Apoio de Bolsonaro, vice ex-comunista e marca da gestão: confira íntegra da entrevista de Nunes
Atual prefeito e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo MDB falou em entrevista exclusiva ao SBT News sobre propostas para a maior cidade do Brasil
O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), apresentou suas propostas para a maior cidade do país em entrevista exclusiva exibida pelo SBT News nesta segunda-feira (15). Nunes falou sobre a operação realizada na semana passada pelo Ministério Público para investigar a relação de empresas de ônibus da capital paulista com o PCC. O prefeito destacou que o próprio Executivo municipal pediu a investigação e aguarda respaldo judicial para rever os contratos. "Não posso romper um contrato baseado em suspeita", disse.
Além disso, Nunes falou sobre o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à sua candidatura e comentou a possibilidade de ter como candidato a vice-prefeito Aldo Rebelo, que teve uma atuação direta contra a ditadura militar e foi deputado e ministro enquanto era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Nunes também fez ataques ao deputado federal e pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL), seu principal adversário na disputa, segundo as pesquisas de intenção de voto, além de uma retrospectiva de sua gestão, iniciada após a morte de Bruno Covas, em 16 de maio de 2021.
Veja a íntegra da entrevista de Ricardo Nunes ao SBT News:
Simone Queiroz: Embora o senhor já seja o chefe do Executivo municipal, gostaria de pedir para o senhor também se apresentar à população. A sua idade, a sua formação e o que o senhor acha que o define.
Ricardo Nunes: Sou casado com a Regina, pai da Mayara, do Ricardinho e da Isabela e agora vovôzinho do Ricardinho Neto, de 1 aninho e pouco, que já vai comigo nos estádios do Palmeiras e fica todo feliz quando o Palmeiras faz gol.
Simone: Ah! Eu vi o senhor lá domingo.
Nunes: Sou empresário. Ingressei na política, no cargo eletivo em 2012, quando me elegi vereador. Mas sempre participei. Eu me filiei ao MDB quando tinha 18 anos. Quando tirei o meu título, foi o mesmo dia que fiz a minha filiação ao PMDB na época.
Vim de uma família em que meu pai chegou de Portugal com 14 anos, minha mãe, de Minas Gerais. Meu pai e minha mamãe chegaram, trabalharam bastante, chegaram no nível de classe média, classe média alta, então eu estudava na melhor escola da Zona Sul, tinha plano de saúde. Meu pai resolveu em um certo momento montar uma empresa no litoral e faliu, não deu certo. A gente volta, e aí começa uma transformação nas nossas vidas. Vou para a periferia de São Paulo, o Parque Santo Antônio. Saio da escola particular, vou pra escola pública, saio do convênio de saúde, vou para o serviço de saúde pública, saio do carro para os outros transportes. E isso me deu uma bagagem muito grande. Acho que a maior bagagem que tenho hoje é ter vivido essa situação.
Na área de empreender, tive um jornal de bairro chamado "Jornal Hora de Ação", mas montei a minha empresa de tratamento sanitário. Ela começou muito pequenininha, numa sala de um amigo meu, o dentista doutor Rogério. Peguei emprestado dele um pedacinho de 2 x 2 e, naquele cantinho, fui desenvolvendo minha atividade empresarial, e minha empresa foi crescendo. Abri em Guarulhos, Campinas, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, enfim foi crescendo.
Em 2012, fui candidato a vereador. Antes, passei por várias associações, fui presidente da Associação Empresarial da Zona Sul, de várias entidades e sociedades assistenciais. Tive uma participação muito forte na minha comunidade, me reelegi em 2016, e aí o Bruno Covas me chamou para ser o candidato a vice dele em 2020. Ganhamos as eleições.
Infelizmente, no dia 16 de maio, perdemos o Bruno Covas e me coube cuidar dessa cidade no momento mais difícil que ela vivia. Tive, naquele momento, que suportar a dor de perder um amigo, um grande irmão, e pegar a cidade para administrar no pico da pandemia, em 2021.
Simone: Vamos começar a falar da cidade. Não posso deixar de começar essa entrevista com o assunto da semana na cidade de São Paulo: a denúncia feita pelo Ministério Público do uso de empresas de transporte para lavar dinheiro do PCC. A Controladoria Geral do Município vinha investigando, que é um órgão ligado à prefeitura, já vinha investigando denúncias envolvendo as empresas. Queria saber do senhor, como o chefe do Executivo, o que que o senhor já tinha de informação sobre essa investigação.
Nunes: Muito importante, inclusive, poder ressaltar que foi a própria prefeitura quem pediu ao Ministério Público as investigações. Já no ano passado solicitei que a procuradora-geral do município, a doutora Marina Magro, e o controlador-geral do município, doutor Falcão, fossem até o Ministério Público, colocassem a nossa preocupação, levassem e colocassem à disposição todas as informações. Naquela oportunidade foram atendidos justamente pelo doutor Lincoln, que é o promotor que preside o caso agora, que é muito bem feito pelo Ministério Público. A Controladoria é um órgão da prefeitura que cuida dessas questões da gestão de combate à corrupção. A gente já vinha fazendo as investigações. Mas esse nível de poder, de identificar se a pessoa que participa da empresa tem algum envolvimento criminoso, isso somente a Polícia Civil e o Ministério Público têm condições de fazer. Por quê? Porque eles podem quebrar sigilo fiscal, quebrar sigilo telefônico, verificar patrimônio. A Prefeitura não dispõe de ferramentas para isso. Por isso a gente apoia e agradece, parabeniza o trabalho do Ministério Público.
