Entenda como filhos contribuíram para a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro
Decisão de Alexandre de Moraes cita ações de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro nas redes sociais como parte da estratégia para driblar medidas do STF
Paulo Sabbadin
Jair Bolsonaro teve prisão domiciliar decretada nesta segunda-feira (4) após descumprir medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão do ministro Alexandre de Moraes levou em conta diversos atos no último fim de semana, especialmente dos filhos do ex-presidente.
No domingo (3), quando apoiadores de Bolsonaro foram às ruas em protesto, o ex-presidente driblou a proibição de usar as redes sociais ao ser exibido nos perfis de seus filhos e apoiadores.
Em ligação com Flávio Bolsonaro, que participava do ato no Rio de Janeiro, o ex-presidente mandou um recado aos manifestantes: "Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos". A ligação foi publicada no Instagram, mas apagada horas depois.

Na decisão, Moraes afirma que Bolsonaro agiu "ilicitamente" ao produzir "dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça".
Outro filho a contribuir com a prisão do pai foi Carlos Bolsonaro, que usou o Instagram para pedir que seus apoiadores seguissem Jair nas redes sociais, ignorando a restrição imposta pelo STF a ele.
O mais citado na decisão de Moraes é o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos. Para o ministro, o ex-presidente segue o modus operandi do filho ao tentar "interferir ilicitamente no regular curso do processo judicial", resultando em pressão social sobre as autoridades". Eduardo tem defendido junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que as decisões judiciais contra seu pai são arbitrárias.
Em julho, Eduardo publicou um discurso do pai na Câmara dos Deputados, quando ele exibiu sua tornozeleira eletrônica, descumprindo as medidas cautelares impostas pelo STF. A defesa do ex-presidente precisou prestar esclarecimentos.

Além dos filhos, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também contribuiu para o descumprimento das regras impostas a Bolsonaro ao realizar uma chamada de vídeo com o ex-presidente durante as manifestações. Ele participou de ato na Avenida Paulista, em São Paulo.
Para Moraes, Nikolas usou a imagem de Bolsonaro na tentativa de coagir o STF e obstruir a Justiça, mesmo tendo conhecimento das medidas cautelares.
"As condutas de Jair Messias Bolsonaro desrespeitando, deliberadamente, as decisões proferidas por esta Suprema Corte, demonstra a necessidade e adequação de medidas mais gravosas de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu, mesmo com a imposição de medidas cautelares diversas da prisão", concluiu o ministro.