Oposição pede fim do recesso, diz que Bolsonaro vai se calar e que Michelle vai liderar a direita
Deputados e senadores fizeram pronunciamento na tarde desta sexta, após cumprimento de medidas cautelares contra o ex-presidente em operação da PF

Hariane Bittencourt
Parlamentares da oposição convocaram uma entrevista coletiva de última hora nesta sexta-feira (18), primeiro dia do recesso parlamentar, para repercutir a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que agora terá de usar tornozeleira eletrônica e respeitar uma série de restrições após operação da Polícia Federal (PF) em Brasília.
+ Bolsonaro diz que "nunca" pensou em sair do Brasil e chama operação da PF de "suprema humilhação"
Congressistas adiantaram que vão formalizar aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), um pedido pelo fim do recesso. "Vamos fazer, na segunda-feira, uma reunião na liderança do PL [Partido Liberal]. De lá vamos pedir o fim do recesso branco e uma reunião com o presidente Motta", afirmou a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), vice-líder da minoria na Câmara.
Durante a entrevista, os parlamentares leram um manifesto conjunto em repúdio às medidas cautelares aplicadas a Bolsonaro e à atuação do STF. "O que temos hoje em curso no Brasil é uma perseguição política. Nada tem base no estado democrático de direito. Vivemos um estado de exceção", diz um dos trechos do documento lido pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do PL no Senado.
+ Bolsonaro confessou tentativa de extorsão contra a Justiça, diz Moraes em decisão
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou que, após a ação de hoje, o ex-presidente vai optar pelo silêncio. E que será temporariamente substituído pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). "Bolsonaro vai se calar e quem vai nos conduzir neste momento é a maior líder da oposição que esta nação já viu", afirmou em referência à Michelle.
O vice-líder da oposição na Câmara, Coronel Chrisóstomo (PL-RO), disse que Bolsonaro é alvo de perseguição e, parabenizando os militares brasileiros pelo golpe de 1964, pediu: "Forças armadas, estejam ao lado do povo brasileiro".
+ Estrategista de Trump declara apoio a Bolsonaro após operação da PF
Questionado por jornalistas se a fala significava um pedido por uma intervenção militar no país, ele se calou.
Recesso mantido
Em um comunicado divulgado à imprensa nesta tarde, já após a manifestação da oposição, Davi Alcolumbre, reforçou que o recesso parlamentar de julho está mantido. "Durante as próximas duas semanas, não haverá sessões deliberativas nem funcionamento das comissões", diz o texto.
Ele continuou afirmando que "as atividades legislativas serão retomadas na semana do dia 4 de agosto, com sessões deliberativas no plenário do Senado e nas comissões".
Hugo Motta foi na mesma linha. "O presidente da Câmara dos Deputados informa que o recesso parlamentar de julho está confirmado, conforme previamente estabelecido. A pausa nas atividades legislativas será acompanhada por uma série de intervenções estruturais com o objetivo de modernizar e qualificar os espaços da Câmara", afirmou.
+ Alcolumbre e Motta contrariam PL e mantêm recesso parlamentar no Senado e na Câmara