Simone: Se a Controladoria foi quem pediu ao Ministério Público a investigação, não houve uma troca de informações durante esse período? Durante esses dois anos de investigação, o prefeito não teve nenhuma informação de que há suspeita pelo menos de que essas empresas que atendem os ônibus em São Paulo poderiam ser envolvidas com PCC?
Nunes: Indícios existem há décadas. Comentários de que a organização criminosa participa de empresas de ônibus existem há décadas. De concreto, uma condenação que faça com que a administração mude o seu contrato, que lhe dê respaldo jurídico para alguma mudança, efetivamente, não tem. Espero que agora tenha, tanto é que está tendo esse grande trabalho do Ministério Público. Agora, já no ano passado, houve uma ação da Polícia Civil do Estado de São Paulo em empresas de ônibus. Houve apreensão, até foi uma coisa muito complexa, porque eles prenderam alguns ônibus e eu pedindo: “deixa os ônibus”. Porque retirar ônibus atrapalha a população, inclusive agora nessa operação.
Simone: Mas continua rendendo para eles, não?
Nunes: O importante é o atendimento da população. É essa visão de atender a população. Essas duas empresas empregam mais de 4.500 funcionários e atendem mais de 700 mil passageiros por dia. Minha preocupação principal é manter o transporte coletivo funcionando e, paralelo a isso, ter a contribuição do Ministério Público para saber o que há realmente. Até agora são investigações, o que existe são suspeitas. Se houver a comprovação, que a gente possa ser comunicado, para que eu possa tomar as atitudes.
A gente é o maior interessado nas investigações do Ministério Público. O maior interessado é a Prefeitura de São Paulo, para que, se realmente se confirmar alguma participação de alguém com crime organizado, que a gente possa afastar, rescindir contrato. Porque o que tem de operação das empresas está funcionando. Existe um contrato para fornecimento dos ônibus, os ônibus saem, tem os funcionários, tem toda a estrutura para atender a população. É muito importante esse trabalho do Ministério Público, ninguém mais do que eu está torcendo para aquele seja concluído o quanto antes.
Como sempre teve os indícios, não posso atuar, não posso romper um contrato baseado em suspeita, porque as pessoas estão lá em processo de defesa. Mas tenho esperança e expectativa que, dessa vez, eles vão, com essa grande operação, diz Nunes.
Simone: Há dois anos, pelo menos, o Denarc, Departamento de Narcóticos, já tinha feito uma denúncia numa coletiva de imprensa afirmando que quem comandava a Up Bus, uma das empresas agora denunciadas, eram cinco chefes da facção criminosa. Ou seja, como o senhor disse, a polícia tem o poder de investigar. Com base nessa informação, já não foi possível a própria investigação da Prefeitura avançar nesse sentido? Porque tinha uma informação concreta da polícia.
Nunes: Tinha a informação sobre uma suspeita. A pessoa pode se defender, como todos nós temos direito à autodefesa. A pessoa pode se demonstrar que havia ali um equívoco e que ela é inocente. Como pode acontecer ao contrário, que seja realmente comprovado. Aquilo que falei, são décadas que isso existe. Eu espero e parabenizo o Ministério Público que, agora, de uma vez por todas, possa, com essa grande investigação liderada pelo Doutor Lincoln, concluir se existe realmente ou se vai continuar. Como sempre teve os indícios, não posso atuar, não posso romper um contrato baseado em suspeita, porque as pessoas estão lá em processo de defesa. Mas tenho esperança e expectativa que, dessa vez, eles vão, com essa grande operação. Confio muito no Ministério Público, na Justiça, para a gente poder de uma vez por todas resolver essa situação e, se houver o envolvimento, podemos fazer uma mudança de contrato, nova licitação, enfim, tomar as ações necessárias.
Simone: Fontes do Ministério Público informaram ao SBT que existe envolvimento de agentes públicos e de políticos locais. Essa informação é surpreendente para o senhor?
Nunes: Não é surpreendente. O que o que a gente precisa é ter muita cautela. Por exemplo, você falou da Up Bus, fui pessoalmente na empresa Transwolff, e depois na Up Bus. Peguei o meu pessoal aqui, que designei para fazer a intervenção, perguntei a eles: como é que está a empresa? Todo mundo registrado? Os ônibus estão lá? Os pagamentos são feitos antecipadamente? Pagam as férias antecipadas? Tudo do ponto de vista de administração, que é o que compete à prefeitura de São Paulo, está correto.
Simone: Agora, não dá para fechar os olhos para outra parte.
Nunes: De forma nenhuma. Jamais fecharemos os olhos. A gente precisa, e tenho pedido, que o Ministério Público acelere as investigações, dando as informações que eles precisarem, toda a nossa equipe à disposição do Ministério Público. Fechar os olhos, jamais. Jamais vamos aceitar que um serviço público, mesmo que esteja sendo bem realizado, tenha um envolvimento de alguém do crime organizado.
Agora o que tem hoje, a gente já tem muita transparência nisso, é uma suspeita. Não existe uma condenação. Você falou do Denarc, quanto tempo faz isso?
Simone: Dois anos.
