqui reunidos mais uma vez para dizer que o Congresso precisa tomar a sua posição e uma posição definitiva em favor da pacificação do país, isso só vai acontecer com a anistia”, acrescentou.
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União Brasil e PP
O União Brasil e o PP também se reuniram nesta terça-feira (2) para discutir a votação da anistia e a possível saída do governo, segundo o senador Ciro Nogueira (PP). O parlamentar afirmou que a definição sobre os próximos passos deve ser anunciada até amanhã.
De acordo com Ciro Nogueira, a votação da anistia é prioridade: “A anistia, isso é ponto pacífico. Nós queremos votar na anistia o mais rapidamente possível”, afirmou.
Ele ressaltou que, na sua visão, o tema já deveria ter sido analisado, já que a maioria dos parlamentares apoia a medida. Sobre a saída do governo, o senador disse que a decisão ainda está em discussão.
“Hoje durante o dia tive reunião com o Rueda aqui agora e durante o dia nós vamos tomar a decisão da data que devemos anunciar isso”.
Segundo Nogueira, os encontros entre os partidos buscam definir cronogramas e estratégias para encaminhar as pautas no Congresso. Até o momento, não há uma data oficial confirmada para a votação da anistia ou qualquer decisão sobre a saída do governo.
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Próximos Passos
As conversas acontecem enquanto o Congresso organiza as próximas etapas do processo legislativo, e os partidos avaliam estratégias para definir datas e encaminhamentos. Até o momento, não há decisões oficiais sobre o cronograma de votação.