PF afirma que falso cartão de vacina de Bolsonaro pode estar ligado a plano de golpe
Certificados falsos de vacinação poderiam ajudar ex-presidente e aliados a sair do país enquanto plano de subverter eleições era executado
Os cartões de vacina falsos pedidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, teriam ligação com um suposto plano de golpe de Estado, segundo a Polícia Federal. A instituição aponta que os documentos permitiriam Bolsonaro e seus aliados sair do país enquanto aguardavam o desenrolar do plano.
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“[A inserção de dados falsos de vacinação] pode ter sido utilizada pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para entrada e permanência no exterior”, afirmou a PF em relatório.
Bolsonaro, aliados e ex-assessores são investigados pela Polícia Federal em cinco eixos diferentes. A falsificação de dados de vacinação faz parte do eixo “uso da estrutura do Estado para a obtenção de vantagens”. Os outros são: ataques virtuais a opositores; ataques às instituições, às urnas eletrônicas, ao processo eleitoral; tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; e ataques às vacinas contra a Covid e medidas sanitárias na pandemia.
O ex-presidente Bolsonaro e outras 16 pessoas foram indiciadas. A Procuradoria-Geral da República, agora, irá avaliar as provas e decidir se vai oferecer denúncia à Justiça.
Depoimento
Em maio de 2023, Bolsonaro deu um depoimento à Polícia Federal, afirmando não acreditar que Mauro Cid teria fraudado seu cartão de vacina e o de sua filha, Laura, à época com 12 anos. Na ocasião, o ex-presidente afirmou que não haveria motivo para tal ação, já que o certificado não era exigido em viagens internacionais.