Ricardo Nunes: Teve alguma condenação? Então, é isso que a gente precisa ter e até aproveitar esse nosso bate-papo para as pessoas entenderem que a celeridade desse processo é fundamental. Que a gente possa realmente ter a condenação, se realmente eles são culpados os envolvidos. E aí, a gente poder afastar e tirar da empresa ou contratar outra empresa. Não existe ninguém mais interessado no esclarecimento disso do que a Prefeitura, em especial o prefeito de São Paulo.
Simone Queiroz: Vou fazer a última pergunta desse tema, mas aproveitando que o senhor citou a Transwolff. O pessoal fez um pedido ao Ministério Público para esclarecer o contrato da Transwolff com a Prefeitura, no que diz respeito ao transporte aquático. Esse contrato que, aliás, não está podendo ser executado neste momento porque o serviço está suspenso, mas por uma outra questão, uma questão ambiental. Não houve licitação para que a Transwolff passasse a cuidar desse transporte aquático na Billings?
Nunes: O pessoal que você está citando é o pessoal da oposição. É quem vai disputar comigo a eleição. Estamos em ano eleitoral e a gente precisa tomar um pouco de cuidado com relação ao uso…
Simone: Não, mas é legítimo saber se houve licitação ou não. Acho que é do interesse de todos.
Nunes: É que, na verdade, as pessoas sabem. Ali, a licitação do transporte público ocorreu em 2019, foram 32 empresas em 32 lotes. Aquele lote onde está a região geográfica, o perímetro da Represa Billings, é justamente o perímetro de atuação da empresa Transwolff. Se fosse a empresa Sambaíba, se fosse a empresa Bola Branca, se fosse a empresa Gatusa.
Simone: De outra área
Nunes: É porque ela está dentro daquele território que já tem a concessão. Se eu colocasse um ônibus aqui na região, por exemplo, do centro de Perus, onde é a Santa Brígida. Se eu fosse aumentar uma linha porque aqui não tem represa, seria a Santa Brígida que pegaria, porque é esse o sistema, o formato do transporte. Foi feita a licitação por regiões, cada empresa atua naquela região. Então não existe nenhuma irregularidade, existe somente uma infeliz coincidência de que justamente a empresa que faz aquela região está colocada ali. Aproveitando, que dessas informações, esse rapaz que vai concorrer comigo, esse dissimulado que mente muito do seu Boulos.
Simone: O senhor se refere ao pré-candidato do PSOL? Nunes: É. Ele fez vídeos falando: “Olha, a prefeitura mandou dinheiro para empresa envolvida com PCC”. A prefeitura não envia dinheiro para empresa envolvida com PCC. A prefeitura remunera o serviço que a empresa presta para a população. Quando ela faz o transporte a partir de um contrato, tenho que remunerar. Não existe nenhuma situação. A gente precisa tomar um pouco de cuidado, nesse momento, de pessoas que agem de má fé, são pessoas irresponsáveis. Para a gente poder ver que é um cenário de ano de eleição, a gente poder fazer as ações necessárias, como deve ser, apoiar o Ministério Público, desejar que se esclareça tudo, mas tomar cuidado com um pouco do uso para as questões eleitoral. Simone: Uma pesquisa recente do Datafolha indica que uma das grandes insatisfações da população paulistana tem relação com a zeladoria da capital paulista. Principalmente, a questão dos buracos nas ruas. Neste momento, a gente vê uma São Paulo repleta de obras, de consertos de ruas, de vias, justamente onde têm esses buracos. O que, de certa forma, também tem causado um caos no trânsito. Parece que está tudo concentrado agora. Não tinha um orçamento para poder ter feito isso ao longo da sua gestão, para que não ficasse essa sensação de que tudo foi deixado para o final? Nunes: Lá atrás não tinha orçamento. Assumimos a prefeitura em 2021, a gente teve, e fizemos corretamente, de colocar bastante energia na questão do combate à pandemia da Covid-19. Na cidade de São Paulo, não teve ninguém que ficou sem enfermaria, ninguém ficou sem UTI, ninguém ficou sem oxigênio. Nós nos tornamos a capital mundial da vacina, foi a capital que mais vacinou no mundo. Acho que a gente deu um exemplo para o Brasil e para o mundo. Agora, a gente tinha uma questão de caixa. Para se ter uma ideia, este ano 2024, teremos R$ 16 bilhões de investimento. Ano passado foram R$ 14 bilhões de investimento. Ano retrasado, R$ 8,5 bilhões de investimento. Para ter um comparativo, qual foi o maior investimento fora esses anos? Em 2020, de R$ 4,1 bilhões. E por que que a gente chegou nesta capacidade de investimento? O prefeito Bruno Covas já vinha fazendo um trabalho, a gente deu continuidade e a cidade chegou no patamar importante de capacidade de investimento. A Fitch, que é a agência internacional que classifica os países, estados e municípios, nos deu a classificação nesse quesito de “triple A” três “As”. Alto nível de investimento, baixo nível de endividamento. E o que que a gente teve que fazer? Fiz a reforma da previdência, a negociação, na época, era com o presidente Bolsonaro, com a dívida do governo federal. Devíamos R$ 25 bilhões, resolvemos essa situação. Eu pagava R$ 280 