Ministra das Mulheres lança painel sobre violência e diz que "vítimas ainda têm vergonha de denunciar"
Márcia Lopes destaca que Ligue 180 também é canal de orientação; a plataforma registrou cerca de 2.800 atendimentos por dia de janeiro a julho

Soane Guerreiro
Nesta quinta-feira (7), data em que a sanção da Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) completa 19 anos, o Ministério das Mulheres lançou um novo painel de dados do Ligue 180.
De janeiro a julho de 2025, a plataforma registrou 594.118 atendimentos – 86.025 denúncias de violência contra mulheres em todo o país. Foram cerca de 2.800 atendimentos por dia. Os chamados foram realizados por ligação telefônica (500.388), e-mail (80.038), WhatsApp (13.684) e videochamada em Libras (8). Na maioria dos casos (40.933 ou 47% das denúncias), o suspeito era parceiro ou ex-parceiro da vítima.
Segundo a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, há um diálogo com as demais pastas, Estados e municípios para aumentar a rede de apoio às mulheres no país. O Ministério vem monitorando casos emblemáticos e de grande repercussão no país ainda sem desfecho. "Tem que ter pressão em tudo", afirmou Márcia a jornalistas em Brasília.
A ministra esclareceu ainda que, apesar do volume de denúncias, a maior parte dos atendimentos do Ligue 180, ao longo de 2025, foi para prestar informações e orientações sobre a rede de serviços públicos.
Denúncias via WhatsApp
As denúncias via WhatsApp começaram em abril de 2023 e vêm crescendo ao longo dos anos. Segundo a coordenadora-geral do Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, a plataforma permite que a vítima envie provas mais robustas em caso de denúncia, como áudios, vídeos, fotos e até a localização, que são encaminhadas aos órgãos de apuração.
As denúncias podem ser feitas por qualquer pessoa, de forma anônima, por meio de ligações de qualquer lugar do Brasil ou no WhatsApp (61) 9610-0180. Em casos de emergência, a Polícia Militar deve ser acionada por meio do telefone 190.
Os relatos são encaminhados para os órgãos competentes, como secretarias de Segurança Pública, da Mulher, Delegacia da Mulher e Ministério Público.