Lula defende regulação de big techs e combate à exploração sexual infantil em encontro com Noboa
Para o presidente, redes digitais não podem ser “terra sem lei”; comércio e segurança também estiveram na pauta com líder do Equador

Jessica Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (18) que a regulação das big techs é um dos maiores desafios contemporâneos enfrentados pelos Estados. Em encontro com o presidente do Equador, Daniel Noboa, em Brasília, Lula alertou para os riscos que representam à democracia e à segurança social.
“As redes digitais não devem ser terra sem lei em que é possível atentar impunemente contra a democracia, incitar o ódio e a violência. Erradicar a exploração sexual de crianças e adolescentes é uma imposição moral e uma obrigação do poder público”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.
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Sem mencionar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o tarifaço imposto pelos norte-americanos, Lula também declarou que o atual cenário global é “desafiador, em que rivalidades se agravam e instituições multilaterais são esvaziadas”.
Segundo o presidente, é preciso firmeza na defesa da independência do país para enfrentar a questão. “Para o Brasil, autonomia é sinônimo de diversificação de parcerias”, disse, acrescentando que os laços com o Equador e as demais nações sul-americanas “são prioridades” para o governo brasileiro.
“Equador e Brasil têm muito espaço para ampliar o comércio bilateral. Temos um intercâmbio de mais de um bilhão de dólares, com um superávit superior a 850 milhões em favor do Brasil. Disse ao presidente Noboa que estamos dispostos a trabalhar por um comércio mais equilibrado, reduzindo barreiras a produtos equatorianos”, afirmou.
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Crime organizado e transação energética
O presidente também abordou o combate ao crime organizado, ressaltando que Brasil e Equador têm espaço para ampliar a cooperação em segurança pública. “Só conseguiremos deter as redes criminosas que se espalharam pela América do Sul agindo juntos”, afirmou.
Lula anunciou a reabertura da adidância da Polícia Federal em Quito, capital equatoriana, e destacou ações conjuntas já em andamento, como treinamentos em investigação de crimes financeiros e medidas para coibir contrabando de armas e ilícitos transnacionais.
Na pauta ambiental, Lula enfatizou a importância da liderança sul-americana na transição energética e lembrou que tanto Brasil quanto Equador possuem matrizes elétricas majoritariamente renováveis.
“Dentro de poucos meses, na COP30, a Amazônia não estará apenas na ‘mitad del mundo’, como se costuma chamar a linha do Equador. Ela será o epicentro das soluções para o planeta”, disse o presidente, ao agradecer o apoio de Noboa ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa brasileira que busca financiar a preservação ambiental nos países amazônicos.