milhões por mês, resolvi essa dívida. Acabei com a empresa que cuidava da coleta de lixo, uma vez que o serviço é de concessionária. Passei para uma agência enxuta, mandei todo mundo embora. Ou seja, muitas ações, inclusive a questão de atrair para cá empresas. Queria ser curto na resposta, mas é tão complexa… Só para a gente ter uma ideia, de 2021, do início da nossa gestão, até dezembro de 2023, 47 mil empresas que já existiam, estavam em outros estados e municípios, vieram para São Paulo. Abriram novas 367 mil empresas. Isso fez com que, mesmo quando reduzi vários impostos, a capacidade de arrecadação aumentou, porque atraí muitas empresas, o que gerou emprego e renda. Isso sem aumentar imposto. Além dos eventos que a gente identificou na cidade. São muitos eventos. E, hoje estamos com o maior programa de recapeamento da história da cidade, o maior programa habitacional, o maior programa de abertura de equipamentos de saúde. Acabei de vir agora de um evento importantíssimo. Dei início à obra da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Anhanguera e também da UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Rosinha e da do Recanto dos Humildes, além de ter inaugurado o 19° Descomplica na cidade de São Paulo. Hoje, temos 1.800 obras acontecendo simultaneamente. Então, é um processo que a gente conseguiu elevar a cidade para sua capacidade de investimento, que dão transtorno, eu sei, mas vai melhorar a qualidade de vida das pessoas. Simone: O senhor mencionou o programa habitacional, o que o senhor pode falar sobre isso? Esse é um problema clássico na cidade de São Paulo, senão, a gente não veria tantas pessoas vivendo em situação de rua ou indignamente. O que o senhor tem a apresentar com relação a isso? Nunes: Para os nossos espectadores poderem ter uma entrevista aqui bastante didática de compreensão, queria fazer só um comparativo. Gestão de 2013 a 2016, quantos imóveis foram entregues? 5.500. Não vou nem falar o partido, só para poder ter um comparativo. Não precisa nem dizer que foi o PT. Eu já entreguei mais de 10 mil chaves. Estamos com quase 20 mil unidades em construção, a gente vai chegar até o final do ano entregues, em obras e programados para início de obras, a mais de 100 mil unidades habitacionais. E em todas as áreas, estamos fazendo o maior problema habitacional. Ontem, por exemplo, fiz uma agenda para visitar um dos empreendimentos do “Pode Entrar Entidades”. Foram convênios que a prefeitura de São Paulo fez com as entidades de moradia sérias, aquelas que não invadem, aquelas que realmente têm a luta habitacional e que buscam o resultado. Nessa unidade que fui visitar, ali do lado da Folha de S. Paulo, entre a Folha e o parque ali do centro… como é que chama aquele parque, meu Deus do céu, inaugurei ontem, inclusive. Parque Princesa Isabel. Ali estão sendo construídos 131 apartamentos nesse modelo. As pessoas que são da entidade vão pagar quanto? Até 15% da sua renda familiar. E é destinado somente para as pessoas de baixa renda, quem ganha até três salários mínimos (HIS 1). Olha o quanto de avanço a gente está tendo, real, para poder fazer com que as pessoas tenham o sonho da sua casa própria realizado. Simone: O senhor falou do centro da cidade, então vamos falar da Cracolândia. Entra prefeito, sai prefeito, a questão da Cracolândia não se resolve. Até, se a gente pensar bem, se amplia. Recentemente, fizemos uma série de reportagens aqui no SBT mostrando, por exemplo, como os usuários que catam o lixo reciclável, além de alimentar o tráfico, também alimentam uma máfia de empresas que compram esse lixo, e, de certa forma, fazendo um trabalho que talvez a própria prefeitura devesse fazer: recolher esse lixo reciclável. O senhor vai resolver o problema da Cracolândia, caso seja reeleito? Nunes: Estamos no processo de solução. Eu e o governador Tarcísio colocamos como uma meta fazer esse enfrentamento. Como? Primeiro oferecer para eles o tratamento médico, usando a nossa agente de saúde de assistência, fazendo abordagem e oferecendo o tratamento. Hoje, temos mais de 2.500 pessoas em tratamento ou nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), ou nas nossas comunidades terapêuticas, ou no Centro de Tratamento Prolongado. Por uma coincidência, ontem inaugurei um Centro de Tratamento, o 16º da cidade, que é "Da Porta de Saída", onde as pessoas passam por algum desses equipamentos e, quando ele está pronto para poder ter um atendimento diferenciado, de se preparar para conseguir um emprego, ele possa ter essa oportunidade. Importante as pessoas entenderem o seguinte: Cracolândia é um problema de 30 anos. Há 30 anos existe a Cracolândia. Entre 2013 e 2016, se você colocar no Google, Cracolândia 2015, por exemplo, vai ver que lá tinha 4.000 usuários. Aquelas tendas, aquelas lonas terríveis com o tráfico de drogas. Hoje tem em torno de mil, menos de mil. Simone: E continua tendo tráfico. Nunes: A gente está no processo intenso de prisão de traficante. Inaugurei o parque Princesa Isabel, onde, se você visse as