Moraes diz que vivemos "odiosa e nociva polarização, insuflada pelas redes sociais"
Em evento no Rio, ministro acrescentou que polarização gera reflexos econômicos e sociais

Vicklin Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (22) que o Brasil vive uma odiosa e nociva polarização política, que gera reflexos em diversos setores. A declaração aconteceu durante o 24º Fórum Empresarial do Lide, no Rio de Janeiro.
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"Temos uma grande desigualdade social e temos, por óbvio, uma nociva polarização política, que gera reflexos econômicos, gera reflexos sociais, gera reflexos pessoais e que precisamos superar", disse o ministro.
Durante seu discurso, Moraes destacou os 40 anos da redemocratização brasileira e relembrou a trajetória política do país. Segundo ele, o Brasil carrega um histórico de golpismo desde Marechal Deodoro, que pôs fim ao regime monárquico em 1889.
"Se não fosse essa odiosa polarização, insuflada pelo ódio das redes sociais, todos os brasileiros deveriam estar comemorando que o Brasil resistiu a ataques... nesses 35 anos. Diversas provações. E chegamos, hoje, em 2025, como um Estado Democrático de Direito, com a imprensa livre, com eleições. Daqui há pouco mais de um ano teremos novas eleições, e com o Judiciário independente", afirmou Moraes.
O ministro, alvo constante de críticas de políticos bolsonaristas, incluindo pedidos de impeachment, também afirmou que "apenas um Poder Judiciário independente é respeitado" e ressaltou que a instituição “não pode fazer acordos”. Segundo Moraes, a magistratura se fortalece sob pressão. Por outro lado, o ministro advertiu: "o juiz que não resiste à pressão tem que mudar de profissão".
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Mais cedo, no mesmo evento, outro ministro do STF, André Mendonça, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que um bom juiz deve ser reconhecido pelo respeito e não pelo medo. Mendonça também disse que as sentenças proferidas por um bom magistrado devem levar à paz social e não ao "caos, incerteza e insegurança".
Segurança como desafio e reforma no Judiciário
Durante seu discurso, o ministro afirmou que o maior desafio do Brasil nos próximos anos será garantir segurança institucional, jurídica e pública. Segundo Moraes, a polícia tem que fazer o trabalho dela, mas a Justiça também.
O ministro defendeu reformas no Poder Legislativo e no Judiciário e disse que o crime organizado é intermunicipal, motivo pelo qual a Justiça deveria ser regionalizada.
“Segurança institucional, segurança jurídica e segurança pública. Se os poderes se unirem em torno disso, junto à sociedade civil, nos próximos dez anos daremos um salto gigantesco no Brasil”, declarou.