Collor preso: relembre trajetória, polêmicas e impeachment do ex-presidente
Alagoano foi o primeiro presidente eleito após a redemocratização do Brasil e se torna o terceiro ex-presidente preso

SBT News
O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25), no aeroporto de Maceió, Alagoas. A prisão obedece à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou, na quinta-feira (24), o cumprimento da sentença proferida em 2023. Naquele ano, Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão por receber milhões em propina entre 2010 e 2014. Essa é apenas uma das muitas polêmicas envolvendo o ex-presidente.
De acordo com o julgamento, o ex-presidente recebeu R$ 20 milhões fruto de contratos irregulares da BR Distribuidora com a UTC Engenharia para a construção de bases de distribuição de combustíveis.
Collor é o terceiro ex-presidente preso desde a redemocratização do Brasil. Antes dele, Luiz Inácio Lula da Silva havia sido preso em 2018 por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2019, Michel Temer foi parar atrás das grades devido a uma investigação de irregularidades nas obras da usina nuclear de Angra 3.
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Trajetória polêmica
Aos 75 anos de idade, Fernando Collor iniciou sua trajetória política muito cedo, vindo de uma família de políticos. Seu pai, Arnon de Mello, matou um colega senador durante sessão no Congresso.
Collor foi o presidente mais jovem do Brasil, aos 40 anos. Antes de ser presidente, havia sido prefeito de Maceió entre 1979 e 1982; deputado federal de 1982 a 1986; e governador de Alagoas de 1987 a 1989. Ele foi o primeiro presidente eleito por voto popular direto após a ditadura militar (1964-1985) pelo nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN).
À frente da Presidência da República, Collor deu início a um programa nacional de desestatização e promoveu a abertura do mercado nacional às importações, medidas que foram aprovadas inicialmente, mas que causaram um processo de desemprego generalizado. Apesar das desconfianças, o que marcou sua gestão foi o chamado Plano Collor, que confiscou a poupança dos brasileiros, em março de 1990, e o Plano Collor II, que incluiu novos congelamentos de preços, em 1991.
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Corrupção
Fernando Collor transmitia a imagem de um presidente jovem e moderno, que renovou as esperanças dos brasileiros no controle da inflação e na melhora da economia. No entanto, além dos planos econômicos polêmicos, uma série de suspeitas abalaram sua permanência no poder.
Em meados de 1991, denúncias de irregularidades começaram a surgir na imprensa, envolvendo pessoas do círculo mais próximo ao presidente. Em 1992, seu irmão, Pedro Collor de Mello, revelou à revista Veja um esquema de corrupção que envolvia o ex-tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, o PC Farias.
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As denúncias levaram a um processo de Impeachment, mas Collor decidiu renunciar à Presidência, em 1992, horas antes de ser condenado pelo Senado por crime de responsabilidade. Ele teve os direitos políticos suspensos por oito anos.
Anos depois, seus algozes tiveram destinos trágicos. Pedro Collor morreu em 19 de dezembro de 1994, vítima de câncer no cérebro. O ex-tesoureiro foi encontrado morto em Maceió ao lado da então namorada, Suzana Marcolino, em 1996.
Retorno à política
Tido como uma figura articulada da política nacional, Fernando Collor de Mello voltou ao cenário em 2006. Ele foi eleito senador por Alagoas com 550 725 votos, pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). Collor ainda se candidatou ao governo algumas vezes, mas foi derrotado. Em 2014, Fernando Collor foi reeleito senador por Alagoas com 689 266 votos, desta vez pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Novas denúncias
Em março de 2015, ainda como senador pelo PTB de Alagoas, Collor foi incluído na lista de 47 políticos investigados pela Operação Lava Jato. No âmbito da Operação Politeia, Collor teve três carros de luxo apreendidos: uma Ferrari, um Porsche e um Lamborghini, que estavam estacionados na Casa da Dinda. Ele era um dos acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.
Em 2017, a Polícia Federal concluiu um dos inquéritos contra o senador e o acusou de corrupção e peculato por ter interferido para que a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, contratasse uma empresa específica. Empresa essa que posteriormente teria repassado recursos ao senador.
No mesmo ano, o STF aceitou a denúncia e o tornou réu pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa. Por unanimidade, os ministros da Segunda Turma acompanharam o voto do relator do caso, Edson Fachin.
Em maio de 2023, o caso foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal e Collor foi condenado por 9 votos a 2, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
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Apesar do recurso, em novembro de 2024, o STF formou maioria para rejeitá-lo e manter a pena de 8 anos e 10 meses de prisão. Por 6 votos a 4, os magistrados decidiram manter a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro tomada em 2023.
Prisão por corrupção e lavagem de dinheiro
Nesta sexta-feira (26), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, Fernando Collor foi detido em Maceió, tornando-se o terceiro ex-presidente do Brasil a ser preso desde a redemocratização.