imagens de dois, três, quatro anos atrás, era uma coisa terrível. Aquele monte de lona e as pessoas fazendo ali o tráfico de drogas. Ficou lindo, uma coisa maravilhosa, as crianças brincando. É um processo contínuo, mas estamos enfrentando. Simone: Era a prefeitura de João Dória e Bruno Covas. Nunes: Sim, é por isso que falei, a gente tinha quatro mil, aí foi foi caindo para três, dois. É um processo que veio sendo desencadeado. Dei continuidade naquilo que o Bruno Covas vinha realizando, e tem uma coisa importante que é a transparência das ações da Prefeitura com vocês da imprensa e com a sociedade. Criei um site onde, todos os dias, publico a contagem das pessoas que estão lá. Todos os dias tem a contagem, em que rua estão, quantas pessoas. Todos os dias tem prisão de traficante, a gente ampliou muito as ações da Guarda Civil Metropolitana, da operação delegada da Polícia Militar, da Polícia Civil. E hoje, se aquelas pessoas quiserem aceitar o tratamento, vamos dar condições de tratamento para todos. Tem uma coisa só para gente poder entender esse contexto. Eram 4.000 lá na época do PT, hoje tem em torno de mil. Simone: Não, da época do PT, 4 mil, o senhor estava se referindo à época do João Dória. Nunes: 2015 ainda era PT. O que a pesquisa da Unifesp nos traz hoje? Que essas pessoas que estão lá, olha que interessante: 39% estão há mais de 10 anos e 57% há mais de 5 anos. Quando você foi tratando, tratando, tratando, agora esses que ficaram, aqueles que têm maior resistência de aceitar o tratamento. Mas não vamos desistir. Vamos continuar combatendo o tráfico, prendendo o traficante e oferecendo para eles o tratamento, de uma forma contínua. Hoje garanto que a situação é muito melhor do que a gente tinha há pouco tempo atrás e a cada mês a gente vai ter na situação melhorada, porque os trabalhos continuam de forma firme, contínua, com muita dedicação, muito investimento. Estamos gastando uma fortuna com isso, mas é uma questão importante para a cidade de São Paulo: se livrar da Cracolândia. E a gente vai continuar até chegar ao ponto de encerrar com esse processo. Simone: Prefeito, o senhor é bolsonarista? Nunes: Sou Ricardista, sou emedebista. Agradeço muito o presente a Bolsonaro. Quando o presidente Bolsonaro estava no exercício, toda vez que a prefeitura de São Paulo precisou, ele foi sempre muito atencioso. Essa questão da dívida foi com ele que eu negociei. Estive com ele em julho de 2021, fiz uma proposta do encerramento da dívida por meio de uma ação judicial que era de 1954, por conta da Revolução Constitucionalista de 1932, quando Getúlio bombardeou onde era o Campo de Marte. Tomou aquela área nossa, e falei: presidente Bolsonaro, isso aqui tem décadas, vamos resolver esse negócio? Vocês ficam com isso e a gente encerra a ação judicial e elimina a dívida. Simone: Mas isso o tornou um aliado dele em definitivo? Nunes: Não, não digo um aliado. Me tornou uma pessoa que reconhece uma ação que ele fez para a cidade. Ele vai me apoiar, é muito importante. Trabalho bastante para poder ter esse apoio do presidente Bolsonaro. Simone: Isso já está certo, o senhor é o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro na cidade de São Paulo? Nunes: Não vi da boca dele ele dizer isso, mas todos que estão ao redor dele têm me falado. Tenho acompanhado, creio que isso vai acontecer, até porque Ricardo Salles, que é um grande neputado, não será candidato pelo PL. Portanto, naturalmente, passa a me apoiar. Eu desejo muito, é muito importante ter a união do centro, que é o meu campo, com a direita, para a gente poder vencer a extrema-esquerda. Ainda mais quando é um candidato tão agressivo que invade, que quebra. Simone: Quem é o vice dos seus sonhos? Nunes: É alguém que conheça muito a cidade, que seja apaixonado por essa cidade como eu e possa ter uma capacidade de unir essa grande frente ampla que nós constituímos. Simone: E quem o senhor vislumbra hoje? Nunes: Ah, tem vários nomes. O Aldo Rebelo é um nome. Simone: Mas o Aldo Rebelo é um ex-comunista. Como é que vai combinar aí com os bolsonaristas? Nunes: O Aldo Rebelo foi presidente da Câmara Municipal, foi presidente da Câmara dos Deputados, ministro... É uma pessoa de um trânsito maravilhoso. É um cara muito preparado. Conversar com o Aldo, a gente sai melhor, né? Toda a conversa que a gente tem, porque ele compartilha muita informação. Ele é uma pessoa muito bacana. Tem o deputado Tomé [Abduch], tem a vereadora Sonaira [Fernandes]. A gente tem a delegada Raquel Gallinati, tem o Coronel Melo, tem vários. Fico feliz que tem muitos nomes que querem ser meu vice. Porque o meu caso de escolha de vice é diferente do meu concorrente, que de uma forma muito democrática, uma única pessoa fala assim: "o vice vai ser essa, ponto". Bem democrático, né? No meu caso, não, preciso construir essa unidade, conversar com todo mundo, ter um nome de consenso, ter um nome que me agrade. Obviamente, o primeiro passo: vai conviver comigo, se eu for eleito, durante quatro anos. Simone: O senhor é a prova de