Moraes diz "não ser normal" Bolsonaro se reunir com militares e ministro para debater minuta de golpe
Moraes ainda declarou não haver "mais nenhuma dúvida" de que Bolsonaro "conhecia, manuseava e discutiu" documento da trama golpista
Felipe Moraes
Vinícius Nunes
Paola Cuenca
O ministro relator do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da denúncia sobre trama golpista, Alexandre de Moraes, afirmou, nesta quarta-feira (26), "não ser normal" o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter se reunido com militares ex-chefes das Forças Armadas e ex-ministro da Defesa para "tratar de uma minuta de golpe".
Moraes ainda declarou não haver "mais nenhuma dúvida" de que Bolsonaro "conhecia, manuseava e discutiu sobre a minuta de golpe". "O fato, as interpretações sobre o fato vão ocorrer durante a instrução processual penal. Se ele analisou e não quis, isso será no juízo de culpabilidade. Mas não há dúvida de que ele tinha conhecimento da minuta de golpe que foi apreendida."
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Ele é o primeiro magistrado da Primeira Turma da Corte a votar para aceitar ou rejeitar acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Não é normal é que o presidente que acabou de perder uma eleição se reúna com o comandante do Exército, comandante da Marinha e ministro da Defesa para tratar de uma minuta de golpe. E essa reunião foi comprovada também, vou colocar, aqui foi comprovada com o controle de entrada e saída de pessoas do Palácio do Alvorada", descreveu Moraes.
O ministro citou documento com comprovações de "entrada e saída" de autoridades do Alvorada em dezembro de 2022. Também apontou nomes de Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e almirante de esquadra Almir Ganier Santos, ex-comandante da Marinha, chegando e saindo do local "em horários muito próximos".
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A terceira e última sessão da Primeira Turma do STF finaliza hoje análise da denúncia da PGR contra Bolsonaro e sete aliados dele, entre ex-ministros e militares ex-chefes das Forças Armadas, membros do chamado "núcleo crucial" da trama golpista.