“Odontologia biológica”: Prática sem base científica leva pacientes a extrações desnecessárias

Um novo golpe está circulando pela internet. Em vídeos que viralizam nas redes sociais, pessoas que se apresentam como dentistas descrevem a chamada “odontologia biológica”, alegando que dentes estariam ligados a órgãos do corpo e poderiam causar doenças graves.

Em uma dessas gravações, um suposto profissional explica: “Na odontologia biológica, eu faço a relação desta região de incisivos inferiores com o resto do organismo dela e aí, esta região está ligada a rim, bexiga, sistema urinário geral e sistema reprodutor.”

A bióloga Maria Lúcia Pereira Torres, conhecida como Malu, caiu nessa armadilha. Ela acreditou que seus problemas de saúde — como cansaço, dores no joelho e irregularidades na menstruação — estariam ligados a um tratamento de canal. O procedimento indicado foi a extração do dente.

“Eu estou sem um dente, ainda estou esperando para poder colocar a coroa. Estou só com um implante de titânio e o meu rosto ficou mais assimétrico, porque passo muito tempo mastigando só de um lado”, contou.

Apesar da divulgação, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reforça que esse tipo de prática não faz parte de nenhuma especialidade reconhecida.

O membro do CFO, Sidney Neves, explica: “Não existe essa especialidade, tampouco essa prática clínica. Esses conceitos contrariam a odontologia clássica, com embasamento científico. Não existe.”

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Sem base científica

Nas redes sociais, os chamados “dentistas biológicos” afirmam que um dente poderia causar câncer, Alzheimer e até infertilidade. Além das extrações desnecessárias, também desestimulam o uso de flúor e recomendam vitaminas, hormônios e dietas sem qualquer base científica.

A pedido do Conselho Federal de Odontologia, a Advocacia-Geral da União determinou a retirada dos vídeos que promovem esse tipo de tratamento. Mesmo assim, muitos ainda permanecem no ar.

O CFO tem recebido denúncias contra profissionais que divulgam ou aplicam a “odontologia biológica” e alerta que eles podem ter o registro cassado.

“Estamos realizando a fiscalização e defendendo a saúde da população, que é também nossa prerrogativa institucional. Estamos coibindo, por meio de punições, profissionais que se autointitulam especialistas em uma área que não existe ou divulgam práticas sem base científica”, afirma Neves.

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