que é muito importante escolher vice. Porque vices herdam também cadeiras. Nunes: O próprio Bruno era vice. O Gilberto Kassab havia sido vice. Simone Queiroz: Temer era vice. Nunes: Então a gente precisa realmente ter um nome bom e que seja de consenso. Sei que na hora certa vai. Sabe qual é o prazo para decidirmos isso? É lá na convenção que vai acontecer no final de julho. Estão antecipando muito esse assunto. Simone: É que está perto. Agora, entre as possibilidades, Milton Leite, que é um aliado seu de primeira hora, é um bom nome? Porque o União Brasil é importante para o senhor. Só que, se ele vier seu vice, eles têm que abrir mão de uma candidatura própria. O Kim Kataguiri, deputado, federal que também falou ao SBT News, disse que quer ser o candidato à prefeitura. Como é que se resolve isso? Nunes: O União Brasil me falou que eles vão fazer uma espécie de um plebiscito para definir se vai ter a candidatura do Kim ou se vai me apoiar. Me parece que hoje está mais forte para me apoiar, com todo respeito ao Kim, um grande deputado. O União realmente fez a indicação do Milton Leite. Se for o Milton Leite, que tem esse consenso, acho um bom nome. Tem me ajudado muito, todos os projetos que mando para a Câmara, eu tenho conseguido aprovar pelo presidente, pelos vereadores. A gente conseguiu fazer muita coisa porque a Câmara aprovou bastante rápido os projetos. Tem o PP, que indicou o delegado Olim. Vou ter um trabalho danado pra poder consolidar tudo isso e ter um nome de consenso. Simone: O senhor só não citou o PSDB que era a cabeça na formação da chapa em que o senhor foi eleito. Os tucanos já decidiram que, pelo menos até agora, não vão apoiar a sua reeleição. Tenho ouvido análises dizendo que, na verdade, essa é uma decisão que foi pautada pelo senhor, quando o senhor começou a se aproximar de Jair Bolsonaro. Entre os tucanos e Bolsonaro, com quem senhor fica? Nunes: Não existe essa possibilidade de escolha. É uma coisa que está totalmente fora do contexto. O que tem é o seguinte: o governo, hoje, é predominantemente PSDB. Toda equipe que o Bruno Covas e eu montamos, ela praticamente se mantém. Se você pegar hoje, por exemplo, o secretário da Saúde é ligado ao PSDB; da Educação é PSDB, da Justiça, do PSDB; do Trabalho, PSDB; Assistência Social, PSDB. Simone: Alguns saíram, né? Nunes: Não, eu estou falando de todos que estão hoje. Simone: Sim, mas o senhor já teve outros que saíram. Nunes: Por exemplo, na Casa Civil, era o Trípoli, que saiu para ser candidato, entrou o Fabrício Covas, que é do PSDB. Do Trabalho, saiu a Aline Cardoso que era do PSDB, entrou a doutora Eunice, que é do PSDB. O governo hoje predominantemente é do PSDB. Como é que alguém vai querer disputar contra um governo dele? Não tem sentido. Tanto é que o PSDB raiz, os movimentos aqui, fez vários encontros de apoio a mim. Você pega a fala do Tomás Covas, filho do Bruno Covas. Domingo passado, foi o lançamento do livro. Aí minha esposa, a Regina, saiu chorando e eu falando: "por que você está chorando,?" Tanta emoção a dedicatória do Tomás para a Regina. “Agradeço por tudo. Você é minha segunda mãe”. Essas coisas, de carinho, de respeito, de eu ter honrado a memória do Bruno. Acho que isso vale. Agora, se tem uma pessoa ou outra, que está no PSDB para poder querer fazer algum jogo comigo, não vou entrar nessa. Tenho falado com o Aécio Neves, tenho falado com Marconi Perillo, tenho falado com o Duarte Nogueira, que é o presidente da Federação. O PSDB vai vir com a gente. A gente vai superar esses alguns que queiram ficar pondo algum entrave. E tem aqueles que acabei tendo que mandar embora. Mandei embora e vai ser contra mim. E você manda embora porque tem motivo, né? Simone: Essa questão de honrar a memória do Bruno Covas. Na campanha, o Bruno prometeu 40 quilômetros de corredores de ônibus. Pergunto ao senhor: quantos o senhor fez? Nunes: Estamos com plano de metas bem avançado. O plano de metas tem que sempre ter adequação. Você quer ver uma coisa importante? Faixa azul, não tinha no plano de metas. Quando fiz o primeiro faixa azul na 23 de Maio e o resultado foi sensacional, coloquei como meta 200 km. Já fiz 80, faltam 120, que vou fazer até o final do ano. Então, o plano de metas, você tem que entender que ele tem que atender à necessidade da população. Se você tem algo inovador, que é importante, que você precisa realizar... Por exemplo, o Armazém Solidário não estava no plano de metas. A gente, depois da pandemia, viveu uma necessidade muito grande de tratar bem a questão da segurança alimentar. O que é o Armazém Solidário? É um projeto onde as pessoas do CAD Único vão lá e compram um produto pelo preço de custo, com 30%, 40%, 50% de desconto. Por exemplo, a gente não tinha a questão do Cozinha Escola. Hoje tenho 80 entidades que fornecem 400 refeições cada uma, porque foi necessário fazer as adequações. A gente identificou de que era preciso trazer para a população. Eu não podia ficar preso, tenho que ter o plano de metas como o meu horizonte, mas, quando tenho