Eleições Municipais 2024: Favorito à reeleição em Maceió, prefeito pode abrir vaga para a mãe no Senado

Alagoas está no centro de históricas rivalidades políticas, hoje encabeçadas pelo senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL) e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Por vezes, os impasses da “república de Alagoas” têm impacto na política federal. Apesar da forte influência dos caciques nacionais, neste ano o pleito na capital Maceió deve ter influência menor das famílias Lira e Calheiros.

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O atual prefeito, João Henrique Caldas (JHC), do PL de Jair Bolsonaro, é o favorito para a reeleição, que pode ser confirmada já no primeiro turno. Apesar da proximidade com Arthur Lira nos últimos anos, JHC rejeitou a lista de candidatos a vice sugerida pelo presidente da Câmara, e terá o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) compondo sua chapa.

O trabalho de JHC na prefeitura chegou a ter 65% de aprovação da população e, segundo levantamento do Paraná Pesquisas divulgado em junho, ele tem 54,4% das intenções de voto. Aparecem na sequência Alfredo Gaspar (União Brasil), com 14,9%; Davi Davino Filho (PP), com 11,8%; Rafael Brito (MDB), com 3,8%; Lobão (Solidariedade), com 2,2%; e Ricardo Barbosa (PT), com 0,9%.

A pesquisa ouviu 680 eleitores em Maceió entre 20 e 25 de junho e tem margem de erro de 3,8 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95% e o levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número 02718/2024.

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Caso confirme a reeleição em outubro, JHC garantirá uma cadeira no Senado para a família Caldas. Sua mãe, Eudócia Caldas, é suplente de Rodrigo Cunha. Com a ida do senador para a vice-prefeitura, Eudócia assumiria uma das cadeiras de Alagoas na Casa.

O nome que deve antagonizar com JHC, porém, ainda depende de um impasse entre PT e MDB. Apesar de estarem atrás dos candidatos de PP e União Brasil, a avaliação é que o apoio do presidente Lula a Ricardo Barbosa (PT) ou a Rafael Brito (MDB) pode alçá-los a um lugar melhor na disputa.

No sábado (20), o PT confirmou a pré-candidatura de Barbosa com Eliane Silva (PSOL) como vice. A chapa recebe apoio de outros partidos de esquerda, como PCdoB, PV (parte da Federação do PT, na Câmara) e Rede.

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No entanto, o senador Renan Calheiros trabalha para fazer com que um nome do PT seja vice da chapa de Rafael Brito (MDB), seu afilhado político. O senador defende que, com Brito na cabeça de chapa e o PT na vice, a candidatura poderia trazer votos de outros candidatos com o discurso de uma frente ampla contra o candidato de Bolsonaro (JHC), reproduzindo as eleições presidenciais de 2022.

Apesar da boa relação entre Renan e Lula, o PT-Maceió resiste e vem bancando a candidatura de Ricardo Barbosa. O presidente do PT local, Marcelo Nascimento, candidato a vereador, admitiu, porém, que a decisão sobre a candidatura petista caberá ao diretório nacional.

“Essa discussão ainda não foi amadurecida na direção municipal do PT", disse. "Ouvimos muitos pontos de vista (sobre o veto à candidatura de Barbosa) [...] se essa for a decisão da direção nacional do PT, vamos acatar. A discussão de vice, o possível apoio ao MDB não está necessariamente atrelado à candidatura do MDB, isso vamos fazer à parte”, disse.

Afundamento do solo

O prefeito eleito de Maceió precisará lidar com a crise ambiental ocorrida pelo afundamento do solo em seis bairros na região do Mutange, onde a petroquímica Braskem extraía sal-gema. Uma das minas no local entrou em colapso em dezembro de 2023. Cerca de 40 mil pessoas precisaram ser realocadas.

