Estados Unidos ainda não informaram se Bolsonaro usou comprovante falso de vacina contra covid-19
Relatório final da PF que aponta indícios de crimes contra o ex-presidente tem diligência pendente
A Polícia Federal (PF) aguarda o envio de resposta de autoridades dos Estados Unidos sobre o uso ou não pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela filha Laura de comprovantes de vacinação contra covid-19, suspeitos de terem sido fraudados.
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A PF concluiu o inquérito que investigava Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do Planalto e outros 15 aliados, entre eles militares da reserva e da ativa.
O relatório da PF entregue ao STF aponta indícios de dois tipos de crimes cometidos por Bolsonaro: associação criminosa e inserção de falsa informação em registro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai decidir se há provas suficientes para processar Bolsonaro na Justiça e pedir sua condenação.
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Esquema
Foi nesse inquérito que Cid acabou preso, em 2023, e fechou acordo de delação com a PF. Ele confessou que registrou a vacinação de Bolsonaro e da filha a pedido do ex-presidente.
No inquérito, a PF mostra que Cid encaminhava o pedido de inserção dos dados falsos para Ailton Gonçalves Barros, militar da reserva e amigo de turma da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e da Artilharia da Brigada Paraquedista.
Na prefeitura de Duque de Caxias (RJ), eles conseguiam registrar falsas vacinações, com ajuda do então secretário de Saúde, João Carlos De Sousa Brecha, no sistema do Ministério da Saúde. Depois, os documentos eram impressos de forma regular. No caso de Bolsonaro, eles teriam sido impressos no Planalto.
Viagem
No dia 30 de dezembro de 2022, Bolsonaro e família viajaram para os Estados Unidos. Ele retornou em março ao Brasil. A PF solicitou informações ao Departamento de Justiça norte-americano, mas não obteve resposta.
O delegado da PF Fábio Alvarez Shor registrou o dado em aberto na investigação como "diligência pendente".
"A investigação aguarda os dados decorrente do Auxilio Jurídico em matéria penal solicitado junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos – DOJ, que podem esclarecer se os investigados fizeram uso dos certificados de vacinação ideologicamente falsos quando da entrada e estadia no território norte-americano, podendo configurar novas condutas ilícitas", apontou.
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Ex-presidente nega
Bolsonaro nega que tenha tomado a vacina e diz que comprovante não foi cobrado em sua viagem aos EUA.
Quando foi alvo da operação Venire, em 2023, que prendeu Cid, Bolsonaro negou também ter adulterado o cartão de vacina. "Nunca me foi pedido cartão para entrar [nos EUA]", disse. "Não existe adulteração da minha parte, não tomei vacina", afirmou no dia das buscas da Venire em sua residência, em Brasília.