necessidade de fazer adequações para atender a população, é de fundamental importância. Simone: Mas e os corredores, quantos quilômetros o senhor fez? Nunes: Os corredores, a gente já deve estar com… porque você tem o corredor e a faixa exclusiva. Somando o corredor e a faixa exclusiva, já tem mais de 40 km realizados. Simone: Vamos falar de educação. O desempenho dos alunos da rede municipal no Ideb, que é o Índice de Desenvolvimento da Educação, caiu, e havia meta de aumentar. Recentemente, tivemos greve dos professores, que terminou na semana passada. Qual é a educação que o senhor estabelece como meta caso seja reeleito? Nunes: Tenho bastante orgulho da educação. Hoje tem 2 milhões de crianças no Brasil que não têm vaga de creche. Em São Paulo, tem vaga de creche para todas as crianças pelo 4º ano consecutivo. Todas as crianças, esse país chamado estado de São Paulo de 12 milhões de habitantes, todos têm vaga de creche, com cinco refeições por dia, os professores valorizados, que a gente precisa valorizar mais, mas avancei bastante. Sabe quanto era o salário, o piso do professor? R$ 3.800. Hoje é R$ 5.550. Simone: Mas eles não foram atendidos agora na reivindicação salarial, queriam um índice bem maior do que o que foi aplicado. Nunes: Sindicato, né? Vamos ser objetivos, de 2021 até agora. Quanto foi a inflação? 20%. Quanto foi o aumento do salário mínimo? 16%. Quanto foi o aumento dos professores? 44,4%. Estou falando aqui para você na televisão, é uma entrevista. A população, evidentemente, vai perceber que fiz uma grande valorização da educação. Não tem nenhuma criança fora de creche. Estamos construindo 12 CEUs. As nossas creches, 85% são por meio de convênio. As professoras, pedagogas das creches da rede conveniada, ganhavam R$ 2.600 em 2022. Hoje, ganham R$ 4.440. Olha o tanto de avanço que a gente teve, e não tem criança sem vaga de creche. Ainda acho que precisa mais, mas é inegável que a gente fez um grande avanço. Simone: E vaga de creche é fundamental, porque foram inúmeras reportagens de mães que precisavam entrar na Justiça para conseguir uma vaga em creches da Prefeitura de São Paulo. Mas essa questão das vagas, essa demanda já vinha sendo atendida até antes do seu da sua gestão, já tinha zerado a fila. Nunes: Não, começou com o Bruno e a gente deu continuidade. É o quarto ano consecutivo. Antes disso, eram 120 mil crianças, naquele período de 2013 e 2016, que queriam uma vaga de creche na cidade mais rica do Brasil e não tinha. Eu me dediquei muito nisso, porque é bom vir da periferia, que você sente o que é preciso. As crianças que passam pela creche têm 20% de chances a mais de assimilar o aprendizado do que quem não foi à creche. Desde um dia na barriga da mamãe até os 6, 7 anos, é a fase mais importante da formação do cérebro, das questões cognitivas. A criança que perdeu a oportunidade de passar por uma creche não tem como voltar atrás. Agora, em São Paulo, não. Todas as crianças estão tendo essa oportunidade. Porque sempre falei, eu que vim da periferia, as pessoas precisam de oportunidade. Alguém que dê a mão, dê oportunidade, aí ela vai. Simone: Vamos falar de saúde agora. O senhor está satisfeito com a saúde que a cidade de São Paulo oferece hoje ao munícipe? E o que que o senhor pretende como meta? Nunes: Não, a gente tem que avançar muito. Avançamos bastante. O orçamento da saúde em 2019 era de R$ 9 bilhões, hoje são de R$ 22 bilhões. Desse total, 84,15% dinheiro da prefeitura de São Paulo. Recebemos só 14% do governo federal. Ao longo dos anos, não só São Paulo, mas todas as cidades foram recebendo um número menor de repasse do governo federal. Então, o nosso exercício é muito maior. Mas deixa eu dar um dado bastante interessante que vocês vão gostar aqui do SBT. A cidade de São Paulo foi fundada em 1554. Até 2020, 466 anos. Quantos hospitais em 466 anos? 20. Quantos tem hoje? 30. UPAs, até 2016 tinham quantas? 3. Quantas tem hoje? 25. De 2017 até agora, foram feitas, portanto 22. Das 22, inaugurei 11. Este ano ainda inauguro mais nove, e se vocês decidirem, se Deus ajudar, permitir, ano que vem em inauguro mais 10. Olha o quanto a gente ampliou. Centro de dor crônica, dor é uma coisa terrível... Sabe quantos centros de especialização em dor crônica tinha em São Paulo? Nenhum. Inaugurei seis. Centro de Tratamento para pessoas trans. Quantos tinham? Nenhum. Inaugurei o centro de tratamento para pessoas trans. Eu sei que tem muita coisa para fazer... Simone: O que tem para fazer? Porque muita gente reclama da da espera, de ficar no posto, tentar consultas, de não conseguir fazer exames... Nunes: Não conseguir fazer exames, a gente precisa ampliar os equipamentos, estou fazendo. Além das que vou entregar agora, as 10 UPAs que vou inaugurar, e vou inaugurar mais 10 ano que vem, porque estão em obras. Vou inaugurar mais de 17 UBSs, hoje nós temos 471. Já entregamos 20, e vamos entregar mais 17, ampliar os equipamentos de saúde, e precisaria também que o governo federal ajudasse um pouquinho. Simone: O senhor acha que o governo