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Entenda como funcionam as eleições legislativas na Argentina

Votação deste domingo (26) renova parte do Congresso e será decisiva para redefinir o equilíbrio de poder e o rumo das reformas do governo de Javier Milei

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A Argentina vai às urnas neste domingo (26) para escolher parte dos novos deputados e senadores. A votação, que acontece em meio à turbulência econômica e política do país, é considerada um teste decisivo para o presidente Javier Milei e pode determinar se ele ganha fôlego político para seguir com suas reformas ou se enfrentará ainda mais resistência no Congresso.

A popularidade de Javier Milei cresceu nos últimos meses. Pesquisas recentes apontam que menos de 40% dos argentinos hoje aprovam sua gestão, o pior índice desde que chegou à Casa Rosada. O desgaste é resultado direto da combinação de arrocho fiscal, desemprego e inflação que ainda não dá sinais de trégua.

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Mas o presidente também enfrenta uma crise política dentro de casa. Denúncias de corrupção atingiram pessoas próximas, inclusive sua irmã e chefe de gabinete, Karina Milei, apontada em áudios vazados como participante de um suposto esquema de subornos. A Justiça abriu investigação preliminar, e o presidente reagiu dizendo que se trata de uma “campanha de difamação” movida por adversários.

O caso ganhou ainda mais repercussão depois que um candidato de seu partido na província de Buenos Aires renunciou por suspeitas semelhantes, mas já era tarde demais para retirar o nome da chapa, o que acabou alimentando a narrativa de crise moral no entorno do governo.

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Nas ruas, o sentimento ainda é misto: há quem apoie as medidas de ajuste fiscal, mas cresce também o cansaço com os cortes e a falta de resultados concretos na economia. O voto deste domingo, portanto, tende a refletir mais o humor da população com o presente do que as promessas do futuro.

Como é a escolha dos Deputados e Senadores?

As eleições legislativas na Argentina são realizadas a cada dois anos e renovam parte do Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados tem 257 cadeiras, e metade delas, 127, será escolhida neste domingo. No Senado, 24 das 72 vagas estarão em disputa. Isso garante uma troca constante, sem interromper os trabalhos legislativos.

Os deputados são eleitos por voto direto em cada província e na capital Buenos Aires. O sistema é por listas partidárias, ou seja, os eleitores votam no partido e não em um candidato específico. Cada partido apresenta uma lista com seus candidatos em ordem fixa.

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O número de cadeiras que cada legenda ganha depende da porcentagem de votos que recebe. Quem tem menos de 3% dos votos em um distrito fica fora. O cálculo é feito pelo método d'Hondt, uma forma de dividir proporcionalmente as vagas entre os partidos.

O Senado tem três representantes por província, mais três pela capital federal, número fixo, sem relação com a população. Os mandatos duram seis anos, e a cada eleição um terço das vagas é renovado.

Quem pode votar?

O voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos. Jovens de 16 e 17 e idosos acima de 70 podem votar, mas não são obrigados. Quem não comparece e não justifica a ausência pode receber multa e enfrentar restrições em serviços públicos.

Por que essas eleições são decisivas para Milei?

Mais do que uma simples disputa legislativa, o pleito deste domingo servirá como um termômetro político. Com uma bancada pequena, o governo Milei tenta aumentar sua força no Congresso para aprovar reformas econômicas e administrativas. A meta é conquistar ao menos um terço das cadeiras, o suficiente para bloquear projetos da oposição e facilitar decretos presidenciais.

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O mapa político em disputa

A oposição peronista, reunida na coalizão Fuerza Patria, tenta manter o controle da Câmara e frear as medidas de corte de gastos e privatizações propostas pelo governo Milei.

Uma outra força, a Provincias Unidas, formada por governadores, busca ganhar espaço e quebrar a polarização entre Milei e os peronistas.

O resultado vai indicar se Milei conseguirá transformar o discurso de ruptura em capacidade de articulação política, algo essencial para avançar com reformas estruturais em um país acostumado a crises cíclicas e mudanças bruscas de rumo.

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