De olho na disputa de 2026

As eleições municipais de Maceió têm como pano de fundo as próximas eleições federais. Com a iminente reeleição, JHC se cacifa para disputar o Senado ou o governo do Estado em 2026. Nesse cenário, Rodrigo Cunha assumiria a prefeitura, desejo antigo do senador. Mesmo sem indicar a vice, Lira deve manter o apoio a João Henrique Caldas e vai buscar um acordo para que o atual prefeito busque uma candidatura ao governo de Alagoas em 2026.

Caso JHC resolva concorrer ao Senado, pode atrapalhar os planos de Arthur Lira de concorrer à vaga. Em 2026, os eleitores vão eleger dois senadores por estado, mas Lira disputaria com João Henrique votos do mesmo eleitorado, enquanto Renan Calheiros deverá contar com o apoio do presidente Lula e deverá ser eleito para a outra cadeira.

Principais nomes da disputa em Maceió

Alfredo Gaspar (União Brasil)

Ex-secretário de Segurança de Alagoas e ex-promotor de Justiça, Gaspar tem 53 anos e foi eleito deputado federal em 2022. Em 2020, disputou as eleições municipais contra JHC, mas saiu derrotado no segundo turno em 2020. Apesar de ter sido citado em segundo lugar nas pesquisas, afirmou que não vai disputar as eleições.

Bárbara Braga (PSB)

Não foi citada nas pesquisas, mas teve pré-candidatura confirmada pelo PSB-Maceió. Caso se confirme, será a candidata mais jovem das eleições. Nascida no Ceará, é formada em direito e é atual secretária de Turismo de Alagoas. Também já foi assessora especial no primeiro mandato do governador Paulo Dantas.

Davi Davino Filho (PP)

Citado nas pesquisas, também não tem pré-candidatura confirmada. Tem 26 anos e foi deputado estadual por duas vezes. Disputou vaga ao Senado em 2022 – perdendo para Renan Filho – e a prefeitura de Alagoas, em 2020, quando ficou em terceiro lugar.

JHC (PL)

Advogado, João Henrique Caldas é prefeito de Maceió, eleito em 2020 ao derrotar Alfredo Gaspar no segundo turno, com 58,64% dos votos. Com 37 anos, é considerado jovem na política, mas já pode ser considerado um "camaleão".

Foi eleito pela primeira vez aos 23 anos, em 2010, como deputado estadual pelo Podemos. Na eleição seguinte, foi eleito deputado federal pelo Solidariedade. No PSB, foi reeleito em 2018 e se licenciou do cargo quando venceu as eleições para prefeito, em 2020. No entanto, trocou o partido do campo da centro-esquerda para se filiar ao PL e se aproximar do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem receberá apoio nas eleições em Maceió neste ano.

Lobão (Solidariedade)

Anivaldo Luiz da Silva, ou Lobão, tem 40 anos e é natural de Maceió. Em seu currículo, o pré-candidato à prefeitura da capital alagoana tem trabalhos como cantor, compositor e até como ator pornô. Iniciou a vida política em 2004 pelo PSB, mas se elegeu pela primeira vez somente em 2016, como vereador. Em 2022 assumiu como deputado estadual ao substituir Paulo Dantas, eleito governador.

Rafael Brito (MDB)

Empresário, o deputado federal é afilhado de Renan Calheiros e compôs a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Faz parte da base do governo Lula no Congresso Nacional e busca formar alianças diversas para tentar fazer frente a JHC. Também é presidente do MDB no município e já assumiu cargos no Executivo local, como secretário das seguintes pastas: Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além de ter sido secretário de Educação no governo do estado.

Ricardo Barbosa (PT)

Ricardo Barbosa, 51 anos, também é advogado e natural de Maceió. Atualmente, é presidente do diretório estadual do PT em Alagoas. Foi eleito vereador por duas vezes, mas não conseguiu se eleger deputado federal. Em 2016, disputou as eleições para a prefeitura como vice de Paulão (PT). Nas convenções do PT, no último sábado (20), teve seu nome confirmado como pré-candidato, mas a decisão final caberá ao diretório nacional do Partido dos Trabalhadores. Tem chance de disputar como vice na chapa de Rafael Brito.