federal, na gestão Lula, não está tendo uma boa relação com a cidade de São Paulo? Nunes: A relação boa tem, a boa vontade, tem, o que não é resultado efetivo. Pega a Dengue, não tem vacina. Se tivesse vacinado ano passado, a gente poderia hoje estar em uma situação diferenciada. A questão da diminuição do repasse, não é só do governo Lula, já que vem dimuindo há algum tempo. A gente precisa corrigir a tabela SUS, precisa ter uma ajuda do governo federal. A gente fala do SUS, é maravilhoso. Eu defendo, você defende. A ideia que se tem é de que o governo gederal é que banca. Olha, 84,15% dos R$ 22 bilhões do orçamento da Saúde é dinheiro da Prefeitura. Só vêm 14% do governo federal. Pega a Assistência Social, ano passado o orçamento foi de R$ 2,3 bilhões. Sabe quanto recebi do governo federal? R$ 40 milhões. É tão bom essas entrevistas para as pessoas terem essas informações e entenderem a importância de ter uma gestão séria com responsabilidade fiscal. Quando abro esse monte de equipamento de saúde, tenho que manter aberto. Vou dar o exemplo de uma UPA. A UPA Carrão, última que inaugurei: 365 funcionários. Quanto custou para construir? R$10 milhões é a média de custo para construir uma UPA. Qual é o custeio por mês? R$ 5 milhões. A gente precisa ter uma gestão eficiente, que possa realmente cuidar da questão fiscal. Fico vendo às vezes os adversários falando, como falam besteira. Falta muito conhecimento da cidade, de entender a responsabilidade que é cuidar de R$ 110 bilhões. E mais dos que os R$ 110 bilhões é cuidar de 12 milhões de pessoas. Simone: Quero aproveitar esse gancho que o senhor acabou de dizer que como é difícil ter preparo para para administrar uma cidade. Como é que é essa saia-justa de ter Marta Suplicy, que foi secretária de assuntos internacionais na sua gestão, concorrendo na outra chapa com Guilherme Boulos. Não fica complicado dizer que há um despreparo ali com o currículo dela e pelo próprio fato de ela ter feito parte da sua gestão? Nunes: Olha, quem vai governar é o candidato, né? Simone: Vices também governam. Nunes: Só se a pessoa sair, né? No meu caso, infelizmente a gente perdeu o Bruno... Simone: Mas antes de assumir, o senhor não fazia nada na Prefeitura, quando o Bruno ainda estava vivo? Nunes: Fazia. Ele me designou para coordenar a questão do combate à fome, na distribuição das cestas básicas. A gente estava na pandemia. Momento difícil, viu. Mas, da Marta, ela trabalhava comigo durante três anos. Aí, de repente... Aí é a população que vai avaliar, se isso é correto ou se não é. Você gostaria que alguém que trabalhasse com você três anos de repente....Aí é a população que vai avaliar se isso é correto. É uma avaliação da população. Eu tenho bastante consideração por ela, desejo muito boa sorte, mas não foi correto. Simone: Eu usei muito a questão do preparo... Nunes: Do preparo? Esse rapaz nunca administrou um carrinho de hot dog. A vida dele, se você entrar no Google "Boulos Fiesp", vai dar lá que ele depredou e falou "olha, quebramos e vamos quebrar mais, quebrei pouco". Como é que vai atrair empresa para cá com essa relação? Se você colocar lá "Boulos Ministério da Fazenda". Ele invadiu o Ministério da Fazenda. Lá na Zona Sul, por exemplo, tem uma questão muito importante, muito cara para todos nós que é a questão do meio ambiente. A gente precisa cuidar do meio ambiente, preservar as áreas ambientais. Uma das invasões que ele liderou foi na Nova Palestina, em 2013 – olha que nome: Nova Palestina. Derrubou as as árvores do lado da represa Guarapiranga, área de Proteção Ambiental, Simone: Mas ele é deputado federal hoje... Nunes: Quero que as pessoas saibam quem é ele. O que ele tem de experiência, o que ele fez na vida. Questão de segurança: Ele é favor da desmilitarização [da polícia]. Eu valorizei a GCM (Guarda Civil Metropolitana). Dei 74% de aumento para o GCM inicial. Ele é favor da liberação de drogas, sou contra. Ele é a favor das saidinhas, sou contra as saidinhas. Então são perfis muito diferentes. Acordo muito cedo e durmo muito tarde. Eu trabalho todos os dias, ele não é muito chegado em trabalho. Ele invadiu propriedades. Estou dando um caso concreto, que aconteceu há 11 anos, Nova Palestina. Passei lá outro dia, tem uns 80 barracos de lona azul e preta. Estou fazendo o maior programa de habitação da história da cidade. É isso, ter a diferenciação de como pensa um, como pensa o outro, como age, quem tem capacidade. Isso aqui é um país, o gestor, o prefeito dessa cidade, a ação dele repercute na vida de 12 milhões de pessoas. Simone: Qual é a marca da gestão Ricardo Nunes? O que o senhor quer deixar? Nunes: A marca de alguém que trabalha muito e que está dando resultado. Trabalho e resultado. Trabalho e resultado. Se a gente ficasse aqui mais uma, duas, três horas, eu ia falar resultado na área do meio ambiente, na área do transporte, na área da saúde. A gente sabe que tem muita coisa para fazer, mas, quando você tem uma equipe boa, tem competência, tem compromisso e trabalho, o resultado vem.